sábado, 17 de agosto de 2013

NÃO VAMOS PRA CAMA SEM ELE HÁ 25 ANOS

Roberto Carlos foi enrevistado por Jô no SBT
apenas uma vez
Nesta semana, um importante entrevistador comemorou seu jubileu de prata. Jô Soares completou, na última sexta, 25 anos a frente de um talk show. Não era sua primeira experiência com entrevistas na TV. Poliglota, Jô era sempre convocado para ser o interprete das entrevistas internacionais do programa "Hebe", ainda na TV Record, nos anos 1960. Já na emissora de Roberto Marinho, tentou realizar seu sonho do programa de entrevistas através do "Globo Gente", de 1973. Mas não durou nem um ano.

Em 1987, o humorista que comandava com sucesso o programa "Viva o Gordo", queria ter seu talk show, porém a direção do Jardim Botânico não lhe abria espaço para esta atração. Nesta época, o SBT estava em franco crescimento em audiência, e buscava qualificar sua programação, tida pelas agências como "popularesca". Silvio fez a proposta: além de um programa de humor, Jô realizaria seu grande sonho na TVS. O "gordo" não teve dúvidas, se mudou rapidamente para o canal 4 paulistano e, em 16 de agosto de 1988 estreava "Jô Soares Onze e Meia".

A princípio, o apresentador imaginava a atração semanal. Silvio Santos não. O dono da emissora disse que para o programa "pegar" teria que ser diário. E assim se fez. O formato era baseado nos grandes talk show dos Estados Unidos, como o "The Tonight Show". "Jô Soares Onze e Meia" nasceu num momento em que a inteligência de Jô Soares, aliada ao seu bom humor, foram fundamentais tanto para atrair a audiência qualificada que o SBT precisava, quanto para esclarecer o povo sobre os novos rumos que o Brasil estava tomando.

Entrevistas Marcantes

Babi foi escolhida para ocupar o horário do
"Onze e Meia" a partir de 2000
Muitas importantes entrevistas foram realizadas, como com o presidenciável Fernando Collor de Mello (que irritou Jô por só responder as perguntas olhando para a câmera, como num programa político), e também com muitos parlamentares de Brasília, quando estourou o escândalo do esquema PC Farias, e a queda de Collor. Uma das primeiras entrevistas de Xuxa fora da Globo foi com Jô. A última de Raul Seixas também aconteceu lá.

Mas o talk show não ficou só no Brasil. Jô e sua equipe foram até os Estados Unidos em 1994, e de lá comandaram o "Jô na Copa", a única experiência deste tipo na carreira do entrevistador. Aliás, a equipe do programa era um show à parte. O "Quinteto Onze e Meia" era o grande apoio da face humorística das entrevistas. Destaque para o saxofonista Derico (o assessor para assuntos aleatórios) e o baixista Bira, com sua risada inconfundível.

Foram ao todo 6927 entrevistas, que foram de Ayrton Senna e Pelé a Tiririca e a gata da Banheira do Gugu, Luíza Ambiel, além de muitas figuras anônimas , mas curiosas. Após 2309 edições, em 31 de dezembro de 1999, Jô Soares encerra seu ciclo no SBT e retorna para a Globo, com seu talk show mais que consagrado pelo público, com o nome de "Programa do Jô", onde permanece até hoje. Para comemorar a data, a Globo Marcas, numa parceria inédita com a emissora de Silvio Santos, anunciou que neste ano vai lançar um DVD com as melhores entrevistas realizadas pelo apresentador nestes 25 anos. É aguardar.

Curiosidades:

  • Apesar do nome, o programa nunca começou pontualmente às 23:30h, devido às constantes mudanças de horário da programação, a não ser na edição de aniversário de 10 anos, em 1998;
  • O antigo "Quinteto", hoje "Sexteto", era formado basicamente por músicos da orquestra do SBT. Bira, por exemplo, trabalhava com Silvio Santos há mais de 20 anos;
  • "Jô Soares Onze e Meia" iniciou sendo gravado nos estúdios da Vila Guilherme. No começo da década de 1990 foi transferido para os estúdios do Sumaré, e em 1996 passou ser produzido no estúdio 2 do Complexo Anhanguera;
  • Assim como Marília Gabriela, a única celebridade que Jô não conseguiu entrevistar foi Silvio Santos. O dono do SBT sempre foi avesso a entrevistas. Mas o primeiro convidado do "Programa do Jô" na nova casa foi o jornalista Roberto Marinho, presidente das Organizações Globo;
  • O garçom chileno Alex começou no programa em 1991. Em entrevista ao site "Vírgula", ele revela o que Jô Soares bebe na famosa caneca, uma marca registrada do programa. "Semana passada ele tomou um pouco de água, mas ele já tomou até uma sopinha naquela caneca, mas, geralmente, ele toma refrigerante diet", contou Alex;
  • O programa recebeu nove estatuetas do "Troféu Imprensa" como Melhor Programa de Entrevistas da TV (de 1989 a 1996 e no ano 2000).
Não dá pra selecionar uma entrevista dentre as milhares realizadas. Mas a abertura e um trechinho de uma entrevista com o palhaço Torresmo, em 1988, é sempre possível. Agradecimentos: fitasjoia, ajcomenta e rodadosfamosos.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

CRÍTICA - O "SHOW DA VIDA" DEVE RECOMEÇAR AOS 40

Isadora Ribeiro na famosa abertura do "Fantástico" de 1987
No último dia 5 de agosto o "Fantástico" completou quatro décadas no ar, pela Rede Globo de Televisão. Quando nasceu, em 1973, era uma novidade, um formato novo, nunca antes visto em nossas telinhas. A ideia surgiu quando nem se cogitava em tratá-lo como "revista eletrônica".

O programa surgiu a partir do casamento das centrais Globo de produção e jornalismo. Era a primeira vez que uma atração reunia reportagens com humor e números musicais. O "Show da Vida" estreou às 20h, logo após o "Programa Silvio Santos", substituindo o lacrimoso "Só o Amor Constroi". Muitos atores importantes da emissora apresentaram a revista, assim como os locutores noticiaristas e jornalistas ficavam com as reportagens e as informações do fim de semana.

A fórmula parecia ideal para um programa de TV: reunir tudo o que o povo gosta numa embalagem moderna e sofisticada. "Fantástico" inovou em uma série de coisas: introduziu o video-clipe, além dos shows exclusivos, gravados no teatro Fênix, padronizou a grande reportagem para TV, serviu de laboratório para muitos programas e humoristas, além de trazer para o Brasil muitas produções internacionais de sucesso, como algumas séries dos canais "National Geographic" e "Discovery Channel".

Durante muitos anos o dominical não teve concorrência com outros programas semelhantes. Na maior parte das vezes, seus concorrentes eram programas de auditório, como Flávio Cavalcanti e Silvio Santos, e debates esportivos. Somente depois de dez anos de vida, surgiu uma atração que se assemelhava a ele. O "Programa de Domingo" estreou na Rede Manchete em 1983, e ficou no ar até 1998, quase apagando as luzes junto com a emissora, que fechou no ano seguinte.

Seu atual concorrente foi lançado quando o "Fantástico" atingia os 21 anos. O "Domingo Espetacular" (2004) da Record nasceu para antecipar o que seria notícia à noite na Globo. A emissora da Barra Funda por muito tempo preferiu evitar o confronto direto, mas em 2010 foi à luta, e passou a incomodar a líder. Com reportagens mais longas, investindo em temas de apelo popular como celebridades e matérias policiais, a emissora de Edir Macedo consegue, a cada domingo, chamar a atenção do público, antes toda voltada para o "Show da Vida".

Há um ditado que diz que a vida começa aos 40. Pois é, o "Fantástico" precisa se renovar. Isso não é uma tarefa das mais difíceis, já que também é uma característica do programa. A urgência do momento se deve pela concorrência. Diferente do "Programa de Domingo", voltado para as classes A e B, a revista eletrônica do canal 7 paulistano conseguiu encontrar um público cativo, que garante médias acima dos dois dígitos no IBOPE. O "Domingo Espetacular" se tornou uma opção de jornalismo ao "Show da Vida". É bom deixar claro que sua liderança continua inalterada. Embora tenha sofrido com a "Casa dos Artistas"(SBT) em 2001, as quedas foram muito pontuais. Mas os índices continuam caindo ano após ano.

Neste aniversário de 40 anos, é claro que há mais para celebrar do que para lamentar. O dominical estabeleceu um padrão para as revistas eletrônicas na TV. Com ou sem bancada, com ou sem jornalistas, com ou sem música, com ou sem humor, "da idade da pedra ao homem de plástico", a atração virou uma tradição da família brasileira no final de semana. Um hábito "Fantástico".

Veja abaixo um clipe com os principais momentos do programa. Agradecimentos: LRFMaester e Extra.


quinta-feira, 25 de julho de 2013

ESPECIAL RECORD 60 - "LUGAR DE CRIANÇA É NA RECORD"

Waldemar Seyssel (1905-2005), o Arrelia formou-se em Direito
Se hoje a programação infantil da Record limita-se a exibição da série "Todo Mundo Odeia o Cris" e o desenho "Pica Pau", a grande aniversariante da TV brasileira deste ano já teve muitos clássicos programas que animaram a garotada!

