sábado, 29 de dezembro de 2012

MULHERES, CALOR E PRÊMIOS

Primeiro time de apresentadoras do game, em 1998
Depois de uma fase de investimentos em programação qualificada, o SBT resolveu voltar às suas origens mais populares, e apostou em atrações que foram sua marca durante seus primeiros dez anos. Foi baseado neste pensamento que Silvio Santos lançou "Fantasia", em dezembro de 1997.

Inspirado no formato original do italiano "50 Mulheres", o game que dava prêmios em dinheiro para os telespectadores através do telefone ia ao ar nas tardes da emissora, de segunda a sexta. Meia centena de belas moças foram selecionadas, entre milhares de meninas que fizeram testes. Detalhe: as audições valiam tanto para as assistentes de palco, como para as apresentadoras. O número de meninas cresceu, com o passar do tempo, e chegou a ter 75 modelos, aproximadamente.

As primeiras condutoras da atração foram Adriana Colin (ex-Banana Split e futura assistente do Faustão), Débora Rodrigues (ex-sem terra, que há pouco tinha sido capa da Playboy), Jackeline Petkovic, e Valéria Balbi. Muitas brincadeiras do formato italiano, como o game do forno, e outras velhas conhecidas dos brasileiros, como a batalha naval, eram os quadros do programa. Na semana de estreia, devido ao número de chamadas promovidas pela emissora, "Fantasia" provocou duas panes no sistema telefônico de São Paulo. Eram mais de 100 mil pessoas de uma só vez tentando jogar com as meninas da TV! Foi necessário as apresentadoras pedirem para os telespectadores não ligarem mais.

Nesta primeira fase, que durou até agosto de 1998, Valéria Balbi se afastou para comandar um projeto jornalístico no canal, o "Noticidade". Jackie também saiu do vespertino no mesmo ano para assumir o lugar de Eliana, de partida para a Record, no infantil "Bom Dia & Cia". Para ocupar as vagas, duas assistentes foram promovidas a apresentadoras: Amanda Françoso e Tânia Mara, que também cantava o tema de abertura, "Fantasia no ar".

Maratona Fantasia

Daniela Mercury e Carla Perez no Fantasia, em 1998
Em novembro, ainda em 1998, a ex-dançarina Carla Perez ganhou este programa para estrear na TV como apresentadora, com algumas mudanças. A atração passa a ser dominical, contar com plateia e ter atrações musicais. Com a proibição do sistema de telefonia 0900, "Fantasia" sai do ar novamente, em agosto de 1999.

O SBT não desiste tão fácil, e com um número considerável de apresentadores contratados sem programa próprio, reúne esse time e reestreia o game em janeiro de 2000, ao vivo nos sábados, com cinco horas de duração. Essa maratona era comandada por Celso Portiolli, Christina Rocha, Lu Barsoti (descoberta por Silvio Santos na "Porta da Esperança"), Otávio Mesquita e Márcia Goldschimidt. Nesta época, houve uma mistura da primeira, com a segunda fase: o programa perde o auditório, mas continua a receber cantores e bandas. Foram incluídas brincadeiras clássicas do "Domingo no Parque", como "Bebê no Cadeirão" e "Corrida de Bebês". A atração é novamente cancelada em junho do mesmo ano.

Elenco de 2007 do programa de prêmios
Sete anos se passaram, e os fãs pediam o retorno do "Fantasia". Como uma estratégia para recuperar o segundo lugar, perdido para a TV Record, a mulherada volta ao vídeo a partir da 1h da madrugada. Este período teve como apresentadores Luiz Bacci, Hellen Ganzarolli e Caco Rodrigues. No segundo dia do programa, Luiz já estava fora. Com muito menos meninas (35 modelos), o visual das assistentes era mais praiano do que o eterno vestidinho que usavam desde 1997. No início de 2008, passou a ser  apresentado à tarde, mas pouco tempo depois voltou para premiar os sonâmbulos de plantão. No melhor estilo "Alô Christina", quem ligava para participar não podia dizer alô, mas "eu sou fã do SBT". "Fantasia" saiu do ar pela quarta vez em 17 de março, há quatro anos.

Curiosidades: desde 1997 até 2000 o cenário e o figurino das meninas foram sempre os mesmos! Em 2007, o ambiente caribenho foi repaginado, com pranchas de surf e outros elementos das praias brasileiras. Devido ao horário noturno, a cenografia desta época lembrava o antigo "Coquetel", de 1991. A ida para o intervalo comercial ficou marcada pelo elenco cantando grandes sucessos em karaokê, com letra para o telespectador acompanhar. Só não tinha a pontuação, do contrário seria uma vergonha em rede nacional! Muitos talentos foram revelados dentre as mais de 130 assistentes que por ali passaram nas quatro fases do programa. Destaque para as atrizes Ellen Roche, Lívia Andrade, Fernanda Vasconcellos, Viviane Porto e as jornalistas Izabella Camargo e Joyce Ribeiro.

Vamos rever cada uma das fases deste programa que virou mania nacional. Agradecimentos:Felipe Rubim, fitasjoia, coatelinha12, SuperMemoTV, tedcontatoss e Divulgação/SBT









quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

"ELA NÃO VAI TER A MINHA IDADE"

A atriz Daniela Perez, morta em 1992
A novela "De Corpo e Alma" seria mais uma na trajetória da teledramaturgia brasileira. A trama de Glória Perez contava a paixão de Diogo (Tarcísio Meira) e Bettina (Bruna Lombardi). Ele, um íntegro juíz, mantinha um casamento de aparências com Antônia (Betty Faria), mas garante para a amante que irá colocar um ponto final no matrimônio.

Diogo, porém, não tem coragem de encerrar a relação. Bettina, desesperada, sai de carro e sofre um acidente. No hospital, ela é diagnosticada com morte cerebral. Seus órgãos são entregues para doação, e seu coração vai para a jovem Paola (Cristiana Oliveira). Com consciência pesada ao saber do ocorrido, o juíz vai atrás da nova dona do coração de Bettina, e os dois se apaixonam.

O folhetim provocou um aumento no número de doadores de órgãos, especialmente coração, em todo o país. Essa elevação foi constatada especialmente pelo InCor, o Instituto do Coração de São Paulo.

Além desta trama, a inversão dos papéis de homens e mulheres na sociedade foi apresentado pela boate Clube das Mulheres. Várias moças e até senhoras iam ao local acompanhar o striptease de homens fantasiados. Um deles, Juca (Victor Fasano) teve um polêmico romance com Stella (Beatriz Segall), uma frequentadora independente, rica e anos mais velha do que o rapaz.

O crime que chocou o público

Como disse no princípio, "De Corpo e Alma" seria mais uma novela, se uma morte trágica não fosse a maior lembrança do público sobre o folhetim. Em 28 de dezembro de 1992, o corpo da atriz Daniela Perez (22 anos), que vivia a personagem Yasmim, foi encontrado em uma região de floresta na Barra da Tijuca (RJ), com 18 punhaladas. No dia seguinte, as investigações da polícia concluíram que o ator Guilherme de Pádua seria o autor do assassinato. Guilherme trabalhava na mesma novela interpretando Bira, apaixonado por Yasmim. A esposa do ator, Paula Tomaz, confessou posteriormente a participação no homicídio.

O caso ganhou destaque internacional. O ator foi condenado a 19 anos de prisão, e Paula ficaria 18 anos na cadeia. Mas, na época do crime, o homicídio qualificado (praticado por motivo torpe, fútil ou com crueldade) não era considerado hediondo. A pena de seus réus poderia ser afiançada, ou ter seu tempo de regime fechado reduzido. Glória Perez, mãe de Daniela, mobilizou os veículos de comunicação, e conseguiu mais de 1 milhão de assinaturas para aprovação de emenda constitucional, que alterasse a Lei dos Crimes Hediondos.

Infelizmente a emenda não é retroativa, ou seja, em nada alterou o processo envolvendo o assassinato de Daniela. Porém existem atitudes que não são feitas para nossos contemporâneos. A mobilização da novelista nos prova que somente a vontade popular tem poder suficiente para mudar uma nação.

A repercussão 20 anos depois

Em 1999 o casal foi libertado, após ter cumprido sete anos da pena. Guilherme e Paula vieram a público, mesmo presos, através de entrevista ao "Fantástico"(TV Globo), para dar suas versões da história. Ele também falou com o "Programa do Ratinho"(SBT) e recentemente com o "Domingo Espetacular"(TV Record). A última aparição dele, já em liberdade e membro de uma igreja evangélica há alguns anos, foi duramente criticada, por não trazer nenhum fato novo. Segundo o jornal "O Globo", a Record foi processada por Glória Perez, proibida de reapresentar a matéria e, segundo a decisão da 12ª Vara Cível do Rio de Janeiro, pagará 500 mil reais por cada reprise da reportagem.

