sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

SS 50 ANOS - A PRIMEIRA VEZ


O ano de 2011 reserva muitas alegrias para Silvio Santos, e ainda há motivos para comemorar! Se engana quem pensa que vou falar dos 30 anos do SBT. Calma, tudo a seu tempo, ainda é muito cedo. Neste ano, Silvio completa incríveis 50 anos ininterruptos comandando programas de auditório na televisão brasileira. Mais um recorde para sua coleção.

A história começou assim: em 1961, o "Peru que Fala", apelido que ganhou de Manoel de Nóbrega, já tinha o Baú da Felicidade desde 1958, como sócio de Nóbrega no princípio. Silvio também já comandava um programa na Rádio Nacional de São Paulo. Após um calote que o pai de Carlos Alberto de Nóbrega levara do primeiro sócio do Baú, ele viu no jovem locutor carioca a salvação de seu negócio. A princípio, Silvio não queria ir, mas o fez pelo respeito, gratidão e admiração que sentia por Nóbrega, que o acolhera na capital paulista como um pai, sem nenhum tostão no bolso. Já naquele tempo ele demonstrava grande aptidão para os negócios: fazia shows em circo, com a "Caravana do Peru Que Fala", vendia anúncios em uma revista de passatempos chamada "Brincadeiras para Você", e tinha um bar chamado "Nosso Cantinho", em sociedade com um cunhado de Hebe Camargo.

Ao assumir o Baú, Silvio tratou de torná-lo conhecido em São Paulo, através de sua caravana e dos anúncios na Nacional. Deu certo, mas a empresa estava crescendo muito, e necessitava de mais publicidade. Foi então que resolveu apostar num veículo recém-chegado ao país, e que poucos o entendiam bem: a televisão. O locutor decide alugar um horário noturno na TV Paulista, canal 5 (atual TV Globo SP). A idéia era bem simples, um jogo de forca com os fregueses do Baú, que concorriam a vários prêmios. Esse era o "Vamos Brincar de Forca".

Engana-se quem pensa que essa foi a estréia de Silvio Santos na TV. Antes ele havia sido locutor de comerciais das extintas Lojas Clipper. O começo na telinha também marca o início do Grupo Silvio Santos. O animador pensou que a propaganda exaustiva do Baú iria cansar o telespectador. Para isso criou a Publicidade Silvio Santos Ltda. Para muitos essa empresa, encarregada de todas as cotas de comerciais dos programas do animador, seria o embrião do SBT.

"Vamos Brincar de Forca" ia ao ar às Quartas-feiras. Ficou em atividade apenas um ano, quando o dono da emissora, Victor Costa, pediu que Silvio comandasse uma atração de duas horas, a partir do meio-dia, com jogos, brincadeiras e prêmios aos domingos, já que não tinha nada na programação da TV Paulista nesse horário. O dono do Baú topou, e estreou o "Programa Silvio Santos".

Claro que não existe nenhum vídeo desse programa, talvez nem o SBT possua. Muita coisa antiga do seu arquivo se perdeu nas enchentes que castigaram sua antiga sede, no bairro da Vila Guilherme. Mas no aniversário de 15 anos da emissora, por ocasião da inauguração do Complexo Anhanguera em 1996, Silvio relembra esse início de carreira e cita o programa "Vamos Brincar de Forca". No discurso, ele credita todo o sucesso na TV e fora dela ao Baú da Felicidade.

E isso é apenas o começo dos posts especiais que faremos sobre esses 30 anos de SBT e 50 anos de Silvio Santos na telinha!

Assista!

Agradecimentos: 1980Russo, SBT.


Inauguração do CDT e discurso de Silvio Santos

QUEM, COMO E POR QUE MATOU???


Ando meio que esquecendo de falar de novelas. Isso é uma falta grave! Afinal, um blog sobre TV não pode deixar de tratar do nosso principal produto televisivo de exportação.

Uma das tramas mais famosas que nossa telinha já produziu, e particularmente é uma das minhas preferidas, foi "A Próxima Vítima", de Silvio de Abreu. A novela foi produzida pela TV Globo em 1995, e foi ao ar às 20:30.