Um dos primeiros foi o "Cirquinho do Arrelia" (1955-1966), um dos maiores sucessos, e mais lembrados, do canal 7. Mas o moderno também tinha espaço, e um super-heroi brasileiro foi criado na emissora. O "Capitão 7"(1954-1966), com Ayres Campos e Idalina de Oliveira, viveu diversas aventuras, combatendo o mal ao vivo, contando com a torcida de seus fieis telespectadores mirins.

A molecada também contou com programas de auditório inesquecíveis, como "Pullman Jr.", com Cidinha Campos e Durval de Souza (1953-1969) e "Grande Gincana Kibon" com Vicente Leporace e Clarisse Amaral (1955-1971), uma espécie de avô do "Ídolos Kids". Com a chegada de Silvio Santos à Record, em 1977, os pequenos também contavam com alguns programas do homem do Baú dedicados a eles, como "Domingo no Parque".

Mas esta não foi a única influência do futuro dono do SBT na programação infantil. Poucos se lembram, mas o Bozo estreou em telinhas brasucas na Record, em 1980. Pegando embalo na onda de Xuxa na Globo, a emissora lançou o "Pintando o 7"(1988) com Andréa Veiga, a primeira paquita. Gugu Liberato também foi o responsável por uma atração para crianças. "Casa Mágica" com Alan Frank (do grupo Polegar) e Silvinha (ex-assistente de palco do "Viva a Noite"), realizada com auxílio do apresentador, estreou na década de 1990 no canal 7.

Parques, Mundos e Vilas das crianças

Eliana apresentou infantis na Record por 7 anos
Quando Edir Macedo comprou a empresa, muitos foram os investimentos realizado neste setor da programação. Por lá passaram Gerson de Abreu, o "Agente G"(1995-2000), Mariane e a "Tarde Criança" (1995-1996), Mara Maravilha com "Mara Maravilha Show"(1995) e "Mundo Maravilha"(1997), e a Vovó Mafalda vivida por Valentino Guzzo com os "Desenhos da Vovó"(1997).

Mas quem deixou uma grande marca na emissora foi a apresentadora Eliana. Contratada em 1998 para apresentar o "Eliana e Alegria", a "miss dedinhos" seguiu levando educação e diversão para a garotada, mas inovou ao conduzir o programa diariamente ao vivo, realizando inumeras brincadeiras fora do estúdio, e com apenas um desenho animado: "Pokemón". A loirinha também apresentou "Eliana no Parque"(1999), "Eliana na Fábrica Maluca"(2001) e o infanto-juvenil "Eliana"(2004), antes de migrar para o público adulto.

A emissora também apostou em propostas educativas como o "Vila Esperança" (1998) ou de puro entretenimento como o "Programa da Hora" (1999), com a cantora mirim Thaís Pina, lembra dela? A sessão "Record Kids", que exibe atualmente o único desenho da casa, já foi chamada de "Domingo Alegria". Mas a tendência de mercado, que deixa os programas infantis para a TV paga, reduziu a quase zero a produção de atrações deste gênero, não só na Barra Funda como em quase todas as emissoras. Porém fica a saudade e o carinho por estes profissionais e seus inesquecíveis programas.

Curiosidades:
  • O slogan que serve de título para este especial foi usado pela primeira vez em 1995, quando a programação infantil estava em alta no canal;
  • Atual coringa da emissora, o "Pica Pau" é exibido desde 2006. Mas não é a primeira vez que o pássaro criado por Walter Lantz passa pelo canal 7. O primeiro pouso na Record aconteceu na década de 1960, ainda em preto e branco.  

Vamos conferir três atrações infantis da Record: uma homenagem ao Arrelia, um trecho do "Agente G" e a estreia de "Eliana & Alegria". Agradecimentos: primeboxbrazil.tv.br, musicasinfantis80.xpg.com.br, Rubens Faria Gonçalves, z80s e Blog Eliana & Diego.








segunda-feira, 22 de julho de 2013

A MANIA DA EXCELSIOR FAZ 50 ANOS

Anúncio de uma das primeiras novelas a
utilizar o vídeo tape (VT)
Parece que foi ontem, mas a telenovela diária brasileira completa hoje 50 anos. Uma verdadeira mania nacional, a primeira trama a realizar tamanha ousadia para a época foi "2-5499 Ocupado", exibida pela TV Excelsior a partir de 22 de julho de 1963, às 19:30h.

Um engano telefônico foi o pontapé inicial de uma história simples, porém envolvente. Uma presidiária, Emily (Glória Menezes), vai trabalhar como telefonista na cadeia onde cumpre pena, graças a seu bom comportamento. Na primeira ligação, ela conhece Larry (Tarcísio Meira), um importante advogado, ao discar um número de telefone errado. Mas as vozes encantam mutuamente e aí começa a trama amorosa.

Entre outras estrelas, participaram dessa aventura do antigo canal 9 paulistano os atores Gilberto Salvio, Lolita Rodrigues, Neuza Amaral, Maria Aparecida Alves e Lídia Costa.

Essa novela tem vários marcos para a história da teledramaturgia. Até 1963 era comum as novelas serem apresentadas duas ou três vezes por semana. Mas a Excelsior percebeu que para essa produção ganhar o gosto do público era preciso fidelizar o telespectador, apresentando capítulos diários. Esta decisão foi tomada dias depois da estreia.

O par romantico favorito dos brasileiros

Depois desta novela, o casal seria escalado em várias
novelas da Rede Globo
Embora tivessem gravadas cenas em cadeias reais, muitas imagens "externas" foram realizadas em estúdio, com direito a vento, chuva e tudo!!! A trama também consagrou Tarcísio e Glória como o grande casal das novelas brasileiras. Como a maioria das novelas daquela época, "2-5499 Ocupado" foi  realizada em parceria com a "Grande Novela Colgate".

Hoje, cinco décadas depois, a telenovela passou por várias transformações, e ganhou diversos formatos. Porém o passar do tempo não diminuiu o interesse e a repercussão que essas histórias tem em nossa sociedade. Boas ou ruins, polêmicas ou singelas, curtas ou compridas, a verdade é que o gênero não passa despercebido pelo público, sendo o único a fazer a diferença na audiência de uma emissora.

Ah, e claro que a presidiária e o advogado, após enfrentarem muitos conflitos, ficaram juntos no final!!!

Curiosidades:

  • "2-5499 Ocupado" foi apresentada em todo o Brasil, e causou um tremendo problema para um gaúcho. O número de seu telefone era o mesmo que era título da novela. Várias pessoas ligavam para este número para saber se existia de verdade! O dono desta linha teve que mudar de telefone.
  • O texto original era do argentino Alberto Migré, e foi adaptado por Dulce Santucci. A TV Record, através da produtora JPO, realizou o remake desta trama. "Louca Paixão", com Maurício Mattar e Karina Barum foi ao ar em 1999.
Vamos rever o remake de "2-5499 Ocupado", já que não existem na internet imagens da primeira versão. Você assiste a abertura de "Louca Paixão" e a cena da ligação errada. Agradecimentos: Blog do Curioso, M de Mulher, rederaiuga e Célia Ferreira.




quarta-feira, 17 de julho de 2013

CRÍTICA: O REAL VALOR DE CHIQUITITAS

A autora Íris Abravanel: "Quero gerar empregos"
No último dia 15 de julho, mês de férias escolares, estreou a segunda adaptação infantil de Íris Abravanel no SBT. "Chiquititas", sucesso no final da década de 1990, conseguiu superar a média do mesmo período de sua antecessora "Carrossel", também adaptada pela esposa de Silvio Santos e que ainda está no ar. Manter as duas novelas no ar por algum tempo é uma estratégia para que os órfãos das aventuras da turma da professora Helena se acostumem com as travessuras dos órfãos do "Raio de Luz". Ponto para o SBT.

Porém o grande valor de "Chiquititas" não está somente na audiência e nos lucros com os futuros CDs, DVDs e uma infinidade de produtos licenciados. A importância desta produção está na manutenção de um público que não tinha mais o que assistir na TV, desde a estreia da nova versão da mexicana "Carrusel".

Os investimentos aumentaram. É visível aos olhos dos telespectadores o capricho que a equipe da emissora teve com cenários, figurinos, iluminação e seleção de atores, especialmente o elenco infanto-juvenil. E isso também é mérito do consagrado diretor Reynaldo Boury, experiente no ramo e responsável por diversos sucessos em sua extensa lista de novelas.

Se "Chiquititas" der tão certo quanto "Carrossel", será mais um mercado de trabalho aberto para um número grande de profissionais paulistas que poderiam estar desempregados. São roteiristas, iluminadores, técnicos, câmeras, assistentes de estúdio, figurinistas, continuístas, maquiadores, cenógrafos e muito mais, trabalhando, movendo a economia.

Num mercado que já é fechado e concorrido, com a Globo no Rio, a Record reduzindo custos e Band desistindo de dramaturgia, é uma grande alegria para os profissionais da área ouvir a autora Íris Abravanel declarar, em entrevista concedida a Marília Gabriela, que seu principal objetivo é gerar empregos.

Como profissional de comunicação, minha torcida para que a novelinha seja um sucesso vai além da disputa pela vice-liderança no IBOPE. Só será possível medir o quanto o público realmente gostou da trama após o fim do folhetim da "Escola Mundial", embora a emissora tenha feito a lição de casa quanto à estratégia de divulgação, exibição, além do cuidado com o produto. Torço, acima de tudo, para que o SBT consiga firmar novamente na capital paulista, uma central de produção de novelas, coisa que deixou de existir com o fechamento da TV Tupi em 1980.