Nem todas as histórias de televisão terminam com finais felizes. Nem todo enredo ficcional pode ser mais cruel do que a realidade. Veja a homenagem que o elenco fez para a jovem atriz no dia seguinte a sua morte, e um vídeo com a música "Wishing on a Star", interpretada pelo conjunto The Cover Girls. Seria apenas mais um tema para uma personagem da novela das oito, mas se tornou uma das mais vivas lembranças de Daniela Perez.

Curiosidade: o título desta postagem foi retirada da frase dita pela atriz Beatriz Segall, na homenagem a Daniela. "Eu já tive a idade dela. Ela não vai ter a minha". Agradecimentos: danielsantosalves.blogspot.com, eltondecastro, fabiosc2010timao e TV Globo.





sábado, 22 de dezembro de 2012

A MESMA PRAÇA, HÁ 55 ANOS

Manoel de Nóbrega e Golias na "Praça da Alegria"
Dando sequência às comemorações dos 25 anos de SBT, "A Praça é Nossa" irá relembrar os quadro prediletos do público que acompanha o humorístico há tanto tempo. Os telespectadores podem entrar no site do programa e escolher qual dos inesquecíveis personagens da praça quer rever durante as férias do elenco atual em janeiro. Porém, os Nóbrega têm muito mais o que comemorar. A criação de Manoel de Nóbrega, que deu origem à atração da emissora de Silvio Santos, completa 55 anos em 2012. "Praça da Alegria" nasceu em 1957, na TV Paulista.

Antes de ir para a telinha, Manoel fez grande sucesso escrevendo humor para o rádio. Passou por diversas emissoras no Rio e em São Paulo, onde conquistou grande audiência com o programa "Cadeira de Barbeiro". O humorista trabalhava na Rádio Nacional, a maior potência de São Paulo, cujo proprietário era Victor Costa. O dono da rádio virou dono de televisão ao comprar a TV Paulista, canal 5 (atual TV Globo-SP). Todo o seu elenco passou a trabalhar também no novo meio de comunicação.

Victor Costa precisava erguer a audiência do seu canal, que estava muito distante das TVs Tupi e Record. Solicitou para Nóbrega a criação de uma nova atração, para entrar no ar imediatamente, em janeiro de 1957. O radialista pediu apenas 15 dias de férias e, na volta, bolaria o programa. Manoel foi para Buenos Aires, capital da Argentina. Na janela do hotel onde se hospedou, observava um senhor que ficava sentando num banco de uma praça em frente, sempre lendo um jornal. Todos os dias esse senhor estava lá, e conversava com os amigos inusitados que por ali passavam e se sentavam no banco. Nascia aí a fórmula humorística mais duradoura da história da televisão brasileira.

Ao chegar ao Brasil, Manoel de Nóbrega "inaugurou" a praça mais famosa do país, e se tornou sucesso nacional. Carlos Alberto de Nóbrega, filho de Manoel e um dos primeiros redatores do programa, costuma chamar a fórmula de "ovo de Colombo". A emissora não teria gastos com cenário, bastava uma tela pintada com árvores ao fundo de um banco de praça. Nele tudo poderia acontecer, e teria a identificação de todo o público, em qualquer lugar do Brasil, pois em todo lugar existe uma praça.

O dono do Baú e o banco dos Nóbrega

Silvio e Manoel em 1972
Como não existia rede, Nóbrega e seu elenco viajavam semanalmente para cidade maravilhosa, para apresentar o humorístico na TV Rio. A atração permaneceu na TV Paulista até o início dos anos 1960, quando se tranferiu para a TV Record. Em 1972, o humorístico passou a integrar o "Programa Silvio Santos", que estava na TV Globo. Pouco tempo depois, Manoel deixou de fazer a "Praça", mas permaneceu com Silvio, sendo jurado do "Show de Calouros".

Em 1976, Manoel de Nóbrega faleceu aos 62 anos, vítima de câncer. O programa ficou adormecido até 1977. Como homenagem após um ano do falecimento de seu criador, a Globo, por iniciativa de Carlos Alberto, retoma a "Praça" como um especial dentro do programa de Chico Anysio. O sucesso foi tamanho que ganhou espaço fixo na grade, mas quem se sentava no banco era o apresentador Miéle. A emissora manteve o programa no ar até 1978, quando ficou novamente apenas na memória do público.

Um mal-entendido do passado afastou Carlos Alberto de Nóbrega de Silvio Santos por 11 anos. As pazes foram feitas pelo sonho que ambos tinham: retomar a praça na TV. Após uma rápida passagem pela TV Bandeirantes, com "Praça Brasil", o redator chega ao SBT, então TVS, para comandar diretamente do banco mais famoso da telinha, "A Praça é Nossa", desde 07 de maio de 1987.

Talento "pra dobrar a esquina"

Muitos foram os tipos que foram eternizados no programa com Manoel e com Carlos Alberto: a velha surda (vivida por Rony Rios), o mendigo (que rendeu a marchinha "Me dá um dinheiro aí" ao seu intérprete, o showman Moacyr Franco), o homem de Itu (com Simplício, que deu fama à cidade onde tudo era grande), Cremilda (a grã-fina, esposa esnobe de Oscar, interpretada por Consuelo Leandro), e muitos outros. Merecem destaque o comediante Canarinho, ainda no elenco do programa, e o inesquecível Ronald Golias, que com Pacífico (Ô Cride, fala pra mãe...), Professor Bartolomeu Guimarães, Isolda e o Mestre, entrou definitivamente na história da nossa TV, e da "Praça" também.

Curiosidades: só na fase do SBT, já passaram pelo banco mais de 120 artistas. Na estreia da "Praça da Alegria", Silvio Santos esteve lá, para relembrar com Manoel os primeiros tempos do animador em São Paulo, a acolhida de Nóbrega e a gratidão eterna pelo Baú da Felicidade. Quinze anos depois, o dono do SBT repetiu o gesto e a emoção com Carlos Alberto. Silvio não se sentia à vontade tendo Manoel como seu funcionário, já que tudo o que tinha até então foi fruto de uma empresa que foi do radialista antes. O "contrato" do humorista, segundo a biografia "A Fantástica História de Silvio Santos", era verbal, e ele recebia da produtora do animador o quanto queria. Em 1957 quem primeiro se sentou no banco foi o filho de Manoel de Nóbrega, juntamente com Ronald Golias.

Lamentavelmente não existem muitos registros em vídeo do programa. Na TV Paulista era transmitido ao vivo, e não existia o vídeo tape. Os incêndios da Record destruíram grande parte do acervo também deste humorístico. A antiga sede da produtora Studios Silvio Santos perdeu muitos programas do seu arquivo devido às enchentes do bairro onde se localizava, a Vila Guilherme. Porém os únicos trechos da "Praça" com Manoel de Nóbrega são da época em que a atração estava com o ex-dono do Baú. Vamos conferir alguns trechos do programa deste período. Agradecimentos: almanarkitapema.blogspot, anosdourados.blogspot, schimidttvalenha, AndreaM30 e calulinho.







sábado, 15 de dezembro de 2012

MALLANDRAGEM NA GLOBO

Sérgio Mallandro na TV Globo
Há 20 anos saia do ar o programa "Show do Mallandro", na TV Globo. O contrato de Sérgio Mallandro e a emissora carioca durou apenas dois anos e não foi renovado.

O apresentador chegou ao novo canal embalado por seu sucesso no SBT, com "Oradukapeta". Uma das grandes entusiastas da contratação de Sérgio era Xuxa Meneghel, sua amiga desde a adolescência. Seu desafio não era nada pequeno: apresentar um programa de calouros e musicais no horário deixado pelo mestre dos auditórios Abelardo Barbosa, o Chacrinha, falecido três anos antes. Quem dirigia essa ousadia era Boninho, o futuro manda-chuva do reality BBB.

Para não ficar tanto tempo sem aparecer no vídeo, antes da sua estreia, Xuxa e Marlene Mattos, diretora da Rainha dos Baixinhos, convidaram Mallandro para cobrir as férias anuais da apresentadora no "Xou da Xuxa". Deu certo, o apresentador agradou os baixinhos. Com isso, a loirinha o chamou para comandarem juntos o quadro musical "Paradão dos Baixinhos" aos sábados.