Para alavancar a audiência, os novelistas às vezes recorrem ao "quem matou", um assassinato misterioso na história, que só irá ser solucionado no último capítulo. Nesta novela ambientada nos bairros do Bexiga e da Mooca, em São Paulo, não havia uma vítima e sim 11, que eram mortas no decorrer dos capítulos. A brincadeira de detetive mobilizou o país, algo semelhante com o "caso" Odete Roitman de "Vale Tudo"(TV Globo, 1988).

O desfecho da história, com a revelação do matador do Opala preto, foi gravado poucas uma hora antes de ir ao ar. Os editores trabalharam durante o "Jornal Nacional" e a exibição do material já editado antes. Isso fez com que "A Próxima Vítima" terminasse às 23h! Além disso, outros finais foram gravados. Na primeira exibição Adalberto (Cecil Thiré) foi preso pelas onze mortes. Em Portugal, e aqui no Brasil no " Vale a Pena Ver De Novo", Ulisses (Otávio Augusto) era o criminoso.

Além disso, a novela também discutia temas sociais importantes como racismo (nesse caso, família negra era bem sucedida) e homossexualismo (ficou famoso o personagem Sandrinho, vivido por André Gonçalves, que inclusive sofreu o preconceito na pele). Não dá pra esquecer do verdureiro Juca (Tony Ramos), que possuía uma barraca no Mercado Municipal, que inclusive existe lá até hoje!

"A Próxima Vítima" entrou para a história da teledramaturgia nacional e não sai da memória dos brasileiros que acompanharam essa irresistível trama.


Agradecimentos: librianasp, eltonmgs, leosempredemais, speedsonic e TV Globo


Abertura da novela


As vítimas


O Assassino - 1995


O Assassino - "Vale a Pena Ver De Novo" em 2000


Matéria exibida no "JN", antes do último capítulo em 1995

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

OS SÁBADOS MUSICAIS


Continuo a relembrar os programas sertanejos que invadiram a telinha no final dos anos 1980, com grande força. Tanto era que chegou a ter uma categoria no "Troféu Imprensa". Falando no SBT, a emissora apostou várias vezes nesse gênero. Nos seus primeiros 10 anos de vida, a TVS exibiu atrações como "Musicamp", e chegou a ter em seu elenco as duplas Don e Ravel, João Mineiro e Marciano e Chitãozinho e Xororó, que tinham seus musicais aos domingos, precedendo o "Programa Silvio Santos".

Mas o programa que foi o maior sucesso da emissora no gênero foi "Sabadão Sertanejo", comandado por Gugu Liberato. Criado em 1992, o musical veio substituir o "Viva a Noite", após 10 anos vitoriosos. Porém os tempos eram de vacas magras, o SBT passava por uma séria crise financeira. Por contrato, Gugu deveria ter, além das quatro horas das tardes de domingo, duas horas dos sábados à noite. A emissora então decidiu criar o sertanejo, aproveitando a alta desse tipo de música, fazendo o mínimo de reformas no cenário do "Viva a Noite". Gugu e suas bailarinas se vestiam à caráter, com direito a bota, chapéu e fivela no cinto.

"Sabadão Sertanejo" agradou tanto que, por muito tempo, era uma cinco atrações mais assistidas do SBT. Com o passar dos anos, o programa passou a receber artistas de vários gêneros musicais. Por isso tinha que mudar o nome. Durante pouco tempo se chamou "Paradão Sertanejo","Paradão", para finalmente consagrar o apelido "Sabadão" como título oficial.

Possuindo a grande audiência, "Sabadão" seguiu sendo o grande palco para o sucesso musical brasileiro. Os maiores nomes nacionais e internacionais tinha que bater o ponto no programa.
Em 2002, o formato passou a anteceder o "Domingo Legal", sendo então o fim do "Sabadão". Contando desde a sua estréia como apresentador, Gugu ficou à frente de uma atração noturna aos sábados por 20 anos no SBT.

Confira alguns dos artistas que passaram pelo "Sabadão Sertanejo", "Paradão" e "Sabadão".