Confira a nova abertura de "Chiquititas". Agradecimentos: Quem Acontece e SBTonline.



quarta-feira, 3 de julho de 2013

EXCLUSIVO - TOP10 - VALE A PENA VER DE NOVO... AS MEXICANAS

Thalía, em "Maria do Bairro"
Fã do SBT que se preze, curte um bom dramalhão mexicano. A emissora importou da maior produtora de novelas em língua espanhola, a Televisa do México, inesquecíveis novelas. Essas tramas conquistaram o público de uma maneira tão arrebatadora, que algumas delas voltaram para a TV de Silvio Santos algumas vezes.

Pensando nisso, o Loucura preparou um Top10 das novelas latinas mais exibidas por aqui. Apenas para esclarecer, o critério de desempate para a escolha de alguns folhetins foi a data da última reapresentação. Prepare a caixa de lenços e divirta-se!!!


domingo, 30 de junho de 2013

ALÔ TEREZINHAAAA!!! ERA UM BARATO VER O CHACRINHA

O Velho Guerreiro comandou seus programas por quase
30 anos
Como o tempo passa... Parece que foi ontem, mas já fazem 25 anos que Chacrinha partiu para o andar de cima. Ninguém mais ouve chamar pela Terezinha sem sentir uma saudade, que vem acompanhada de uma alegria, de um sorriso.

José Abelardo Barbosa de Medeiros nasceu em Surubim-PE, em 30 de setembro de 1917. Ali, no calor nordestino se formou um dos maiores comunicadores que a nossa TV já teve. O jovem Abelardo soube captar como ninguém a essência do povo brasileiro. Seus programas tinham tudo o que o brasileiro gosta: festa, música, dança, mulheres, barulho, gozação, riso, confusão...

Aliás, o faro para saber se uma música, um conjunto ou um cantor faria ou não sucesso, vem da sua própria raiz musical. Chacrinha foi baterista de um banda na juventude, antes de estudar medicina. Mas para entrar no curso, Abelardo adotou um estranho método de estudo, porém lógico: ao se preparar para o vestibular, o jovem se trancava no quarto de cueca, e entregava todas as roupas para a mãe. Assim não poderia pensar em sair de casa, teria que meter a cara nos livros! Depois que ingressou na faculdade, viu que não conseguiria operar nenhuma pessoa, por não suportar ver sangue, e seguiu como músico.

Seu primeiro contato com o rádio aconteceu em 1937, na Rádio Clube de Pernambuco. Mas não seria o único. Após deixar a medicina, queria viajar com o Bando Acadêmico para a Europa, porém nesta época estourou a Segunda Grande Guerra, e a turma voltou para o Brasil, sem nem pisar no velho continente. Abelardo veio para o Rio de Janeiro, capital federal de então, e se fascinou o mundo maravilhoso do rádio. Logo conseguiu emprego como locutor.

O Rancho, a Buzina e a Discoteca

A primeira fantasia foi a de "disk-jóquei", com o disco de
telefone e o boné de um jóquei
Seu primeiro programa foi o carnavalesco "Rei Momo na Chacrinha". Abelardo passou a ser conhecido então como "o louco da chacrinha", que na verdade era uma pequena chácara onde ficava o estúdio da rádio. Com o passar do tempo, o apelido virou nome artístico. Nos anos 1950 criou o "Cassino do Chacrinha", onde construía através de vários sons diferentes um cassino real nas casas dos ouvintes. Várias vezes vinham pessoas visitar o local onde era o tal cassino e encontrava Abelardo de cueca, o operador de áudio e várias bugingangas usadas para os efeitos sonoros.

A TV veio na vida de Chacrinha em 1956. "Rancho Alegre" foi o primeiro programa comandado na TV Tupi. E nunca mais parou. Seus dois programas de maior sucesso, a "Buzina do Chacrinha" e a "Discoteca do Chacrinha" passaram pelas TVs Rio, Record, Excelsior, Bandeirantes e Globo. Como no começo não existia rede, o animador apresentava dois programas no Rio e dois em São Paulo, tudo ao vivo. Isso sem contar os shows que realizava ao lado de suas inseparáveis e inesquecíveis Chacretes. As dançarinas viraram referência na telinha, por sua beleza e sensualidade.

Chacrinha era um sujeito de personalidade forte. Sua história com a TV Globo mostra bem isso. Quando o diretor José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, chegou em 1967, ele já estava lá e era responsável pelos maiores índices da emissora. O canal estava no vermelho e ele, Dercy Gonçalves, Silvio Santos e Jacinto Figueira Jr. (O Homem do Sapato Branco) garantiam o IBOPE. Os dois bateram de frente muitas vezes. Em uma ocasião, ao fazer um concurso de cachorros com maior número de pulgas deixou a sede da Globo repleta desses parasitas, e a vizinhança também. Nem Roberto Marinho entrava lá.

Descobridor de talentos 

Roberto Carlos foi lançado no Rio e em São Paulo no quadro
"Cantor Mascarado"
O apresentador sempre estourava o horário de sua atração. Numa noite, Boni Já farto com a situação e já tendo conversado com o animador, mandou pessoalmente tirar o programa do ar, estourado em cinco minutos. Foi a gota d'água. Chacrinha saiu da Globo, não apenas por isso. A emissora já estava começando a implementar o famoso "Padrão Globo de Qualidade" e, naquela época, as atrações do programa eram de baixa qualidade, popularescas. Mas Boni nunca deixou de admirar o "Velho Guerreiro".

A volta para a emissora do Jardim Botânico aconteceu por intermédio de Florinda Barbosa, esposa de Chacrinha. Ela promoveu um encontro entre o diretor da Globo e o animador, e selaram o momento com a criação do "Cassino do Chacrinha", nos sábados globais. Foram mais seis anos de insuperável sucesso e audiência, que até hoje nenhum outro programa, seja da Globo ou não, jamais atingiu. Como ele mesmo definia, "uma bagunça organizada".

A lista de nomes de cantores que passaram por aquele palco, ou que começaram lá, é muito grande. De Gretchen a Roberto Carlos, de Chiclete com Banana aos Titãs, de Fábio Júnior a Nelson Ned, tudo o que era ou poderia ser sucesso estava no "Cassino", na "Discoteca" ou na "Buzina". Aliás, falando em "Buzina", Chacrinha também trouxe para a TV grandes talentos como jurados de calouros. O maestro Edson Santana, Elke Maravilha e Pedro de Lara são os mais famosos.

O "Papa" da comunicação

As famosas chacretes já foram chamadas de "TVzinhas" e
"Vitaminas"
A frase "na TV nada se cria, tudo se copia", criada por Abelardo Barbosa, não se aplica a ele. Seu estilo segue com único e inimitável, tamanha originalidade. Saiu da vida e entrou para a história. Jô Soares declarou em 2000 que a televisão alemã veio gravar o programa para tentar entender e explicar o fenômeno de comunicação que era o "Velho Guerreiro".

Hoje 25 anos depois, temos a oportunidade de rever, seja pelo canal a cabo Viva, seja pela internet, imagens preciosas de divertidos momentos da nossa TV, onde uma platéia delirava com bacalhaus, pepinos, e outras delícias. Os vídeos na web permitem que as novas gerações conheçam quem foi o animador que se comunicava, e não se trumbicava. Roda, roda, roda e avisa à Terezinha: como faz falta o "Cassino do Chacrinha".

Curiosidade:

  • A famosa "Terezinha" nunca existiu. Na verdade ela substituiu um merchandising que o apresentador fazia no começo da carreira: a água sanitária Clarinha. Chacrinha brincava com o nome deste patrocinador com seu auditório, mas o anunciante saiu do programa, e o bordão já tinha caído no gosto do povo. Então, o animador trocou a Clarinha pela inesquecível Terezinha;
  • O apelido "Velho Guerreiro" foi dado por Gilberto Gil, na canção "Aquele Abraço".
Vamos curtir os melhores momentos dos musicais do "Cassino do Chacrinha". Agradecimentos: microfone.jor.br, mundoonlineaqui.blogspot.com, radioemrevista.com, MegaMarina2 e Divulgação/TV Globo.


quinta-feira, 27 de junho de 2013

ESPECIAL RECORD 60 - NOTÍCIAS E BATE BOLA DO 7

Adriana Araújo e Celso Freitas na bancada do "JR"
Nos últimos dias, jornalismo e esporte nunca estiveram tão em evidência na TV. E esses dois pilares de uma programação de TV estão presentes também na história da TV Record, que completa 60 anos em setembro deste ano.

Desde sua inauguração, em 1953, a informação sempre teve espaço garantido no canal 7. A base principal de sua grade sempre foram os noticiosos, que com o passar dos anos ganharam cada vez mais espaço. Um dos primeiros telejornais foi o "Mappin Movietone", que tinha apenas um locutor lendo as notícias diante de uma câmera de TV. Como a maioria dos programas da época, era comum as atrações serem totalmente produzidas por algumas agências de propaganda. Por isso este jornal levava o nome da grande loja de departamentos de São Paulo, na época.