Glu-glu no lugar da "Terezinha"

"Show do Mallandro" estreou nas tardes de sábado em 1991, com duas horas, antecedendo a novela das 18h. O programa tinha aspirantes a cantores, jurados, muitas brincadeiras, prêmios e musicais. A loucura era tanta que Sérgio iniciava o programa descendo preso por uma corda, do alto do Teatro Fênix, e se despedia subindo da mesma forma. Já nessa época ele contava com as Mallandrinhas, suas assistentes de palco, muitíssimo mais comportadas do que hoje em dia seriam. O programa não durou muito. 

Com o final da atração semanal, o "Show do Mallandro" passou a ser um infantil que antecedia o "Xou". O esquema era o mesmo da loirinha: brincadeiras, musicais e desenhos. O apresentador era assessorado em cena pelos Paquitos. A direção era de Paulo Netto, primeiro diretor de Xuxa na Globo, e supervisionado por Marlene Mattos. Aliás, nesta época a Rainha, o Mallandro e Marlene trabalharam muito pelo país afora, fazendo muitos shows, e em filmes como "Lua de Cristal" e "Sonho de Verão", este último só com Paquitas e Paquitos.

Com o cancelamento do programa, Sérgio permaneceu três anos fora do ar, até retornar para o SBT. É um artista com a imagem associada a emissora de Silvio Santos. A passagem do apresentador não é muito lembrada pela emissora dos Marinho. Mas a internet está aí para aqueles que não conheciam, e para aqueles que querem matar as saudades! Vejam chamadas do programa de sábado, as Paquitas, Patrícia Marx e Biafra cantando, uma chamada da versão infantil e algumas partes dela, além de sua abertura. Agradecimentos: Brasiltelevision2010, nicolson87, andrearteiro2, 8desetembro, MundoXuxa, afeitosaafeitosa, Emanunes, adreamatheus053 e TV Globo.







quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

LOUCURA QUER SABER

Na seção "Loucura Quer Saber", perguntamos qual novela deveria ganhar uma nova versão para substituir o sucesso "Carrossel", no SBT: "Chispita" (1984), "Chiquititas" (1997), "O Diário de Daniela" (2000) e "Carinha de Anjo" (2001). Vamos aos resultados.

Com 10% dos votos, "O Diário de Daniela" foi a última colocada. Em terceiro lugar, aparece a novela "Carinha de Anjo", escolhida por 26% dos leitores. Mas na primeira colodação, houve um empate entre "Chiquititas" e "Chispita". Ambas eram a preferência de 31% dos participantes da pesquisa, que permaneceu no ar por noventa dias.

Como já foi amplamente divulgado, "Chiquititas" ganha um remake, 15 anos após sua estreia na emissora de Silvio Santos. A trama era uma co-produção entre Brasil e Argentina com a TELEFE (Televisión Federal). Esta não seria a primeira vez que o SBT se uniria aos "hermanos" para realizar uma novela. "Antônio Alves, Taxista", com Fábio Jr. e sua então esposa Guilhermina Guinle, foi realizada com a Ronda Studios, e as lembranças deixadas não são nada boas. Problemas de elenco, texto e até cenografia fizeram do folhetim um fiasco.

Ainda assim, o dono do SBT resolveu apostar num dos grandes sucessos da TV Argentina: "Chiquititas" (pequeninas), exibida desde 1995. A trama se passava no orfanato Raio de Luz, e contava as aventuras de um grupo de crianças orfãs, lideradas por seu anjo da guarda na Terra, Carolina. Em meio aos conflitos reais, que todas as crianças passam, os pequeninos viajavam na fantasia, ou de serem adotados, ou pela magia de certos cantos escondidos da casa onde funcionava o orfanato. Além disso, sempre tinha espaço para a música.

Orfanato talentoso

Elenco de uma das temporadas de "Chiquititas" no SBT
Silvio não quis perder tempo, e a emissora logo realizou testes para escolher o elenco brasileiro da novela. Como os estúdios do SBT estavam todos ocupados, os artistas passaram a morar e gravar "Chiquititas" na Argentina, nos mesmos cenários de suas "hermanas". A cada 15 ou 20 dias, voltavam para o Brasil para cumprir a agenda de shows, bater ponto nos programas da casa como Gugu e Hebe, e matar a saudade dos familiares. Os atores e atrizes mirins tiveram que seguir, e alguns casos concluir, seus estudos em escolas de Buenos Aires, onde ficam os estúdios da TELEFE.

A trama com o elenco brasileiro ficou no ar de 1997 a 2001, com enorme sucesso, e revelando muitos talentos que brilham até hoje na TV: Fernanda Souza, Gisele Frade, Paulo Nigro, Carla Diaz, Jonatas Faro, Sthefany e Kayke Brito, Bruno Gagliasso, Débora Falabela  e muitos outros. Desta vez a emissora vai produzir a história sem a parceria argentina, nos estúdios da Anhanguera. A seleção de elenco, com os testes de canto, dança e interpretação já foram realizados. A trilha sonora será produzida por Arnaldo Sacomani. Vamos aguardar para ver a volta da turminha do Raio de Luz para a TV brasileira.

Alô criançada, ele voltou!!!

O "novo" Bozo está nas manhãs da TV
Falando em volta, outro que voltou a alegrar as manhãs, depois de 21 anos, foi o palhaço Bozo. De surpresa, o palhaço mais famoso do mundo apareceu no "Bom Dia & Cia", ao lado de Priscilla Alcântara em 3 de Dezembro de 2012. A presença do personagem seria para acostumar a nova geração, como uma preparação para seu programa solo, que ainda não tem data para estrear.

"Loucura Quer Saber": o retorno do Bozo ao SBT foi uma decisão certa? Participe da nossa nova enquete, à direita, logo abaixo do titulo do blog. Sua opinião é sempre muito importante para quem tem "Loucura por Te Ver"!!!

sábado, 8 de dezembro de 2012

A RESPOSTA ESTÁ EEEEEE...

Passa ou Repassa estreou no SBT há 25 anos
Muitos Quiz Shows fizeram a história da nossa telinha. Desde "O Céu é o Limite", de 1952 na Tupi, vários programas de perguntas e respostas conquistaram o público. Em 1987, o dono do SBT queria uma atração para substituir "Domingo no Parque", após quase 20 anos no ar. Estreou dentro do "Programa Silvio Santos" o então quadro "Passa ou Repassa".

A atração podia bem se chamar TV Meleca. Seus participantes saíam do estúdio inteiramente lambuzados. No início, duas duplas, de duas escolas, se enfrentavam a cada domingo, testando seus conhecimentos gerais. Se não soubesse a resposta, passava para o adversário. Caso o concorrente também não respondesse, repassava. Cabia a dupla arriscar ou pagar uma prova. A cada desafio, uma nova maluquice, uma nova melequeira!

Silvio Santos conduziu a disputa apenas um ano. Em 1988, Gugu Liberato assumiu o comando, e acrescentou um novo quadro, o mais famoso do programa: "Torta na Cara". As duas equipes montavam times com quatro integrantes que tinham que responder as perguntas corretamente, ou então teriam seus rostos (e as vezes cabelos) lambuzados com as tortas de chantily. Este formato consagrou "Passa ou Repassa" como um dos clássicos do SBT.

Durante os seis anos em que apresentou o "Passa", o apresentador promoveu disputas também entre artistas, suas famílias e até times de futebol. Sua coleção de camisetas de agremiações aumentou e muito nesta época!

"Celso vai levar tortada!"

Gugu comandou o "Passa" por seis anos
Gugu ficou à frente do programa até 1994, quando o "Domingo Legal" passou a ser apresentado ao vivo. Iniciando a sua transição do público infantil para o público adolescente, Angélica assumiu a apresentação do Quiz em 1995, com uma novidade: a exibição passou a ser diária, e a competição era realizada entre quatro escolas diferentes.

Em 1996, a loirinha pegou seu táxi, e se transferiu para a Globo. Silvio não queria perder a boa audiência do programa, e resolveu dar uma oportunidade para um ator de pegadinhas do "Topa Tudo por Dinheiro". Celso Portiolli já era radialista, e estava batalhando por uma oportunidade na emissora desde sua chegada em 1993. A felicidade bateu à sua porta com a saída de Angélica. Celso comandou uma primeira fase do "Passa" de 1996 a 1999.

