sábado, 22 de dezembro de 2012

A MESMA PRAÇA, HÁ 55 ANOS

Manoel de Nóbrega e Golias na "Praça da Alegria"
Dando sequência às comemorações dos 25 anos de SBT, "A Praça é Nossa" irá relembrar os quadro prediletos do público que acompanha o humorístico há tanto tempo. Os telespectadores podem entrar no site do programa e escolher qual dos inesquecíveis personagens da praça quer rever durante as férias do elenco atual em janeiro. Porém, os Nóbrega têm muito mais o que comemorar. A criação de Manoel de Nóbrega, que deu origem à atração da emissora de Silvio Santos, completa 55 anos em 2012. "Praça da Alegria" nasceu em 1957, na TV Paulista.

Antes de ir para a telinha, Manoel fez grande sucesso escrevendo humor para o rádio. Passou por diversas emissoras no Rio e em São Paulo, onde conquistou grande audiência com o programa "Cadeira de Barbeiro". O humorista trabalhava na Rádio Nacional, a maior potência de São Paulo, cujo proprietário era Victor Costa. O dono da rádio virou dono de televisão ao comprar a TV Paulista, canal 5 (atual TV Globo-SP). Todo o seu elenco passou a trabalhar também no novo meio de comunicação.

Victor Costa precisava erguer a audiência do seu canal, que estava muito distante das TVs Tupi e Record. Solicitou para Nóbrega a criação de uma nova atração, para entrar no ar imediatamente, em janeiro de 1957. O radialista pediu apenas 15 dias de férias e, na volta, bolaria o programa. Manoel foi para Buenos Aires, capital da Argentina. Na janela do hotel onde se hospedou, observava um senhor que ficava sentando num banco de uma praça em frente, sempre lendo um jornal. Todos os dias esse senhor estava lá, e conversava com os amigos inusitados que por ali passavam e se sentavam no banco. Nascia aí a fórmula humorística mais duradoura da história da televisão brasileira.

Ao chegar ao Brasil, Manoel de Nóbrega "inaugurou" a praça mais famosa do país, e se tornou sucesso nacional. Carlos Alberto de Nóbrega, filho de Manoel e um dos primeiros redatores do programa, costuma chamar a fórmula de "ovo de Colombo". A emissora não teria gastos com cenário, bastava uma tela pintada com árvores ao fundo de um banco de praça. Nele tudo poderia acontecer, e teria a identificação de todo o público, em qualquer lugar do Brasil, pois em todo lugar existe uma praça.

O dono do Baú e o banco dos Nóbrega

Silvio e Manoel em 1972
Como não existia rede, Nóbrega e seu elenco viajavam semanalmente para cidade maravilhosa, para apresentar o humorístico na TV Rio. A atração permaneceu na TV Paulista até o início dos anos 1960, quando se tranferiu para a TV Record. Em 1972, o humorístico passou a integrar o "Programa Silvio Santos", que estava na TV Globo. Pouco tempo depois, Manoel deixou de fazer a "Praça", mas permaneceu com Silvio, sendo jurado do "Show de Calouros".

Em 1976, Manoel de Nóbrega faleceu aos 62 anos, vítima de câncer. O programa ficou adormecido até 1977. Como homenagem após um ano do falecimento de seu criador, a Globo, por iniciativa de Carlos Alberto, retoma a "Praça" como um especial dentro do programa de Chico Anysio. O sucesso foi tamanho que ganhou espaço fixo na grade, mas quem se sentava no banco era o apresentador Miéle. A emissora manteve o programa no ar até 1978, quando ficou novamente apenas na memória do público.

Um mal-entendido do passado afastou Carlos Alberto de Nóbrega de Silvio Santos por 11 anos. As pazes foram feitas pelo sonho que ambos tinham: retomar a praça na TV. Após uma rápida passagem pela TV Bandeirantes, com "Praça Brasil", o redator chega ao SBT, então TVS, para comandar diretamente do banco mais famoso da telinha, "A Praça é Nossa", desde 07 de maio de 1987.

Talento "pra dobrar a esquina"

Muitos foram os tipos que foram eternizados no programa com Manoel e com Carlos Alberto: a velha surda (vivida por Rony Rios), o mendigo (que rendeu a marchinha "Me dá um dinheiro aí" ao seu intérprete, o showman Moacyr Franco), o homem de Itu (com Simplício, que deu fama à cidade onde tudo era grande), Cremilda (a grã-fina, esposa esnobe de Oscar, interpretada por Consuelo Leandro), e muitos outros. Merecem destaque o comediante Canarinho, ainda no elenco do programa, e o inesquecível Ronald Golias, que com Pacífico (Ô Cride, fala pra mãe...), Professor Bartolomeu Guimarães, Isolda e o Mestre, entrou definitivamente na história da nossa TV, e da "Praça" também.

Curiosidades: só na fase do SBT, já passaram pelo banco mais de 120 artistas. Na estreia da "Praça da Alegria", Silvio Santos esteve lá, para relembrar com Manoel os primeiros tempos do animador em São Paulo, a acolhida de Nóbrega e a gratidão eterna pelo Baú da Felicidade. Quinze anos depois, o dono do SBT repetiu o gesto e a emoção com Carlos Alberto. Silvio não se sentia à vontade tendo Manoel como seu funcionário, já que tudo o que tinha até então foi fruto de uma empresa que foi do radialista antes. O "contrato" do humorista, segundo a biografia "A Fantástica História de Silvio Santos", era verbal, e ele recebia da produtora do animador o quanto queria. Em 1957 quem primeiro se sentou no banco foi o filho de Manoel de Nóbrega, juntamente com Ronald Golias.

Lamentavelmente não existem muitos registros em vídeo do programa. Na TV Paulista era transmitido ao vivo, e não existia o vídeo tape. Os incêndios da Record destruíram grande parte do acervo também deste humorístico. A antiga sede da produtora Studios Silvio Santos perdeu muitos programas do seu arquivo devido às enchentes do bairro onde se localizava, a Vila Guilherme. Porém os únicos trechos da "Praça" com Manoel de Nóbrega são da época em que a atração estava com o ex-dono do Baú. Vamos conferir alguns trechos do programa deste período. Agradecimentos: almanarkitapema.blogspot, anosdourados.blogspot, schimidttvalenha, AndreaM30 e calulinho.







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