A emissora também contou com a ilustre presença do "Repórter Esso" nos anos 1960. Mas, rendendo-se ao formato vitorioso do "Jornal Nacional" na Globo, nasceu o "Jornal da REI", a Rede de Emissoras Independentes. A cadeia era liderada pela Record e, mais tarde, pela TVS-Rio. O noticiário não durou muito, e foi substituído pelo "Jornal da Record"(1972), que está no ar até hoje, como o carro-chefe do jornalismo da emissora.

Grandes jornalistas passaram pela casa: Ferreira Netto, Maria Lydia Flandoli, Carlos Bianchini, Adriana de Castro, Carlos Oliveira, Chico Pinheiro, Sílvia Poppovic, Celso Ming, Paulo Markun e Ricardo Carvalho. Para atrair anunciantes e trazer mais credibilidade, Boris Casoy também fez parte do time.

O povo na TV

Ney Gonçalves Dias ficou no "Cidade Alerta" de 1995 a 1997
Mas o forte da emissora é chamado jornalismo popular. "Cidade Alerta" sempre mostrou a violência das ruas e as necessidades do povo. O informativo estreou com Ney Gonçalves Dias em 1995, e por lá já passaram João Leite Netto, Gilberto Barros, José Luis Datena, Oscar Roberto Goddoy, Milton Neves, Reinaldo Gottino e Marcelo Rezende.

O jornalismo local esteve presente na Record através do "Informe Praça", do início dos anos 1990, "Praça no Ar"(2001) e "Praça Record"(2006), nos anos 2000. Hoje o grande sucesso local da casa é o "Balanço Geral"(2007), que possui sua edição municipal em cada cidade onde há uma afiliada da rede.

As grandes reportagens também ganharam espaço quando Edir Macedo assumiu o controle do canal. "Repórter Record"(1995) e "Câmera Record"(2008) foram comandados por Goulart de Andrade, Celso Freitas, Marcos Hummel, Marcelo Rezende e Roberto Cabrini. Atualmente as grandes referências do jornalismo da casa são o matinal "Fala Brasil"(1998) e "Domingo Espetacular"(2005).

O jornalismo tem uma importância tão grande no negócio da Record que, em 2007 foi lançada a Record News, o canal de notícias 24h do grupo, totalmente gratuito. Nesta emissora, é possível ver produções próprias, a reapresentação de programas da Rede Record, além de ser um braço importante na cobertura esportiva dos jogos comprados com exclusividade.

A força do esporte

Imagem do "Desafio ao Galo, torneio de futebol famoso nos
anos 1980, transmitido aos domingos pelo canal 7
Contudo, uma das marcas dos primeiros 20 anos do canal 7 foi o esporte. E não é pra menos. A emissora foi pioneira nas transmissões de futebol. A partida entre Santos e Palmeiras foi a primeira transmissão externa de um jogo, em 1955. No ano seguinte, mais uma inovação: a Record transmitiu o Grande Prêmio Brasil ao vivo, direto do Rio para São Paulo. Uma loucura, pois não existia a rede de transmissão para emissoras de televisão.

A TV do "Marechal da Vitória", como ficou conhecido o fundador Paulo Machado de Carvalho pelas campanhas do Brasil nas Copas de 1958 e 1962 era imbatível na área esportiva. Um dos primeiros programas de debate sobre futebol nasceu na Record. "Mesa Redonda" era apresentado por Geraldo José de Almeida e Raul Tabajara, no ano seguinte a inauguração. Por muitos anos, a estação conquistou altos índices de audiência exibindo as partidas dos times paulistas. Tanto que foi acusada de esvaziar os estádios, e em meados dos anos 1960 foi proibida, junto com outros canais, de transmitir os jogos.

Não tinha jeito! Assistir ao esporte bretão no conforto do seu lar virou mania nacional. Pela Record então, era quase uma obrigação. A emissora é a única que viu as cinco vitórias da seleção brasileira, em Copas do Mundo. Em 1958 na Suíça e em 1962 no Chile em filme. Já em 1970, como integrante da REI, a Record transmitiu o tricampeonato ao vivo, direto do México, num pool que reunia a também a Rede Tupi e a Rede Globo.

Já nos anos 1970, Silvio Luíz passa a integrar o time do canal 7 com os programas "De Olho no Lance"(1977) e "Clube dos Esportistas"(1982). A partir desta época, até meado dos anos 1990, as transmissões esportivas foram diminuindo. Algumas modalidades como Vôlei e Basquete ganharam destaque.

Datena, Indy e exclusividades olímpicas

Mylena Ciribelli comandou de Londres a cobertura exclusiva
da Olimpíada de 2012
A nova força do esporte surgiu em 1995, quando a emissora passou a transmitir os campeonatos paulista e carioca. Nesta época surgiu o "Com a Bola Toda", que trouxe José Luíz Datena da Band. No ano seguinte, a Record conseguiu transmitir, juntamente com Globo, SBT e Bandeirantes, os Jogos Olímpicos de Atlanta-EUA. Em 1998, numa polêmica envolvendo a compra dos direitos de transmissão, a rede ficou de fora da Copa da França.

O automobilismo não poderia faltar, já que a Fórmula Indy esteve lá em 2001, por duas temporadas. No mesmo ano, Milton Neves chegou para comandar "Debate Bola" e "Terceiro Tempo". Porém o grande salto aconteceu com a compra da exclusividade dos direitos de exibição dos Jogos Olímpicos de Inverno (Vancouver-2010), a Olimpíada de Londres (2012) e os Jogos PanAmericanos de Guadalajara (2011), sem contar que em TV aberta já está garantido pela emissora o Pan de Toronto em 2015. Desde quando a emissora de Roberto Marinho atingiu a liderança, nunca a Rede Globo deixou de exibir uma olimpíada.

Curiosidades

Murilo Antunes Alves trabalhou 63 anos na TV Record
Neste capítulo deste mês, merece destaque o jornalista que mais tempo trabalhou na Record: Murilo Antunes Alves. Formado em Direito, iniciou sua carreira ainda na Rádio Record, em 1947. Foi um dos elementos da emissora convocados para implementar a caçula da organização, o canal 7, em 1953. E nunca mais se afastou dela. Em 1973 estreou o jornal "Record em Notícias", ao lado de Hélio Ansaldo, que ficou no ar por 23 anos. Mesmo sem aparecer no vídeo, Murilo atuou na produção dos jornalísticos da estação até 2010, quando faleceu aos 91 anos.

O "Record em Notícias" era conhecido como "Jornal da Tosse", já que sempre um de seus comentaristas tossia frente às câmeras, além da idade avançada de todos os participantes.

Vamos conferir algumas imagens dos bastidores do jornalismo atual da emissora, a inauguração da Record News e a estrutura montada pela rede em Londres. Agradecimentos: historiasdopari.wordpress.com, ribeiro111, aprovacaotv, Lucas Maester e Divulgação/TV Record.









quarta-feira, 19 de junho de 2013

CRÍTICA - UM DESABAFO, PARA NÃO SER INDIFERENTE

Ninguém da equipe se feriu
Fonte: UOL
Não dá pra ficar alheio à onde de manifestações que tomaram conta do Brasil desde a semana passada. Especialmente porque o alvo de alguns se tornou a televisão. Como todos sabem, milhares de pessoas foram às ruas em várias capitais e grandes cidades brasileiras protestar contra o aumento das tarifas de transporte público. A reação violenta da polícia em São Paulo foi a gota d'água para eclodir um super movimento contra uma série de abusos dos governos estaduais e federal. Os valores astronômicos gastos com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014 são um dos motivos da revolta da população.

Não vou fazer a defesa da TV, já que teve emissora, na semana passada, tratando os manifestantes como vândalos. Somente após o apoio retumbante da população à causa e aos protestos pacíficos, que a postura dos grandes canais mudou, e passou a fazer a cobertura do movimento, até com mais intensidade. Sem contar que, para boa parte do público, algumas históricas omissões televisivas jamais foram esquecidas. O povo não é bobo!

Mas como jornalista, não posso ficar calado diante do vandalismo praticado ontem (18/06) contra uma equipe da TV Record, diante da sede da prefeitura de São Paulo. Um pequeno grupo de marginais (sim, pois é assim que se chama quem pratica crimes como este) atirou pedras e ateou fogo em uma UMJ (Unidade Móvel de Jornalismo). Uma outra jornalista da TV Bandeirantes foi agredida no mesmo local. Um carro do SBT foi pichado. Isso sem contar as agressões a repórteres e fotógrafos, praticados na última semana.

A imprensa se rendeu aos manifestantes, quando viu que suas reivindicações eram justas e mais do que corretas. Seu papel é registrar o fato, e quem não gostar da linha editorial deste ou daquele veículo, vá para a internet. O que não pode é impedir os órgãos de imprensa de trabalhar e atacar jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, que são tão trabalhadores quanto os manifestantes. Assistindo a uma das inúmeras reportagens durante os protestos, vi um repórter abordar um participante que se recusou a falar com o jornalista. Simples assim. É um direito dele. Essa é uma postura civilizada.

Claro que não é possível generalizar. A grande maioria das pessoas que foram lutar pelos direitos de todos, foram pacificamente. O que não pode é deixar que atitudes estúpidas de pequenos grupelhos manchem um movimento que já entrou para a história. E as ações que me refiro não são apenas as agressões às equipes de televisão, mas pelo vandalismo e os saques.