A garotada do ensino fundamental passou a ganhar dinheiro na atração a partir de agosto de 2000. E mais, as crianças podiam fazer uma pergunta para Portiolli que, se respondesse errado, levava torta na cara. Uma farra! "Passa ou Repassa" ficou no ar por 13 anos. Houve um período de reprises em 2004 da fase infantil, comandada por Celso Portiolli.

Curiosidades: o formato original do programa é baseado no americano "Double Dare", da Nickelodeon (1986). Graças às novidades criadas aqui no Brasil, a partir de 1988, a ideia hoje é do SBT. O primeiro nome do quadro era "Passe ou Repasse". A frase "responde ou passa" foi um quadro dentro do "Cidade Contra Cidade", apresentado por Silvio Santos. Angélica ficou tão marcada pelo game show que, quando chegou à Globo, tratou de "adaptar" o "Torta na Cara" ao seu "Angel Mix". Na nova emissora, a brincadeira se chamava "Pergunta Torta". Dos quatro apresentadores, o único que levou tortada no palco foi Celso Portiolli.

Vejam agora a versão original de "Passa ou Repassa", a primeira chamada com Silvio Santos, as fase com Gugu, Angélica e Celso Portiolli, além de muita torta na cara e a prova final, que definia o campeão do programa.

Agradecimentos: sundaeslide87, Tratorrgs, passaourepassasbt, pombos0, MICOSDATV5, kbwaterworld e Reprodução/SBT.













sábado, 1 de dezembro de 2012

UM NAMORO ANTIGO...

Casal Mauro e Silvia que se conheceram no dominical
Quem vê Rodrigo Faro apresentando o quadro "Vai dar Namoro" talvez nem saiba que essa fórmula é uma das mais antigas na TV. O quadro, conhecido popularmente por "Dança Gatinho", tem sua inspiração numa atração de Silvio Santos, que completa 45 anos em 2012: o "Namoro na TV".

Ainda na TV Paulista, em 1967, o dono do Baú promovia encontros de solteiros e solteiras a fim de conseguir sair do palco da atração com um namorado ou namorada. Com o passar dos anos, Silvio se tornou quase um especialista em programas de relacionamentos, como "Casais na Berlinda" e "Vestibular do Amor".

Após esta estreia, o animador resolveu trazer de volta o programa, com uma roupagem americana, em 1979. O gringo "The Dating Game Show" (O Jogo dos Encontros) foi adaptado para as telinhas brasucas quando o dominical era transmitido pelas TVs Record e TVS, além da Rede Tupi. A mecânica era a seguinte: cinco belas moças solteiras escolhiam entre os inscritos, aquele solteiro que achassem ser "o par ideal". Cada um dos candidatos se apresentava no palco, e era sabatinado por Silvio e as meninas, que decidiam quem ficava ou se dispensavam o rapaz.

Esta fase do "Namoro" permaneceu no ar até 1987, já no SBT. Mas nem por isso Silvio Santos deixou de comandar programas sentimentais, e ainda criou o "Quer Namorar Comigo", "Em Nome do Amor" e "Casamento à Moda Antiga".

Paquera charmosa

As pretendentes escolhiam os nervosos solteiros no palco
Em 2006, quase vinte anos após a sua última edição, "Namoro na TV" volta ao ar reformulado, sob o comando de Celso Portiolli. O retorno aconteceu de maneira inusitada. Celso substituiu Adriane Galisteu no comando do vespertino "Charme", que sofreu algumas modificações. Uma delas foi a inclusão de um quadro de... namoros!

Deu certo. Adriane foi para as madrugadas e Portiolli assumiu o horário com "Namoro na TV e etc", que passou a ter outras brincadeiras com prêmios. O objetivo final do quadro, nesta época, era um beijão do casal finalista, que faturava 1000 reais. Durou apenas um ano. Em 2007 o programa passou para os sábados, com o nome de "Curtindo com Crianças".

Curiosidades: Michael Jackson e Arnold Schwarzenegger participaram do "The Dating Game Show", nos anos 1970. O rei do pop, ainda nos Jacksons Five, estava entrando na adolescência, enquanto o ator fortão estava começando sua carreira no cinema. O quadro de Silvio Santos participou de um capítulo da novela "Carmem", exibida pela concorrente Rede Manchete, em 1987. Pelo menos um casal voltou ao "Programa Silvio Santos", para celebrar o aniversário da união que soma mais de 20 anos. Mauro e Silvia se conheceram por causa do "Namoro na TV". Confira este e outros momentos deste clássico da TV brasileira. Agradecimentos: levyfioriti, osvaldoop1962, guily2006, veenicius, pontesmauro2007, michaeljacksonmyhero, octopusmagnificens e paginadosilviosantos.com.














sábado, 24 de novembro de 2012

"OLHA O TEMPO CHEGANDO"

"Tempo de Alegria", atração de Celso Portiolli no SBT
Celso Portiolli estreou nos auditórios de televisão em 1996, quando Angélica foi para a Globo, e deixou  o comando do "Passa ou Repassa". O jovem locutor e ex-produtor de pegadinhas do "Programa Silvio Santos" queria mais. Portiolli apresentou o projeto de um programa de variedades para concorrer com o "Domingão do Faustão", e foi aprovado. Há 15 anos entrava no ar "Tempo de Alegria", pelo SBT.

O maior desafio da atração era da equipe de luz e cenário do Teatro Silvio Santos. Poucas horas separavam o programa do "Domingo Legal" de Gugu Liberato, apresentado no mesmo estúdio e também ao vivo. Esse problema foi resolvido ainda no mesmo ano de 1997, quando o programa passou a ser gravado. Em 1998 a atração passou a ser produzida no estúdio 3 do recém-inaugurado Complexo Anhanguera.

"Tempo de Alegria" tinha musicais, atrações circenses, e o "Desafio dos Artistas", onde um famoso era convidado a realizar uma prova radical. Numa dessas quem acabou saltando de pára-quedas foi o próprio animador. Também tinha uma brincadeira que dava uma viagem para uma moça do auditório. Para isso, Celso ligava uma máquina, que fazia uma cadeira da plateia pular rapidamente.

"Ta-ta-ra-ra-ta-ta-ta-taaaaa"

A maior característica do programa era "A Hora do Chacal". Um carrasco, usando um capuz preto e portando um trompete, não tinha dó dos candidatos a cantor que apareciam no palco. O auditório também não perdoava, e gritava "Ih, fora!", botando o camarada pra correr.Ainda em 1998, Celso passou a dividir o comando do "Tempo" com o apresentador Otávio Mesquita. No final do ano seguinte, Portiolli já tinha deixado a atração, que se encerrou em 1999.

Curiosidade: "Tempo de Alegria" foi o último programa a ser gravado no Teatro Silvio Santos, na Av. Gal. Ataliba Leonel 1772, no Carandirú, zona norte paulistana. O estúdio foi desativado em 1997, após 19 anos de atividade. Celso declarou recentemente que gostaria de voltar a apresentar a atração, idealizada por ele.

Vamos assistir a abertura do programa, um musical com Carlos Gonzaga, o salto de pára-quedas do Portiolli, o Chacal e a fase final do dominical com Otávio Mesquita.












segunda-feira, 19 de novembro de 2012

UM ANJO CHAMADO DERCY

Edson Celulari e Cláudia Raia protagonizaram "Deus nos Acuda"
Em meio a um turbilhão de escândalos de corrupção da presidência da república, com um país em recessão e a moeda valendo menos do que a poeira da estrada, seria possível um anjo converter uma trambiqueira brasileira? Quem acredita nesses seres divinos, facilmente responde que sim. Mas e se esse enviado do Todo Poderoso for Dercy Gonçalves? A confusão estava armada. Este era o enredo principal da novela "Deus nos Acuda", da TV Globo, apresentada em 1992 e dirigida por Jorge Fernando.

Dercy vivia a anja Celestina, a responsável por cuidar do Brasil. Numa missão dada pelo Criador, ela terá que descer à Terra e, com a ajuda do anjo Gabriel (Cláudio Correa e Castro) colocar na linha a golpista Maria Escandalosa (Cláudia Raia). Celestina tem seis meses para endireitar a filha de Tomás Euclides (Jorge Dória), um trapaceiro de marca maior.