Agradecimentos: SeraqueFoiSaudade, saulsv, blogshowklb, HIPHOPCOMPANY, lipea2007


Zezé Di Camargo & Luciano - Sabadão Sertanejo 1991


Banda Buffalo no Sabadão Sertanejo


A cantora mexicana Thalia, em 1997 no Sabadão


Latino no Sabadão


KLB canta Ela não está aqui

MODÃO BÃO ESSE NA RECORD!!!


Nessa época de férias muitas pessoas preferem o campo do que a praia para descansar do corre-corre das metrópoles. E nesses interiores desse país gigante por natureza, a parada de sucessos sempre foi diferente das grandes capitais. Mesmo hoje em dia, com internet, o povo de lá gosta de um gênero de música muito particular do brasileiro: a música caipira.

Para atender a esse público, já que parte dele também vive nas selvas de pedra, as emissoras também investiram em programas musicais sertanejos. Um deles, que obteve grande sucesso durante sua exibição, foi o "Especial Sertanejo", da TV Record.

O programa surgiu juntamente com o estouro das grandes duplas nacionais, como Milionário e José Rico, Chitãozinho e Xororó, e mais tarde, Leandro e Leonardo e Zezé di Camargo e Luciano. A atração teve o comando inicial do cantor Donizeti (aquele do "Galopeeeeeeeeeeeeeeeeira"), mas ficou marcada com a apresentação do sertanejo Marcelo Costa. Quem via a atração lembra do bordão "caba não, mundão" e " ô lugarzinho abafadinho"(detalhe: por muitos anos, o Teatro Paulo Machado de Carvalho, onde era gravado o "Especial", não tinha ar condicionado).

Um dos quadros mais marcantes do musical era a Sala do Tião Carreiro, em que eram reunidas duplas novatas com grandes nomes da música raíz, ou mesmo cantores consagrados cantando clássicos da moda de viola. O nome do quadro é uma homenagem a este ícone da música caipira, falecido em 1993.

"Especial Sertanejo" ficou no ar 15 anos, encerrando suas atividades em 1998, sempre às Quartas-feiras. Marcelo Costa foi para a TV Gazeta comandar o "Família Sertaneja", nos mesmos moldes do "Especial", que ficou no ar até 2001. Hoje o apresentador segue apenas com sua carreira de cantor, e o famoso programa da TV Record está agora na Rádio Record.

Assista algumas apresentações do programa e a homenagem prestada nos 50 anos da emissora.

Agradecimentos: uen11, DoctorHer, zicktuco, edmilsonmatiasrcc1.


Gilberto e Gilmar - Só mais uma vez


Marcelo Costa canta no "Especial"


Teodoro e Sampaio - Vestido de Seda


Marcelo Costa: 15 anos de "Especial Sertanejo"

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

A TV SOLIDÁRIA


É impossível ficar indiferente à tragédia que aconteceu nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo, castigados pelas chuvas. São ruas alagadas, casas inundadas, trânsito caótico e famílias desabrigadas na capital paulista e em algumas cidades, como Franco da Rocha. Em terras fluminenses, a situação ainda é pior, pois as fortes chuvas provocaram deslizamentos e uma devastação nunca antes vista nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis, Sumidouro e Petrópolis. A destruição superou a última grande tragédia climática acontecida em Caraguatatuba-SP, em 1967, segundo informações da TV Globo. Até o momento são 511 mortos, também de acordo com dados da emissora dos Marinho.

Em momentos como esse, a televisão se mobiliza em dois sentidos: fazer a cobertura dos fatos, sua obrigação como veículo de comunicação, e ajudar essa população de alguma maneira. E isso não é de hoje.

A Globo, em 1966, abriu as portas de sua sede no Jardim Botânico-RJ para receber roupas, alimentos e remédios para as vítimas da grande enchente que atingiu o Rio naquele ano. Walter Clark, diretor geral na época, mandou o departamento de jornalismo fazer a cobertura do temporal durante quase o dia todo. Além de dar assitência aos desabrigados, a emissora conquistou assim a simpatia dos cariocas, que a fizeram líder de audiência até hoje.