Este é um momento histórico em que, como dizem nas ruas, o gigante acordou. A força deste movimento também aumentou graças às imagens exibidas nos telejornais para todo o Brasil. Muitas emissoras abriram mão de suas programações normais para dar voz aos protestos país a fora. Vivemos mais de 20 anos sob censura. Tentar calar os meios de comunicação é uma atitude covarde de quem quer o poder à força, e tivemos exemplos do que se conquista com e sem violência nestas últimas duas semanas.


domingo, 9 de junho de 2013

CRÍTICA: RECRIAR É PRECISO

Segundo comunicado da Record, Gugu vai se dedicar a
"produção independente"
A última semana foi bem movimentada, graças ao repentino rompimento de Gugu Liberato com a Record. Após quatro anos de contrato, e com mais quatro pela frente, o apresentador decidiu na última quinta-feira encerrar o compromisso com a emissora da Barra Funda.

Muita coisa foi dita nestes últimos dias. Que o salário de R$3 milhões que Gugu tinha evitaria em torno de 600 demissões, que a pressão por parte dos diretores do canal estava sendo forte demais, entre muitas outras coisas. Tudo isso quem pode confirmar ou negar, um dia, é o próprio apresentador.

Ns palavras de Paraguaçu, "deixemos de lado os entretantos e falemos dos finalmentes". Vamos analisar as razões para o fim desta milionária parceria. Em 30 de agosto de 2009, estreia o "Programa do Gugu", com ares de super produção, e com muitas promessas. Após 27 anos de SBT, e 35 anos de Grupo Silvio Santos, a Record conseguiu o que nem a Globo realizou: tirou da Anhanguera o "substituto" do ex-dono do Baú nos Domingos. Os bispos prometeram programa de entrevistas na Record News, jatinho e helicóptero disponíveis para o dominical.

O então apresentador do "Domingo Legal" alegou que não se sentia prestigiado no SBT, e que não queria ser sócio da emissora com seu programa, assim como Raul Gil e Ratinho. Na rede de Edir Macedo, manteve o mesmo esquema que vinha apresentando em sua antiga casa, mas agora em horário noturno. A atração começou bem, garantia o segundo lugar fácil, mas em dezembro daquele ano começou a ser derrotada pelo "Programa Silvio Santos".

A direção trocou o horário do dominical, que passou a anteceder o jornalístico "Domingo Espetacular". Gugu passou a enfrentar o Faustão na Globo novamente, como fazia no final dos anos 1990 e saía vitorioso. Mas com o tempo, seu objetivo passou a ser a vice-liderança, e não o primeiro lugar. Eliana, que passou a ocupar o antigo horário do loirinho no SBT, cativou o público e trouxe de volta o segundo lugar para o canal.

Para tentar resgatar audiência, o animador e seu diretor, Homero Salles, tentaram de tudo. Talvez esteja aí a razão do problema. A maioria das ideias aplicadas no programa, são quadros velhos, antigos, que Gugu já tinha apresentado, ou já era conhecido do público. A "Corrida do Gugu" já fez parte da carreira do artista como "Corrida Maluca", "Sonhar mais um Sonho" e "Gugu Bate a sua Porta" foram produzidos já na fase do "Domingo Legal", "Escolinha do Gugu" é dos formatos mais antigos na TV, e o "Desafio Musical" já foi apresentado por Silvio Santos como o inesquecível "Qual é a Música?"

Acharam que o problema estava até nas roupas do Gugu, que trocou o terno por camisas polo e tênis moderno. Lembrem-se de que no começo da carreira, o animador se vestia igualzinho ao Silvio Santos. Até o mesmo microfone ele usava! No entanto, o que o diferenciava eram as novidades que trazia para o programa, sempre com um tom popular, mas distintas do que Silvio apresentava.

Gugu precisa se renovar, se redescobrir como artista e como animador. Um bom exemplo é seu mestre, Silvio Santos, que apresenta os mesmos quadros, mas de uma maneira diferente de quem os assistiu há 10 ou 20 anos atrás.

Mas a Record também errou, ao colocar tão imediatamente no ar um artista que tem a imagem fortemente associada à concorrência. Era necessário deixar esfriar a ligação Gugu-SBT, na cabeça do público. Xuxa serve de modelo para esse caso. A Rainha dos Baixinhos ficou seis meses na geladeira da Globo antes da estreia do "Xou da Xuxa", para desassocia-la da Rede Manchete, onde apresentava o "Clube da Criança".

O futuro de Augusto Liberato por enquanto é incerto. O que se sabe é que hoje vai ao ar o último "Programa do Gugu" ao vivo, pela Rede Record. Pela curiosidade do público, é bem provável que esta exibição renda bons índices para a emissora.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

QUE SAUDADES...

Cena final da vinheta de abertura
da programação
Hoje completa-se 30 anos do primeiro pouso um "M" voador no edifício projetado por Oscar Niemeyer, na Rua da Glória 744. Há três décadas a trajetória do imigrante ucraniano Adolpho Bloch atingia seu ápice com a estreia da Rede Manchete de Televisão. Era o que faltava para completar seu império de comunicações, iniciado a partir de uma gráfica e, em 1952, com a Revista Manchete.

É um dia em que milhares de ex-baixinhos se lembram de onde Xuxa veio e, sozinha num palco sem nave e repleto de crianças, construía seu reinado. Também não se esquecem de um anjinho loiro, com uma pinta na perna, que brincava às tardes num clube inesquecível. Ela não estava sozinha. Trazia consigo as aventuras de heróis japoneses, que povoam o imaginário de muito marmanjo atualmente.

Como era gostoso o carnaval... Uma cobertura com a cara do Brasil, com a cara do Rio, com a cara do povo. Dos desfiles na Marquês de Sapucai, aos bailes nos clubes e o glamuroso concurso de fantasias. Ampla, alegre e completa, que sempre deixava um gostinho de "quero mais", saciado nas bancas de jornais pela sua irmã impressa.

Quanta comunicação, e quantos comunicadores nasceram ou foram para lá. Raul Gil, Clodovil, J. Silvestre, Bruna Lombardi, César Filho, Claudete Troiano, Beth Russo, Astrid Fontenelle, Otávio Mesquita, Sérgio Mallandro e muitos outros.

O sonho da "volta"

E foram tantas histórias contadas. De escravas a pantanais, passando por tocaias, pela Amazônia, banhando Beijas, brilhante como um raio e estrondosa como um trovão. Muitas figurinhas nasceram lá e hoje seguem contando e fazendo história em outras janelas.

Adolpho Bloch, pai de Manchete
Aliás, como alguns definem, a TV é uma janela para o mundo. E a informação de qualidade, completa, objetiva também tinha seu espaço, e privilegiado. Eram horas e mais horas em que uma trilha de video game prenunciava os conflitos reais dos homens, os avanços da ciência e tecnologia, explicava a economia em tempos finais de ditadura, Sarney, Collor, Itamar e FHC. Vivemos tempos difíceis, mas já passamos por coisas muito piores.

O aniversário de alguém querido, que deixou boas lembranças, em algum momento vai ter este lamento-título. A "TV do ano 2000" não chegou nem ao fim de 1999. Se viva fosse, seus funcionários, artistas, jornalistas, colaboradores e telespectadores estariam comemorando o aniversário de 30 anos. Uma história de lutas, conquistas, decepções, tristeza, descaso e sucesso hoje é recordada por milhares de fãs que acordavam cedo para ver em suas casa um "M" voador iniciar um novo dia.

Embora haja quem queira que a Manchete volte, e não são poucos na internet, isso não é totalmente possível na prática. Não será a mesma coisa. A emissora era uma grife, um diferencial de ousadia e qualidade milionárias, que a matou (e com isso gerou centenas de processos trabalhistas, que andam mais lentos do que tartarugas) mas que marcou os corações dos brasileiros que assistiam a Rede Manchete de Televisão. Que saudades, Manchete... Que saudades...

Curiosidades:
  • A Rede Manchete contou com a consultoria de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. O então vice presidente operacional e criador do padrão Globo de qualidade atendeu a uma ordem de seu patrão, Roberto Marinho. Bloch não entendia de televisão e foi aconselhado por Marinho a não se envolver nesta área, mas aceitou ajudá-lo. Os dois empresários eram amigos de longa data. A consideração era tanta que as Organizações Globo não investiam em revistas semanais em respeito ao pai de Manchete. Quando ganhou a TV, Adolpho garantiu ao dono da Globo que não faria novelas, em troca do auxílio de profissionais globais para a implementação da nova rede. Mas experimentou pequenas coisas com teledramaturgia e gostou do resultado. Quando cismou em fazer novelas, nunca mais voltou a falar com Roberto Marinho. Anos depois, já com a emissora afundada em dívidas, o dono da Manchete resolve pedir socorro ao amigo. Marinho nem quis ouvir o que Bloch tinha a dizer. O empresário ucraniano saiu sem ajuda e sem amigo. Este relato está escrito no livro "Os Irmãos Karamabloch" (Companhia das Letras, 2008), do jornalista Arnaldo Bloch, sobrinho neto de Adolpho, indispensável para quem quer saber mais sobre a trajetória de toda a família Bloch.
  • A vinheta de abertura e encerramento da programação (veja no vídeo abaixo) marcou tanto que foi construído o logotipo prateado da emissora, e colocado no alto do Edifício Manchete. Diferente do vídeo, o "M" ficou posicionado do lado direito do prédio, destinado às emissoras de rádio e TV do grupo Bloch. No outro lado ficava a Bloch Editores.
Agradecimentos: redemanchete.net e AARS







sábado, 25 de maio de 2013

FASCINAÇÃO DEBUTANTE

Antes de "Fascinação", Regiane era
 atriz de teatro, e chegou a estudar publicidade
O público do SBT sempre curtiu um bom dramalhão, regado com muitas lágrimas e sofrimento de uma linda mocinha, que ao final acaba nos braços do seu amado e vive feliz para sempre. Hoje, uma destas tramas completa 15 anos de sua estreia: "Fascinação". Escrita por Walcyr Carrasco, o mesmo autor da atual novela das 21h "Amor à Vida" na Globo, esta novela tem todos os ingredientes de uma tradicional novela mexicana.