Num cruzeiro em alto mar, Maria conhece Ricardo (Edson Celulari), filho do velho empresário Otto Bismark. Pinta um clima entre a golpista e o partidão, mas ela fica com medo de ser rejeitada por ele, assim que ele descobrir que ganha a vida com trambiques... O pai do personagem de Celulari também não estava numa boa situação. Vivido por Francisco Cuoco, Otto era acusado de matar suas ex-mulheres. Uma de suas cunhadas, Baby Bueno (Glória Menezes) tenta encarcerar o milionário a qualquer custo. Porém a vilã Elvira (Marieta Severo), sua fiel e apaixonada secretária, atrapalha Baby de todas as maneiras.

A novela de Silvio de Abreu trouxe de volta uma personagem querida do público. Dona Armênia, interpretada por Aracy Balabanian em "Rainha da Sucata" (Globo, 1990), do mesmo autor, voltou na trama das 19h, sempre acompanhada por suas "filhinhas" Gera (Marcello Novaes), Gino (Jandir Ferrari) e Gérson (Gerson Brenner). A família garantia as boas risadas do público noveleiro, como proprietária do prédio onde viva a Escandalosa.

Esse país tem jeito

Os "anjos" Cláudio Correa e Castro e Dercy Gonçalves
A abertura da novela, mais uma brilhante realização de Hans Donner e sua equipe, mostrava um Brasil invadido por lama em todos os lados. A trama era uma divertida comédia em cima do momento corrupto que assolava o país. Para quem não se lembra ou não era nascido (afinal já se passaram 20 anos), o primeiro presidente eleito pelo voto direto, depois de mais de duas décadas de ditadura militar, Fernando Collor, perdeu o cargo e os direitos políticos, em meio a uma série de denúncias de corrupção.

"Deus nos Acuda" foi a última novela de Dercy Gonçalves. Foi neste folhetim que Edson Celulari e Cláudia Raia engataram um romance na vida real, que durou 18 anos. Curiosidades: esta novela só foi reprisada no "Vale a Pena Ver de Novo" em 2004, um recorde na história da Globo. Em seu último capítulo, com Maria e Ricardo felizes, e ela honesta, o elenco se reuniu para cantar o tema de abertura da novela, "Canta Brasil", interpretado por Gal Costa. Ao invés de exibir o tradicional "Fim" o autor encerrou com a mensagem "Este é apenas o começo", reafirmando a esperança brasileira de que dias melhores, e mais honestos, virão.  

Vamos rever a abertura e a chamada de apresentação de "Deus nos Acuda". Agradecimentos: marcatudo22, madlovis e TV Globo.



sexta-feira, 9 de novembro de 2012

A MARATONA DEBUTANTE

A maratona televisiva brasileira completa 15 anos
Sonhos se tornam realidade? Em 1998 um brasileiro sonhou com uma campanha para arrecadar fundos para a AACD - Associação de Assistência à Criança Deficiente. Uma instituição sem fins lucrativos, que, desde 1950, auxilia não apenas os baixinhos, mas toda pessoa que dela precisar e, na maioria dos casos, gratuitamente. Décio Goldfarb, presidente-voluntário da AACD na época, resolveu propor a um canal de televisão a realização de uma maratona de solidariedade chamada Teleton.

O nome vem do inglês Telethon (Television Marathon, maratona televisiva). O evento nasceu nos Estados Unidos em 1954, mas o nome só surgiu em 1966, quando o comediante Jerry Lewis assumiu o comando do programa. Antes era chamado WHAS Crusade for Children (cruzada pelas crianças). O sucesso mundial não demorou a acontecer. Em 1978 o Teleton chega a América do Sul. Sob o comando de Don Francisco, o maior apresentador de TV de língua espanhola, todas as emissoras de rádio e televisão do Chile se unem a favor das crianças menos favorecidas. Até mesmo uma organização internacional foi criada para unificar os Teletons realizados em toda América Latina: a ORITEL - Organização Internacional dos Teletons. Hoje a maratona está presente em mais de 20 países pelo mundo.

De volta ao Brasil. Goldfarb precisava entrar em contato com alguma emissora que topasse a ideia. Imediatamente entrou em contato com sua amiga, a apresentadora Hebe Camargo, que tomou a causa como sua. Linda, loira, de salto alto e com o projeto em mãos, e no coração, foi até o escritório de seu patrão Silvio Santos, dono do SBT, apresentar a proposta, juntamente com Décio. Silvio tornou público o desejo de fazer algo pela população que tanto amor e carinho lhe deu ao longo dos anos pela TV desde 1987, quando tentou ser prefeito da capital paulista, governador de São Paulo e presidente da República, mas sem sucesso. Segundo Hebe, o apresentador ficou "perdidamente apaixonado" pelo Teleton, e lançou o primeiro em 16 de maio de 1998, um sábado à noite. A campanha ficaria no mínimo 24 horas no ar para atingir a meta em dinheiro que a AACD necessitava naquela época.

"Contribua com apenas R$5,00"

Da esquerda Rodrigo Rodrigues (Cultura), Luciana Gimenez
(RedeTV!), Adriane Galisteu (Band), Ellen Jabour (MTV),
Maria Cristina Poli (Cultura), a cantora Claudia Leitte e
Eliana (SBT), juntos pela AACD.
O dono do SBT queria fazer por aqui a rede de solidariedade que os chilenos fazem, mas até hoje não conseguiu alcançar este objetivo plenamente. Nos primeiros anos, a maratona era exibida integralmente ao vivo. A partir de 2001, a produção passou a gravar gincanas com artistas e programas especiais apresentados por Silvio Santos, como o "Show do Milhão", com celebridades e políticos, "Roda a Roda" e "Show de Talentos".

A maratona ocupa entre 24 e 27 horas, sem interrupção, da programação do SBT. Apenas em 2008 a emissora parou o Teleton, em seus minutos iniciais, para exibir a reprise da novela "Pantanal". Em muitas oportunidades, a marca d'agua do canal foi substituído pelo logo da campanha. A TV Cultura de São Paulo, a MTV, a RedeTV!, a TV Gazeta de São Paulo, a Rede Brasil de Televisão e a Rede TV+ são algumas das emissoras que repetiram ou repetem o sinal da rede da solidariedade, nos dias da festa. Rede Record e Rede Bandeirantes já apresentaram trechos e flash, principalmente nos anos em que o evento não era transmitido dos estúdios do SBT, como em 1999, 2000 e a abertura de 2008, direto do Auditório do Ibirapuera.

O dono do SBT sempre enfatizou que se as pessoas pudessem, que contribuíssem apenas com R$5,00, o custo de uma ligação para a maratona. Esse apelo, unido ao de outros artistas e personalidades tem tido excelentes resultados. Graças aos R$5,00, valor mínimo de doação há 15 anos, a AACD arrecadou mais de 124 milhões de dólares, construiu, reformou e mantém em atividade 16 centros de reabilitação espalhados pelo Brasil, realizando mais de 6.400 atendimentos por dia, de acordo com o site da instituição. São atendimentos, na sua maioria, realizados de graça para a população carente, com equipamentos de última geração, e por profissionais altamente capacitados, e em boa parte voluntários. A entidade também conta com parcerias com grandes empresas do setor privado. Mas a realização da campanha, hoje, é indispensável para a sobrevivência da associação.

Saudades da "dinda"

Silvio Santos e Hebe Camargo durante o Teleton 2011
A comemoração pela 15ª edição do Teleton infelizmente terá uma teimosa lágrima de saudade nos olhos dos artistas, colaboradores, pacientes e voluntários. A partida da madrinha Hebe Camargo para o andar de cima, em 29 de setembro deste ano, deixará uma certa tristeza no ar, e um vazio do tamanho de uma estrela de primeira grandeza. Juntamente com Silvio e Décio, Hebe ajudou a tornar o evento um grande sucesso, convertido em milhares de sorrisos, em milhares de corações esperançosos. A produção prepara uma grande homenagem para a apresentadora. Embora não seja uma substituição, Eliana será mais uma vez a embaixadora da jornada televisiva liderada por Silvio Santos. A maratona não pode parar.

Sonho que se sonha sozinho, é apenas sonho. Sonho que se sonha junto, se torna realidade. E no caso de Décio, Silvio e Hebe, se tornou também uma esperança para milhares de pessoas.

Para doar R$ 5,00 o telefone é 0500 12345 05. Para doar R$ 15,00 o telefone é 0500 12345 15. Para doar R$ 20,00 ou mais: 0800 775 2012. As doações (acima de R$5,00) podem ser feitas também ao longo do ano, pelo telefone 0800 771 7878, ou pelo site www.teleton.org.br

Curiosidade: o primeiro mascote da campanha, o Tonzinho, surgiu em 2004. Sua companheira, a Nina, é mais nova. Ela nasceu em 2008. Os bonecos são dados para aqueles que realizam doações acima de R$ 60,00. Neste ano, com a nova bonequinha ainda sem nome, o doador pode levar o trio por no mínimo R$160,00. Todos que trabalham no Teleton, inclusive os funcionários do SBT, estão lá voluntariamente.

Agradecimentos: IG, Café com Notícias, worldteleton, REsbtista, macsp2007, eumesmobr, teletonbrasil, SBTista1 e SBT.


A história da criação do Teleton, por Hebe Camargo


A abertura do primeiro ano, com Silvio Santos em 1998


Hebe, Nair Bello e Lolita Rodrigues em 2000


Encerramento da campanha em 1999, direto da TV Cultura


Os melhores momentos do primeiros 10 anos da campanha


Homenagem à madrinha da maratona, em 2010


O "Balança caixão" de Silvio e Portiolli em Hebe, em 2010


Final da jornada de 2011

sábado, 3 de novembro de 2012

NOITES VIVAS NO SBT

Gugu Liberato no começo de "Viva a Noite"
Uma mistura de dois programas latinos, um americano e o jeitinho brasuca de fazer televisão renderam um dos maiores sucessos da nossa telinha e lançou um dos mais respeitados animadores deste país. Em 9 de novembro completam-se 30 anos da estreia de "Viva a Noite" nos sábados do SBT.

Pouco tempo depois do primeiro aniversário da então TVS, Silvio Santos queria um programa animado, alegre e descontraído para as noites de sábado. Chamou uma produtora argentina, Nelly Raymond, que já conhecia de outros trabalhos anteriores, e encomendou o projeto. Nelly pensou em reunir elementos de "Saturday Night Fever" americano, "Sabado Fiebre" e "Hoy Quien Danza es Usted" mexicanos.

Depois de algumas reuniões, ficou decidido que o programa seria dividido em três partes: um festival de música latino americana, o esotérico "Noites de Mistério" e o "Hoje Quem Dança é Você". A produtora pensou em três apresentadores conduzindo a atração. Para o festival ficou escolhido Ademar Dutra, que já apresentava provas externas no "Cidade Contra Cidade". O esotérico Jair de Ogum foi chamado para comandar o "Noites de Mistério".

Faltava um apresentador, e o diretor Homero Salles, dentro do projeto desde o início, sugeriu um nome que estava começando, atendendo aos telespectadores pelo telefone numa sessão de filmes: Augusto Liberato. Nelly gostou da evolução do garoto que conheceu como office-boy nos anos 1970 na Globo. Aceitou a sugestão. Mas Gugu não foi uma unanimidade na diretoria do SBT. Muitos executivos da empresa acharam um erro indicar um rapaz tão pouco conhecido, com tantos nomes no mercado. Em pouco tempo veriam que estavam errados. O jovem apresentador conduziria o concursos de danças. O nome da atração surgiu naturalmente: "Viva a Noite"

Sonhos de uns, diversão de outros

A cantora Joana, na segunda fase do semanal
Com o passar dos meses, o festival de músicas e o esoterismo perderam espaço para as mulatas rebolativas do carismático Gugu, que ganhou o comando do programa. A partir de então, "Viva a Noite" passou a ser a grande opção do sábado. Em seus primeiros anos, o programa era realizado ao vivo, no Teatro Silvio Santos no Carandiru, zona norte paulistana. Aproveitando-se disso, o animador pedia para que as pessoas trouxessem as mais diversas quiquilharias em troca de prêmios em dinheiro.

A "Cabine Milionária" ficou famosa nesta época. O sujeito tinha que dançar vários ritmos diferentes sem parar, durante todo o programa! Muitas eram as brincadeiras realizadas no palco, com os competidores do concurso de danças. Para auxiliar o animador no palco, belas moças estavam prontamente dispostas a ajudá-lo. Marriette, Silvinha e Alessandra Scattena ficaram famosas em todo o país graças ao programa. Também ficou conhecido o romance que o loirinho teve com Rose Miriam (a futura mãe de seus três filhos) e Silvinha, com quem quase se casou, além de um rápido namoro com Scattena.

O "Sonho Maluco nasceu nesta época. Uma fã mandava uma carta para o programa, pedindo para realizar seu mais pirado devaneio com seu artista favorito. Teve de tudo: homem casado tomando banho no palco com Rita Cadillac (com a esposa assistindo), tapinha no bumbum da jurada Wilza Carla, valsa de 15 anos com Luis Ricardo, banho de champagne com Sula Miranda, lambuzar Simony com glacê, escrever versinhos nas costas do Polegar Rafael Ilha e muitos, muitos outros. Nem Gugu escapava! Ele "salvou" uma fã de um "prédio em chamas", vestido de Superman, "casou-se" com a comediante Nhá Barbina e atravessou um túnel de fogo. Neste último o apresentador correu sério risco de morrer asfixiado com a roupa anti-chamas.

Depois dessa, o animador preferiu deixar os perigos para os candidatos a Rambo Brasileiro! Os marmanjos marombados fizeram sucesso, elevando este concurso criado no semanal ao mesmo patamar do Miss Brasil, que estava com Silvio no SBT. Os participantes bezuntados com óleo faziam poses de fisiculturismo usando o mesmo figurino consagrado por Sylvester Stallone no cinema. A mulherada delirava!!!

Passarinho quer dançar

O grupo Dominó no cenário mais marcante do programa
Também eram muito divertidas as provas disputadas pelos times masculino e feminino. As equipes formadas por artistas se enfrentavam na prova do desenho, a face oculta, torre de taças, declaração de amor, prova da bexiga, o que é o que é, mímica, e várias outras.

Todos os grandes nomes da música batiam ponto no programa. De Ronnie Von a Gretchen, passando por Léo Jaime, Sandra de Sá, Trem da Alegria, Titãs, Luis Caldas, As Paquitas, Patrícia Marx, Joana, Adriana, Jairzinho e Simony, e muitos mais. Além das crias da Promoart, empresa de Gugu: os grupos Dominó, Polegar e Banana Split. Destaque para a primeira apresentação do fenômeno Menudo no Brasil. O grupo de Porto Rico entrou no palco da atração, ao vivo, de bicicleta, com uma multidão de meninas histéricas fora e dentro do estúdio.

Gugu foi incentivado a gravar musiquinhas para animar o programa. A primeira foi "Docinho Docinho", depois veio "Baile dos Passarinhos", que encerrava o programa e virou febre nacional. O apresentador ouviu a versão em espanhol da música pela primeira vez num hotel cinco estrelas em Itaparíca na Bahia, e pensou: "Se essa gente rica não resiste, imagine o povão". Outras canções vieram como "Pega o meu Peru", "Dança da Galinha Azul" (o melhor merchandising que já vi), "Bota Talquinho" etc.

A volta dos que não foram

A cantora Gil e convidados no retorno da atração
Com o crescimento de audiência, o investimento também cresceu. "Viva a Noite" passou a desbancar os filmes exibidos pela Globo no horário. A emissora carioca não perdeu tempo, e contratou o animador no final de 1987. Mas em 1988, temendo perder sua voz, seu possível sucessor e audiência, Silvio Santos conversou pessoalmente com Roberto Marinho, com quem não falava então há 15 anos, para liberar Gugu. De volta ao SBT, o loirinho ganhou mais espaço para anunciar seus shows e produtos e foi parar no domingo, dividindo por quatro horas o "Programa Silvio Santos" com o mestre e patrão.

A chegada de Liberato aos domingos, e o desgaste natural da atração, colocaram um ponto final no "Viva a Noite" em 1992. Seu formato seria aproveitado para a criação do "Domingo Legal", em 1993. O programa seguiu sendo amado pelos seus fãs e por admiradores da cultura dos anos 80. Esse movimento fez o SBT trazer de volta o semanal em 2007, com Gilmelândia, Supla e Bruno Chateaubriand. Mas como nem tudo do passado funciona no presente, a segunda versão foi cancelada em 2008.

Curiosidade: você já deve ter notado que no começo da carreira, Gugu usava o microfone do Silvio Santos. Outros apresentadores da casa na época, como Raul Gil, J. Silvestre e Sérgio Chapellin, também o utilizaram. Porém a ideia nesta atração, que partiu do patrão, era ter a cada semana um "clone" dele apresentando o programa. O iniciante animador deixou de usar o equipamento em 1985, aproveitando a mudança de cenário, e passou a usar um microfone de lapela. Pouco tempo depois aderiu a um modelo de mão. Os "queijos", como são chamadas em cenografia as bases redondas onde ficavam as bailarinas, com bambolês que giravam em volta das moças a cada música, foi copiado do filme "Superman", de 1978.