A história se passa na década de 1930 (um ponto forte na dramaturgia da emissora, nos anos 1990, eram as produções de época). Regiane Alves, estreando como protagonista, vive Clara, uma jovem professora, filha de um leiteiro e uma dona de casa. De origem humilde, a moça conhece Carlos Eduardo (Marcos Damigo), filho de Melânia da Silva Prates (Glauce Graieb), uma importante figura da sociedade. Os Silva Prates vivam apenas da imagem de ricos. Estavam à beira da falência, e Melânia queria arrumar logo uma moça rica para casar com seu filho mais velho. Clara e Carlos Eduardo se encontraram pela primeira vez no baile de formatura da jovem, e ali, uma cigana profetizou que eles seriam muito felizes juntos, porém antes passariam por maus bocados.

De fato, os dois se apaixonaram com o tempo, e o rapaz até prometeu casamento. Diante da jura, Clara decide se entregar ao seu primeiro homem, e acaba engravidando. Ao descobrir o fato, o mundo desaba na cabeça da professora. Quando ficou sabendo da história, Melânia contratou um gigolô, Alexandre (Heitor Martinez), que armou para separar Clara de Carlos Eduardo, forjando ser o pai da criança. Pior foi quando o pai da jovem soube da gravidez! Enfurecido, o leiteiro José (Breno Bonin) expulsa a filha de casa.

Alexandre leva a mocinha para um prostíbulo e, para completar o plano de Melânia, Carlos Eduardo descobre, se decepciona e casa-se com Berenice (Samantha Monteiro). A matriarca dos Silva Prates já estava de olho nessa rica moça, que também estava apaixonada por seu filho. Quando o bebê de Clara nasce, o gigolô rapta a criança. Alexandre força a moça a trabalhar no bordel, do contrário nunca mais veria seu filho.

Correria para gravar

Capa do CD da trilha sonora, que tinha Nana Caymmi cantando
o tema-título
Muitas lágrimas e sofrimentos rolam neste folhetim, até que Clara ganha uma bolada de herança de um cliente que conheceu na casa de Madame Therèze (Adriana Ridolfi). Era Manoel Gouveia (Luís Carlos de Moraes), tutor de Berenice, que a essa altura já era alcoólatra, já que seu casamento com Carlos Eduardo era tão falso quanto nota de R$3,00. Cheia da grana, a mocinha dá a volta por cima, descobre todas as armações de Melânia, e se encarrega pessoalmente de deixar a megera na rua da amargura. Depois de tudo esclarecido, enfim, pôde viver seu amor com Carlos Eduardo e, com a morte de Berenice, casou-se e junto com seu filho viveu feliz para sempre!!!

Walcyr Carrasco escreveu esta novela após o sucesso de "Xica da Silva" na Manchete. O autor assinava como Adamo Angel. O tempo de produção de "Fascinação" é recorde: foram apenas quatro meses para gravar os 142 capítulos. Os atores tinha em média 30 cenas por dia. Para auxiliar, e dar mais agilidade às gravações, o elenco passou a usar o ponto eletrônico, um aparelho quase imperceptível na orelha, para o diretor soprar as falas. Tanta pressa tinha uma razão: Silvio Santos queria que a novela estreasse junto com "Torre de Babel", na Rede Globo. Mas não houve muito tempo de confronto direto. Com a contratação de Ratinho no mesmo ano, a novela do SBT passou a concorrer mais com o "Jornal Nacional" do que com o folhetim de Silvio de Abreu.

Curiosidades:

  • "Fascinação" não seria exibida no Brasil. A novela seria dublada e vendida para o México, mas depois que Silvio Santos assistiu alguns capítulos, decidiu que passaria no SBT;
  • Como era prática da emissora gravar novelas inteira antes de exibi-las, a história de Clara e Carlos Eduardo furou a fila de outras duas produções que já estavam prontinhas para irem ao ar há algum tempo ("Pérola Negra" e o remake de "O Direito de Nascer");
  • A produção foi vendida para mais de 20 países, inclusive Romênia e Ucrânia;
  • Além de Regiane Alves e Marcos Damigo, Mariana Ximenes também teve seu primeiro papel de destaque nesta trama. Ela interpretava Emília, filha de Manoel Gouveia, que era apaixonada pelo segundo filho de Melânia, o seminarista Gustavo (Caio Blat). As cenas do casal eram hilárias;
  •  Foi a primeira produção dramaturgica brasileira a usa o ponto nas gravações;
  • A novela se chamaria "Alma Gêmea", mas Walcyr não desistiu do título, e usou em 2005 em um de seus folhetins das 18h, na Rede Globo;
  • "Fascinação" foi reapresentada duas vezes, em 2004 e em 2011.

Vamos conferir algumas cenas desta inesquecível novela. Agradecimentos:mineironoveleiro, Simone5fulHD, MDDSbt e Divulgação/SBT.











quinta-feira, 16 de maio de 2013

OS 25 ANOS DE VALE TUDO


Beatriz Segall como a eterna vilã
"Não me convidaram, pra esta festa pobre, que os homens armara pra me convencer". Com este verso, composto por Cazuza e com a inesquecível interpretação de Gal Costa, o país parava para assistir a mais um capítulo da novela "Vale Tudo". No dia 16 de maio de 1988 a trama de Gilberto Braga foi lançada às 20h (na verdade 20h30, 20h45, dependendo do "Jornal Nacional") para entrar para a história da teledramaturgia brasileira.

Com o país se redescobrindo, após duas décadas de regime militar, a grande pergunta da novela era se valia a pena ser honesto no Brasil. Tudo porque Maria de Fátima (Glória Pires) queria ser rica de qualquer maneira. Ela era filha de Raquel Accioli, recém-separada do marido Rubinho (Daniel Filho). As duas moram em Foz do Iguaçú-PR, na casa de Salvador (Sebastião Vasconcelos), avô paterno de Maria de Fátima, que passa o imóvel para o nome da neta, para lhe garantir o futuro. Assim que o pai de Raquel morreu, sua filha vende a residência sem consultá-la, e parte para o Rio de Janeiro, em busca de fortuna.

A ex-guia de turismo consegue duplicar sua falta de escrúpulos ao encontrar com César (Carlos Alberto Riccelli), um ex-modelo que vive como garoto de programa. O bonitão faz de Maria de Fátima uma modelo famosa, que quer casar com Afonso Roitman (Cássio Gabus Mendes), herdeiro de uma das maiores fortunas do país, que namorava com a jornalista Solange Duprat (Lídia Brondi). Afonso era filho de Odete Roitman (Beatriz Segall), dona de uma empresa de aviação, a TCA, e mantinha um caso com César. A megera entrou para o seleto clube de piores vilãs da história da TV brasileira.

Raquel não desiste da filha, e parte para a cidade maravilhosa. Lá conhece Ivan (Antônio Fagundes), e também o sucesso. Para sobreviver na capital fluminense, a mãe de Maria de Fátima resolve vender sanduíches naturais nas badaladas praias cariocas. Uma das cenas antológicas da trama é quando mãe e filha se reencontram nas areias mais famosas do país, e fingem não se conhecerem. Ao lado do novo companheiro, Fátima vira dona de uma cadeia de restaurantes, a "Paladar".

Raquel ganha o mundo

A dupla de protagonista se repetiu em 2002, em
"Desejo de Mulher" (Globo) 
Muitas tramóias e esquemas de corrupção e jogo sujo acontecem na história, até o final feliz de Raquel e Ivan, que no meio da conversa até se casou com a filha de Odete, a alcoólatra Heleninha (Renata Sorrah), por causa de mais uma arapuca criada pela empresária e a norinha Maria de Fátima.

Mas o que o país inteiro queria saber mesmo era "Quem matou Odete Roitman???" A identidade do autor dos três disparos era mais importante do que os motivos, afinal a empresária era odiada por toda a novela, e mais o país inteiro! O mistério começou no capítulo 193, no dia 24 de dezembro. A milionária foi assassinada com três tiros, e a dúvida ficou no ar até o fianl da trama. Falando assim, parece que a revelação do assassino levou un 50 dias para acontecer, mas na verdade, o público ficou sabendo que Leila (Cassia Kiss) havia cometido o crime por engano apenas 13 dias depois do ocorrido.

"Vale Tudo" conquistou o Brasil e o mundo. Foi exibida em mais de 30 países. Por aqui, o folhetim foi reapresentado em 1992, no "Vale a pena ver de novo". Esta novela foi uma das primeiras a ser adaptada para o mercado latino. "Vale Todo" foi resultado da parceria entre a Globo e a Telemundo, emissora com programação em espanhol da rede americana NBC nos Estados Unidos, em 2002. A história não repetiu o mesmo êxito da versão original.