Vale muito a pena ver e rever a abertura do programa, alguns sonhos malucos, algumas provas da gincana "eles e elas", e o Baile dos Passarinhos, que encerrava o "Viva a Noite". Agradecimentos: Abril, reprodução/SBT, hkuniochi, 8desetembro, claudiard1981, 9desetembro e FESTA388.
















sábado, 27 de outubro de 2012

ALEGRIA DA VIDA É APRENDER

Sônia Braga e Garibaldo em Vila Sésamo


Imagine ensinar para as crianças as cores, através da televisão em preto e branco? Loucura? Não, realidade desenvolvida com sucesso pela produção de "Vila Sésamo". O lançamento da primeira versão completa 40 anos em 2012.

O projeto vitorioso em diversos países nasceu nos Estados Unidos, criado pela Children's Television Workshop, em 1969. Os grandes protagonistas, em todas as edições realizadas, eram os bonecos criados por Jim Henson, o "pai" dos Muppets. A versão americana tem 37 temporadas, com 4.135 episódios.

A TV Cultura e a Rede Globo tinham interesse em fazer a versão brasileira do infantil. A co-produção entre as duas emissoras nasceu para preencher faltas que ambas tinham para produzir a atração sozinhas. A Cultura não tinha grana suficiente, mas a Globo não dispunha de estúdios livres para gravar no Rio de Janeiro. Então, a emissora educativa entrou com suas dependências em São Paulo, além de uma parceria com a Xerox, e o canal de Roberto Marinho entrava com o restante do valor pelo pagamento de direitos.

Mas nem tudo foi fácil. Os diretores americanos queriam que o programa brasileiro chama-se Rua Sésamo. A ideia era fazer a tradução literal do original gringo, "Sesame Street". Cláudio Petraglia, diretor da TV Cultura, pediu para o cenógrafo Ferrara fazer umas fotos de algumas vilas no bairro paulistano do Bexiga. Petraglia achava que "Rua" não ficava bem para o Brasil. A partir das fotos e do projeto cenográfico produzido por Ferrara, o diretor defendeu que aqui, a realidade era mais comum em vilas.

Atores e bonecos na mesma vila

O infantil tinha uma produção nacional, e exibia trechos dublados do programa dos Estados Unidos. São conhecidos dos baixinhos brasileiros o sapo Caco, a dupla Ênio e Beto, e muitos outros. Em terras tupiniquins, os atores Paulo José, Flávio Migliaccio, Milton Gonçalves, Aracy Balabanian, Armando Bogus e Sônia Braga contracenavam com bonecos como o mal-humorado Gugu, o rato-elefante Funga-Funga, além da participação de crianças carentes no programa.

O Garibaldo brasileiro, vivido pelo ator Laerte Morrone, merece um destaque especial. O pássaro gigante, na versão yankee Big Bird, tinha um monitor dentro da fantasia, para o manipulador ver o que acontecia em cena. No formato brasuca, sem muita verba, Laerte passava muito calor dentro do boneco, e enxergava o mundo em sua volta por uma pequena abertura na roupa da ave. Por isso, Garibaldo era maluquinho, bem diferente de seu primo americano.

"Vila Sésamo" ensinava as letras, as cores, os números, além de transmitir noções de higiene, saúde,  convivência social e valores humanos de maneira alegre e divertida. A parceria Globo/Cultura durou até 1974, quando a emissora carioca pôde assumir sozinha a produção. Esta primeira versão ficou no ar até 04 de março de 1977. Muitos adultos, que cresceram assistindo o programa, pediam a sua volta. Foram atendidos, e em 29 de outubro de 2007, a TV Cultura traz novamente o infantil, repetindo a parceria com a produtora americana.

O pássaro azul

Até hoje a atração tem milhares de telespectadores espalhados pelo Brasil, através das emissoras educativas que exibem o programa. A fórmula continua a mesma, porém foram acrescentados elementos novos, como a linguagem da internet. Juntamente com "Cocoricó", "Vila Sésamo" é um dos campeões em licenciamento pela emissora da Fundação Padre Anchieta.

Vale a pena assistir alguns trechos do programa nas fases da Cultura, da Globo e a volta de "Vila Sésamo" nos anos 2000. Criatividade pura, em nome da educação! Curiosidade: o Garibaldo de 1972 era azul. 35 anos depois, o pássaro ganhou sua cor original, o amarelo.

Agradecimentos: Tiago43, BAUDATV, bobshuttle, RogerioAndre, davicurygomes, meubebenaweb, maxwell705, Veja e Reprodução/TV Cultura/TV Globo















sábado, 20 de outubro de 2012

O FESTIVAL DOS FESTIVAIS DO BRASIL

Marília Medalha, Edu Lobo e Quarteto Novo na final do Festival
Se para a arte moderna brasileira, o ano de 1922 representa um divisor de águas, 1967 foi um marco para a música nacional. Em 2012, o III Festival de Música Popular Brasileira, realizado pela TV Record, completa 45 anos.

Vamos entender um pouco da história deste programa. Solano Ribeiro foi o grande organizador do gênero, que estreou dois anos antes na TV Excelsior, com excelentes resultados. A Record havia encontrado nos programas de auditório um caminho de sucesso e uma solução para sua falta de estrutura, já que seus estúdios tinham sido destruidos por incêndios, sobrando apenas o teatro. Paulinho Machado de Carvalho, diretor da emissora, criou uma faixa de programas musicais, que deu muito certo. Mas para completá-la, tirou Solano da Excelsior, onde revelou Elis Regina com "Arrastão" (Edu Lobo e Vinicius de Moraes), e passou a promover festivais.

O canal 7 paulistano crescia em audiência dia a dia, sendo a líder entre as emissoras de São Paulo (naquela época ainda não existia rede). As quatro edições realizadas lá são lembradas até hoje como as mais importantes da história. Porém em 1967, graças ao contexto político nacional, os rumos da MPB foram definidos nos palcos da Record. Grandes nomes foram revelados ali: Gilberto Gil, Caetano Veloso, o quarteto MPB4, Rita Lee e Os Mutantes. Outros se firmaram como talentos inquestionáveis como Elis, Chico Buarque e Edu Lobo.

O surgimento de "Monstros Sagrados"

O Tropicalismo nasceu naquele festival, Roberto Carlos cantou um samba (talvez o único até hoje), a polêmica guitarra elétrica arrepiou o júri, e Sérgio Ricardo quebrou um violão e jogou no auditório, que vaiva sua música "Beto bom de bola". Algumas das canções desta competição são lembradas e cantadas até hoje. Curiosidades: a ordem dos festivais aconteceu independente da emissora. O primiero foi na Excelsior, mas do segundo ao quinto, com o título de Festival de Música Popular Brasileira, aconteceram na Record. Um dos jurados desta edição foi o humorista Chico Anysio.

A classificação ficou da seguinte forma:
  1. Ponteio (Edu Lobo/Capinam) - Intérpretes: Edu Lobo, Marília Medalha e Quarteto Novo
  2. Domingo no Parque (Gilberto Gil) - Intérpretes: Gilberto Gil e Os Mutantes
  3. Roda Viva (Chico Buarque) - Intérpretes: Chico Buarque e MPB4
  4. Alegria, Alegria (Caetano Veloso) - Intérpretes: Caetano Veloso e os Beat Boys
  5. Maria, Carnaval e Cinzas (Luiz Carlos Paraná) - Intérprete: Roberto Carlos
  6. Gabriela (Francisco Maranhão) - Intérprete: MPB4
Elis Regina foi escolhida a melhor intérprete, defendendo a canção "O Cantador", de Dori Caymmi e Nelson Mota. Ah, a apresentação primorosa do festival ficou por conta dos inesquecíveis Blota Júnior e Sônia Ribeiro. É engraçado ver  Blota perguntando para alguém na plateia se o violão jogado por Sérgio o havia machucado. Esse "lançamento instrumental" e toda a competição, de acordo com o livro comemorativo dos 45 anos da Record, rendeu uma audiência de 95% dos televisores, um marco até hoje imbatível.

Uma noite inesquecível

Caetano Veloso, intéprete e autor de "Alegria, Alegria"
Um registro marcante, não apenas para a nossa telinha, mas para a história da nossa música, e até mesmo da trajetória nacional. O povo encontrou uma forma de contestar todo sistema que estava instalado, e reprimindo cada vez mais, através de canções e do talento genuinamente brasileiro.

Vale a pena conferir o documentário sobre este festival, realizado por Renato Terra e Ricardo Calil: "Uma Noite em 67", de 2010. No filme, há depoimentos dos cantores que estiveram naquela noite, de Solano Ribeiro, Paulinho Machado de Carvalho, diretor geral da Record na época, além de relatos sobre os bastidores do programa e outros fatos como a passeata contra as guitarras elétricas.

Vamos rever as vencedoras do III Festival de Música Popular Brasileira, além de "O Cantador" e "Beto bom de bola". Se bem que quem saiu ganhando, na verdade, foi o público!

Agradecimentos: Arquivos1000, ponzaum, Glauco Malagoli, lumathias, Renato Boemer, aoseudisporr, TheM209 e Abril


 "O Ponteio"


 "Domingo no Parque"


 "Roda Viva"


 "Alegria, Alegria"


 "Maria, Carnaval e Cinzas"


 "Gabriela"


"O Cantador"


 A clássica cena de Sérgio Ricardo

CRÍTICA - SANGUE NOVO, PÚBLICO NOVO, TRADIÇÃO RENOVADA

Um fenômeno. Esse foi o adjetivo mais utilizado para definir "Avenida Brasil", novela de João Emanuel Carneiro, que teve seu último capítulo apresentado pela Globo na última sexta (19/10). Não concordo tanto com esse termo. O sucesso de Nina, Carminha e cia. foi resultado creditado mais na pesquisa de mercado, no conhecimento do seu público, e claro no talento de seus profissionais, do que uma mera obra do acaso.

Muitos apostavam, e há quem ainda aposte, que o gênero novela como o conhecemos é demasiadamente ultrapassado, ninguém mais se dispõe a ficar de seis a oito meses acompanhando uma história etc, etc. Atualmente, com a chegada da internet e suas redes sociais, segundo esses mesmos críticos, a tendência é a audiência desses produtos cair gradualmente. Os índices davam mais força para essa opinião. "Laços de Família" (Globo,2000), de Manoel Carlos, registrou média de 45 pontos. Dez anos depois, "Passione" (Globo, 2010), de Silvio de Abreu, fechou com 35 durante sua exibição, segundo dados do IBOPE.

Neste intervalo também aconteceram suas exceções, como "Senhora do Destino". Escrita por Aguinaldo Silva em 2004, a novela alcançou em média 50 pontos. Mas como explicar o sucesso dessas duas histórias em especial, junto a uma geração que não tem na televisão a sua única diversão? O roteiro e o reconhecimento da transformação de uma sociedade pela emissora.

A ascensão da chamada classe C sacudiu a economia nacional em todos os sentidos. Não poderia ser diferente com a televisão. As novelas produzidas pela Globo sempre mostraram um Brasil rico, calcado no pensamento de que todo mundo gosta do luxo, especialmente quem não vive nele. A estabilidade monetária e o aumento do poder aquisitivo do trabalhador, permitiu uma renovação no público consumidor de novela. O povo quer se ver na TV, mas não como figurante, como acontecia antes, e sim protagonista. Os bairros do Leblon e Ipanema agora devem dar espaço para o subúrbio carioca, assim como as demais periferias brasileiras.

"Avenida" parou a presidente do Brasil

Quanto ao reconhecimento regional, a emissora dos Marinho já avançou um pouco. "Cheias de Charme" foi uma trama produzida com elementos atrativos especialmente ao povo de Belém do Pará, onde a audiência do horário das 19h estava numa séria crise. "Avenida Brasil" colocou o brasileiro comum como estrela principal de seu enredo. João Emanuel vem provar que é necessário sangue novo no time de autores da teledramaturgia nacional. Sua novela também mostrou que sim, um folhetim ainda é capaz de prender a atenção do público por sete meses, mesmo com internet! Aliás, as redes sociais eram um complemento para os telespectadores. Milhares de pessoas assistiram ao seu desfecho fazendo comentários em suas páginas pessoais nestes sites.

Porém a maior confirmação de que o formato ainda é forte foi a mobilização nacional que provocou. Bolões de apostas foram feitos aos milhares, para adivinhar quem foi o assassino de Max (Marcelo Novaes). Várias pessoas saíram apressadas de seus trabalhos para chegar mais cedo em suas casas, para não perder a novela. Até a presidente Dilma Rousseff deu um jeitinho na agenda para assistir a conclusão da trama do fictício bairro do Divino.

O público que consome novela mudou, e a Globo despertou para essa realidade. Claro que sua iniciativa não foi pioneira. A Record já havia dado o "tratamento global" para novelas mais populares, como "Prova de Amor"(2005) e "Vidas Opostas"(2006). Mas como a líder de audiência possui o chamado "know-how"(conhecimento) e o talento, não apenas artístico, mas também técnico, os reflexos dessas implementações ganham dimensões gigantescas. O segredo está em conhecer o público para quem se está falando, e um bom roteiro sempre, pois no caso das novelas, o hábito já está mais que consolidado e seguirá assim por muitos anos. Até a reviravolta do próximo capítulo. Agradecimentos: TV Globo.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

UM MALLANDRO EM FORMA DE GURI

Sérgio Mallandro em "Oradukapeta", no SBT, há 25 anos
O irreverente Sérgio Mallandro começou em televisão por acaso, convidado por Wilton Franco, o diretor de "O Povo na TV", no ar pela TVS-Rio. Não demorou muito até Silvio Santos chamá-lo para integrar o júri do "Show de Calouros". O animador viu naquele jurado um promissor apresentador de programas infantis.

Um verdadeiro sheik no harem da TV para baixinhos, repleto de apresentadoras, Sérgio estreou em 1987 o programa "Oradukapeta", um dos grandes sucessos de sua carreira e do SBT. Foi o primeiro apresentador masculino de programas infantis da emissora a aparecer "de cara limpa", ou seja, que não era um personagem como o Bozo. Mallandro no palco era tão criança, ou mais, do que a platéia que frequentou os estúdios da Vila Guilherme.

Além de vários desenhos animados, brincadeiras e sorteios, o programa tinha quadros como o goleiro Mallandroviski, o maior frangueiro de todos os tempos, que desafiava os meninos no chute a gol no palco. Também tinha o Super Mallandro, um super heroi atrapalhado, que sempre acabava arrumando confusão. Além dos bonecos anjinho, capetinha e o carteirinho, que trazia as correspondências da atração.

O quadro que mais marcou a trajetória do apresentador nasceu neste programa: "Porta dos Desesperados". Essa sátira ao quadro "Porta da Esperança" de Silvio Santos proporcionava para as crianças muitos brinquedos, jogos e bicicletas, ou um baita susto com um dos dois monstros que podiam sair das três portas. A molecada podia participar no palco ou em casa através de cartas. Mas para ser escolhido tinha que estar muito desesperado, gritar, se jogar no mar e se esgoelar depois de ver um tubarão, uma baleia, um polvo, um caranguejo, uma cobra, uma aranha (essa liberdade criativa é do Sérgio, não minha!!!) e muitos outros.

Não demorou muito e o apresentador também estava gravando discos para a garotada. Canções recheadas de "glu-glu", "yeah-yeah", "chu-chu", os bordões de Sérgio no programa, em pouco tempo estavam na boca da galerinha. Aliás, se nessa época, auge do "Xou da Xuxa" na Globo, era comum encontrar na rua várias "xuxinhas", graças ao "Oradukapeta" era possível encontrar diversos "mallandrinhos", usando macacão, tênis e boné de lado.

Mallandro sempre encerrava seu programa "deixando o seu coração" através de uma mensagem de otimismo e confiança no futuro dos brasileirinhos. O infantil ficou no ar nas manhãs do SBT até 1990, quando Sérgio Mallandro foi convidado pela Globo para ocupar o horário de Chacrinha, falecido em 1988, nos sábados.

Curiosidade: Xuxa e Sérgio Mallandro se conhecem desde muito jovens, no Rio de Janeiro. Os dois participaram juntos de "Cidade Contra Cidade", onde Silvio deu o nome artístico do futuro jurado e apresentador. Essa amizade permitiu que a Rainha dos Baixinhos levasse a "Porta dos Desesperados" para o seu programa "El Show de Xuxa" na Argentina.

Quem não viu vai ver, e quem já viu var de novo a abertura, alguns trechos e a famosa porta de prêmios e sustos de "Oradukapeta"

Agradecimentos: hkuniochi, elvisn, BAUDATV e Geração8090/SBT