Curiosidades:

  • Laís (Cristina Prochaska) e Cecília (Lala Deheinzelin) viveram um casal homossexual. Embora fosse 1988, e estivéssemos às portas da nova Constituição e da nova República, a velha censura deu o ar da sua graça, e retalhou vários diálogos das personagens;
  • Beatriz Segall e Glória Pires ganharam, entre outros, o Troféu Imprensa como melhor atriz de 1988. A melhor novela também ficou com "Vale Tudo";
  • A rede de restaurantes naturais de Raquel inspirou os cubanos. O sucesso da novela, exibida por lá em 1995, fez com que os patriotas de Fidel montassem estabelecimentos iguais aos da personagem, assim que o presidente de Cuba autorizou a população a abrir pequenos negócios. Esse modelo de restaurante é conhecido na ilha por "Paladar";
  • O assassinato da maior vilã da teledramaturgia nacional rendeu uma audiência de 81 pontos, com picos de 92. No último capítulo, quando o mistério seria revelado, o Brasil parou e a Globo marcou 86 com picos de 94. Até caldo de galinha fez concurso para premiar o telespectador que acertasse o nome da assassina! A média geral da novela foi de 56 pontos no IBOPE.
É bom ver que, de lá pra cá, algumas coisas melhoraram no Brasil. Já existe político quase indo pra cadeia por corrupção. Mas talvez a pergunta de Gilberto Braga, diante de certas situações, ainda é pertinente: "Vale a pena ser honesto no Brasil?" Que a sua consciência responda. Enquanto isso, vamos rever a abertura e algumas cenas deste clássico da nossa TV. Fonte: Guia Ilustrado TV Globo Novelas e Minisséries. Agradecimentos: Paula Rabello, Aurélio Araújo, cesarbrandi, gilbertobragaonline, cantinhodenotícias e Divulgação/TV Globo.











quinta-feira, 2 de maio de 2013

A REDENÇÃO DA EXCELSIOR

Fernando (Francisco Cuoco) e Ângela (Miriam
Mehler): final feliz
Num  dia 2 de maio, de 1968, chegava ao fim um grande sucesso da teledramaturgia brasileira, e um recorde para a história da nossa TV. A novela "Redenção" foi planejada para ter apenas cem capítulos, mas a trama de Raimundo Lopes, com direção de Waldemar de Moraes e Reynaldo Boury, caiu nas graças do público telespectador da TV Excelsior.

A novela tinha como personagem principal o médico Fernando Silveira (Francisco Cuoco). Ele chegava ao município de Redenção, e a pose de galã arrebatou três corações de uma vez só: Lola (Márcia Real), Marisa (Lourdes Rocha) que era a filha má do prefeito Juvenal (Rodolfo Meyer), e Ângela (Miriam Mehler), a filha do sapateiro Carlo (Vicente Leporace).

Um mistério rondava o médico recém chegado a cidade: o que queria o jovem doutor naquele lugar? Esse segredo foi mantido durante todo o folhetim. Fernando havia ido embora de lá muito pequeno, após o assassinato de seu pai. Formou-se em medicina e retornou a localidade com o objetivo de descobrir quem havia matado o pai. Silveira conseguiu desvendar o crime: o alcoólatra Mário (Newton Prado) foi o assassino.

Pioneirismo médico

"Redenção" também foi responsável por avanços da medicina ainda inéditos no Brasil da época. Durante a história, a carismática fofoqueira Dona Maroca (Maria Aparecida Baxter) morreu, e o público reclamou. A personagem dava graça à novela, com suas intrigas e fuxicos. O autor Raimundo Lopes resolver repetir na ficção o feito do renomado doutor Christiaan Barnard, através do médico protagonista. Barnard foi o responsável, em 1967, pelo primeiro transplante de coração do mundo. Aqui no Brasil, mesmo que na ficção, doutor Fernando foi o primeiro a realizar
tal cirurgia, e a primeira paciente foi Dona Maroca, que voltou à vida de fofocas em Redenção. Na vida real, o doutor Euryclides de Jesus Zerbini foi pioneiro nos transplantes cardíacos em nosso país, em 25 de maio de 1968, meses depois da novela.

Maroca (Maria Aparecida Baxter):
primeira transplantada na ficção
A produção também é responsável pela primeira cidade cenográfica da televisão brasileira. Era composta por três ruas, algumas casas, prefeitura, praça com um obelisco, igreja, delegacia, mercearia, um pequeno hotel e um boteco. A área total era de nove mil metros quadrados, e ficava localizada atrás dos estúdios de cinema da Vera Cruz, em São Bernardo do Campo-SP.

O sucesso desta novela da TV Excelsior foi tamanho que , até hoje, nenhum outro folhetim atingiu o mesmo número de capítulos. São 596 no total. A estreia aconteceu em 16 de maio de 1966. Você pode pensar: "Ah, mas já tiveram novelas que duraram mais tempo, como "Chiquititas" no SBT, e a "Malhação", que está há 18 anos no ar!!!" Sim, mas essas produções tiveram seus elencos e histórias renovadas a cada temporada, e "Redenção" segue o estilo clássico de novela. O elenco principal foi mantido do começo ao fim.

Curiosidades:

Extensão da Estrada de Ferro Sorocaba custou ao município 100 milhões de cruzeiros
  • A prefeitura do município de São Bernardo pagou a construção de uma extensão da Estrada de Ferro Sorocaba até a cidade cenográfica da novela. A intenção era fazer do local um ponto turístico, após o fim das gravações. E assim foi. Hoje, no local, existem a Cidade da Criança e a Cidade da TV;
  • Uma vila de casas construídas próximas da cidade cenográfica ganhou o nome da novela: Vila Redenção.
Vamos rever algumas imagens da mais longa novela brasileira. Ah, e sabe com quem ficou o médico, no final da história? Fernando casou-se com Ângela. Também vale a pena conhecer um pouco mais da trajetória da nossa telinha na Cidade da TV. Saiba mais em http://www.museudatv.com.br/cidadedatv/site/. Agradecimentos: Arquivos1000 e Museu da TV.



sábado, 27 de abril de 2013

ESPECIAL RECORD 60 - HUMOR PRESENTE HÁ 60 ANOS

Manoel de Nóbrega e Golias eternizaram a "Praça" no canal 7
Rir é sempre o melhor remédio, mas também é uma receita antiga na televisão brasileira. Nos 60 anos que a TV Record completa em 2013, muitos dos maiores nomes passaram pela emissora e deixaram sua marca registrada com muitas gargalhadas.

Humoristas do nível de Chico Anysio e Pagano Sobrinho já alegraram noites especiais do canal 7 paulistano. O pioneiro do stand-up brasileiro, José Vasconcellos também se apresentou nos palcos da estação. Mas alguns dos clássicos do humor televisivo nacional nasceram ou se consagraram na Record.

Enquanto hoje em dia todo mundo sai de baixo quando uma família muito unida e ouriçada aparece por aí, o público já rolou de rir, e muito, com a "Família Trapo". Com redação de Carlos Alberto de Nóbrega e Jô Soares, o humorístico tinha um elenco de feras: Otello Zeloni, Renata Fronzi, Ricardo Corte Real, Cidinha Campos, Jô Soares e Ronald Golias. O programa ia ao ar ao vivo, direto do Teatro Record, e fez tanto sucesso que várias personalidades participaram da atração. Até Pelé teve uma passagem pra lá de especial, sendo aluno de Golias.

A "Praça" não nasceu no canal 7, mas se consolidou por lá! Manoel de Nóbrega trouxe todo seu elenco e o banco mais famoso do Brasil. Entre os personagens mais famosos, estão a Velha Surda, o Homem de Itú, o Letrado, o mendigo Caro Colega, e muitos outros. Este programa também era escrito pelo atual apresentador da "Praça é Nossa" do SBT, assim como "Bronco Total", estrelado por Golias e Carlos Alberto de Nóbrega.

Dercy e Tom

Tom Cavalcanti ficou na Record de 2004 a 2011
Um programa que misturava música e humor era "Corte Rayol Show". Comandado pelo humorista Renato Corte Real e o cantor Aguinaldo Rayol, a atração era exibida às sextas-feiras, e fez muito sucesso nos dois anos em que esteve no ar. Enquanto um levava o público às lágrimas através da emoção da sua voz, o outro fazia a platéia chorar de rir.

Nem mesmo a primeira dama da comédia poderia faltar na trajetória brilhante da Record. Dercy Gonçalves fez uma paródia do clássico teatral "A Dama das Camélias" no centro da capital paulista, em 1982. Outro marco da nossa telinha que passou pela emissora da Barra Funda foi a "Escolinha do Barulho", trazendo  de volta à ativa figurinhas inesquecíveis do humor nacional.

Já que o formato de "sitcom" familiar nasceu na casa, a emissora lançou dois programas do gênero, nos anos 2000: "Família Record", que reunia todo o elenco da TV, e "Louca Família", com um grupo de atores e comediantes integrantes do "Show do Tom". Aliás, Tom Cavalcanti foi o último grande humorista a brilhar no canal. Este cearense fez muito sucesso com as paródias "Bofe de Elite" (Tropa de Elite), onde colocou o ator Alexandre Frota usando botas cor-de-rosa, "De Mais Pra Você" (Mais Você, da Globo) com Ana Maria Bela, "Ridículos" (Ídolos, da Record) e outros.

Curiosidades:

  • Jô Soares e Carlos Alberto escreviam juntos a "Família Trapo", mas separados. Após decidirem o tema central do programa, cada um ia pra sua casa e escrevia a metade exata do roteiro. Nunca houve nenhum problema;
  • A "Escolinha do Barulho" era uma produção independente, realizada em parceria com a GGP, empresa de Gugu Liberato, na época no SBT, hoje nos domingos da Record.


Após seis décadas de muitas risadas, o canal 7 paulistano tem muito o que comemorar, e gargalhar por seu sucesso. Mas ainda tem muita piada para ser contada. Por enquanto, vamos rever a participação de Pelé na "Família Trapo" e a "Dama das Camélias" de Dercy Gonçalves. Agradecimentos: 93Fr1, SpeedMerchants e TV Record.




sábado, 13 de abril de 2013

PROMESSA DE SUCESSO

Gravada em dois meses, "O Pagador de Promessas" teve
supervisão de Daniel Filho
Neste mês de Abril, uma minissérie de grande sucesso na telinha e na telona completa 25 anos de sua exibição pela Globo. "O Pagador de Promessas" tem autoria do dramaturgo Dias Gomes, com direção da cineasta Tizuka Yamasaki. A estreia aconteceu em 5 de Abril de 1988.A trama foi inspirada na peça, de mesmo autor, originalmente escrita em 1960.

Zé do Burro (José Mayer) vê seu burro Nicolau sofrer um grave acidente, e ficar entre a vida e a morte. Desesperado, faz uma promessa para Iansã (Santa Bárbara, na religião católica): se o burro ficasse bem,  carregaria uma cruz nas costas, desde a sua roça, no interior da Bahia, até a Igreja de Santa Bárbara, na capital do estado. Nicolau se salvou e começa a saga de Zé do Burro para pagar a promessa.

O posseiro não estava sozinho. Sua esposa, Rosa (Denise Milfont) o acompanhou durante toda a jornada. O padre Olavo (Walmor Chagas), responsável pela igreja da santa em Salvador, impede Zé de entrar no templo. O sacerdote alegava que a promessa fora realizada num terreiro de candomblé. Nem adiantou o homem dizer que era temente a Deus. O padre foi firme em sua decisão, mas Zé também era, e não iria embora sem cumprir o que havia prometido.

O bafafá se instalou. Zé do Burro ganha apoio popular, especialmente de membros do candomblé, que até começam a aclamá-lo como santo e mártir. Padre Olavo decide ouvir outras opiniões de colegas sacerdotes. Uns veem a atitude do pároco da Igreja de Santa Bárbara como um ato político, mas também havia quem criticasse o sincretismo religioso do marido de Rosa.

Censura impiedosa

 A minissérie teve locações em Monte Santo e Salvador, na Bahia 
O problema se arrasta até o dia da festa da padroeira do templo, em 4 de dezembro. Uma procissão é realizada e Zé vé aí a oportunidade de finalmente pagar sua promessa. A essa altura do campeonato até a polícia local já estava envolvida na história. O padre novamente impediu a entrada do peregrino. Em meio a toda essa confusão na porta da igreja, Zé é baleado e morre na escadaria. O povo comovido coloca o corpo em cima da cruz que ele carregou, e o leva para dentro da igreja.

Em 1988 a censura também foi tão dura quanto o sacerdote baiano da história. A princípio com 12 capítulos, "O Pagador de Promessas" teve 4  cortados pelos censores. A produção tratava de temas delicados como as lutas contra grandes latifundiários. O debate também se instalou dentro da Igreja, entre os padres conservadores e os padres progressistas, representados na telinha pelo padre Mário (Felipe Pinheiro).

Curiosidades:

  • A TV Globo já havia apresentado este texto antes como teleteatro, em 1974, dentro do "Fantástico";
  • A história ganhou fama graças a sua versão cinematográfica, realizada em 1962. Com direção de Anselmo Duarte, o filme que tem o mesmo título da peça teatral e da minissérie, ganhou a Palma de Ouro em Cannes naquele ano;
  • José Mayer sabia do projeto e queria estrelar a produção. Não teve dúvidas: ao encontrar com Dias Gomes na emissora ao telefone, interrompeu a ligação e tentou convencer o autor a lhe dar o papel. Diante da insistência do ator, o encaminhou para fazer um teste para o protagonista, e passou;
  • A minissérie foi o primeiro trabalho de Tizuka Yamasaki na televisão;
  • "O Pagador de Promessas" foi vendida para vários países, reapresentada em 1991 e em 1999, como homenagem ao seu autor, que falecera no mesmo ano. Está disponível em DVD desde 2010.
Vamos conferir a abertura deste sucesso da nossa TV! Fontes: Guia Ilustrado TV Globo - Novelas e Minisséries e Memória Globo. Agradecimentos: minisserietv e TV Globo.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

QUARENTA ANOS DE GRANDES REPORTAGENS

Chapellin apresenta o jornalístico há 16 anos consecutivos
Mais do que um programa, o "Globo Repórter" estabeleceu um padrão para a grande reportagem em televisão. O jornalístico completa hoje 40 anos no ar. A equipe da emissora queria mais liberdade para mostrar o Brasil aos brasileiros, diferente da visão militarista de "Amaral Neto Repórter".

Com a guerra do Vietnã acontecendo, o diretor Paulo Gil e seus profissionais resolveram produzir um documentário sobre o combate, utilizando apenas imagens fornecidas pela embaixada americana. O programa foi ao ar em 3 de abril de 1973, após passar pelo crivo dos censores da época. Mesmo assim, no dia seguinte, militares foram até a TV Globo questionar o documentário, que exibia imagens dos derrotados e abatidos soldados do "Tio Sam". Quem salvou a pele dos jornalistas foi o Marechal Odílio Denys que ligou para Roberto Marinho e pedia para que repetissem a atração. O militar queria que seus netos vestibulandos assistíssem ao programa para estarem prontos para a prova.

Um dos temas mais curiosos das primeiras edições foi o Odorico Paraguaçú da vida real. Teodorico Bezerra era dono de uma fazenda em Pernambuco. A propriedade foi transformada por ele em vila e "curral eleitoral". Os moradores viviam de graça, em troca de obediência cega a Teodorico. O coronel estabeleceu regras como a proibição de bebidas, danças, cigarro, jogo e a obrigação de votar nele. As "leis" eram anunciadas por alto-falantes no alto de todos os postes da fazenda, e estavam pintadas em todas as casas do local. A censura não barrou a exibição da reportagem.

Até o seu primeiro ano, os temas abordados eram produzidos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os documentários eram todos narrados por um único locutor. Em 1982 os repórteres e cinegrafistas, como testemunhas oculares da reportagem, passaram a conduzir as reportagens. José Hamilton Ribeiro, jornalista respeitado por todas as suas matérias realizadas na revista "Realidade", foi o primeiro a aparecer no "Globo Repórter".

Edições especiais

O jornalístico passou a contar também com a emoção do repórter diante do imprevisto. Em 1998 Rodrigo Vianna realizava uma reportagem sobre profissionais que se arriscavam em operações de salvamento. Seu cinegrafista José de Arimatéia registrava imagens de um experiente policial civil suspenso por um helicóptero, enquanto Vianna preparava seu texto para ler no ar. De repente o policial cai de uma altura equivalente a um prédio de dez andares. A câmera gravou a queda e a reação espantada do repórter. A matéria foi ao ar, sem mostrar o impacto no chão.

"Globo Repórter" viaja pelo Brasil e o mundo a fora, em busca de histórias e curiosidades inteeressantes. O jornalístico também apresentou furos, como a denúncia da ex-primeira dama do município de São Paulo Nicéa Pitta. Na entrevista concedida a Chico Pinheiro, a ex-esposa do então prefeito Celso Pitta declarou que o antigo companheiro comprou vereadores para "abafar" um processo de impeachment, além de dar vantagens para determinadas empresas em licitações públicas.

O programa nem sempre é exibido em rede nacional. Em ocasiões especiais, a Globo abre espaço para que as afiliadas apresentem edições especiais, como nos casos das comemorações dos aniversários da RPC-TV do Paraná, e da RBS-TV no Rio Grande do Sul. Embora ultimamente o jornalistico tenha dado muita ênfase a temas que envolvam saúde ou natureza, "Globo Repórter" se tornou uma referência, sendo copiado pelas emissoras concorrentes.

Curiosidades:
  • Inspirado no programa "60 Minutes", da americana CBS, o jornalístico começou seguindo o modelo de "Globo Shell Especial";
  • A primeira edição foi apresentada por Sérgio Chapellin. Outros apresentadores passaram por lá, como Eliakim Araújo e Celso Freitas;
  • "Globo Repórter" era um programa mensal, e já foi apresentado às terças e quintas-feiras;
  • "Freedom of expression", de J.B. Pickers é a canção usada como tema de abertura;
  • O programa ficou fora do ar por cinco meses em 1981, e seis meses em 1982, devido a outros eventos comprados pela Globo, como a Copa do Mundo.
Vamos rever algumas das aberturas deste programa. Fontes: Almanaque da TV Globo, Almanaque da TV, g1.com/globoreporter. Agradecimentos: Agentev12 e TV Globo.