Anos mais tarde, em 1985, Renato Aragão, sensibilizado com a grave seca que castigava o nordeste naquele ano, pediu para Boni, então superintendente operacional da Vênus Platinada, que liberasse seu programa para fazer uma campanha para arrecadar fundos em favor daquele povo. O diretor não só abriu o espaço de "Os Trapalhões" como cedeu o domingo todo. Foi assim que nasceu a campanha "Criança Esperança", no ar há 26 anos.

Em 2008, no estado de Santa Catarina, e em 2010 nas Alagoas e em Pernambuco, o Instituto Ressoar, ligado à TV Record, arrecadou fundos para as famílias que ficaram desabrigadas, vítimas das tempestades nesses locais. Para os catarinenses, o instituto chegou até a doar casas.

Há quem desconfie dessa generosidade eletrônica sob vários aspectos, desde a real intenção até o encaminhamento real e total dessa ajuda conquistada com a colaboração de milhões de telespectadores. Pelo menos até hoje, nunca houve uma denúncia de falsa promessa por parte dessas pessoas. E mais, as emissoras também mostram em seus telejornais e demais programas, o recebimento desses recursos pelos mais necessitados.

É preciso elogiar também a cobertura jornalística que tem sido feita nas cidades atingidas pelos temporais. O "Jornal Nacional" saiu do estúdio e foi para o local da tragédia obter as últimas informações ao vivo, e se solidarizar com o povo. Todas as emissoras montaram estruturas e estão transmitindo direto de ruas cheias de lama, ruínas de residências e morros onde antes existiam casas.

Parabéns para todas as equipes de TV que estão realizando um grande e importante registro de como a falta de planejamento, urbanização consciente e estrutura podem resultar em trágicas consequências para cidades inteiras.

Confira o início do "JN" do dia 13 de janeiro, ao vivo de Teresópolis, uma das cidades destruídas por consequência da chuva.

Com informações de: g1.com.br
Agradecimentos: vertv2011 e TV Globo

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CARROSSEL-20 ANOS


Em janeiro, há alguns anos atrás, era comum a televisão rechear sua programação com reprises, os "melhores momentos", como eram conhecidos os repetecos de atrações cujos apresentadores estavam de férias. Essas atrações só voltavam ao batente após fevereiro ou março, sendo que no caso da Globo a nova programação só estreava em abril, no aniversário do canal! Hoje em dia só o Jô Soares possui tal privilégio.

Aqui no Loucura não temos férias!!! Então vamos continuar falando sobre nosso assunto preferido: televisão. Aliás, férias lembram crianças também. Nesse período elas também curtem o descanso das aulas. E pensando nelas, lembrei-me de um sucesso que estreou há 20 anos no SBT: "Carrossel".

A novela produzida pela emissora mexicana Televisa em 1989, chegou à emissora de Silvio Santos em um momento delicado da empresa. A economia nacional não ajudava em 1991. Os planos econômicos causaram prejuízos em todo o país, e o SBT estava no vermelho desde sua inauguração em 1981. Seu maior investimento em dramaturgia na época, "Brasileiras e Brasileiros", com Edson Celulari e direção de Walter Avancini, foi um retumbante fracasso. Aos 10 anos de existência, Silvio queria vender a emissora, quando adquiriu a história da professora Helena e os alunos da Escuela Mundial. A princípio, a trama não seria exibida naquele ano, mas a Televisa não tinha outras produções disponíveis.

A simplicidade dos cenários, figurinos e diálogos fizeram com que o público se identificasse com a história logo de cara. Os conflitos do dia-a-dia das crianças, junto com os problemas dos adultos como a separação de seus pais, encantavam o público. É claro que a rotina dos aluninhos também era retratada, assim como suas dificuldades como os problemas de matemática, o primeiro amor, as panelinhas, as travessuras, as diferenças entre meninas e meninos, além das diferenças de classes e até de raça. O racismo de Maria Joaquina, loira e rica, para com o colega Cirilo, negro e pobre, é uma das tramas mais famosas de "Carrossel". Nem mesmo quando o garoto ficou rico a loirinha abrandou o coração. A atriz Gabriela Rivero, a intérprete da professora Helena, visitou o Brasil, e teve tratamento de pop star, com direito a descida da rampa do palácio do planalto, acompanhada do então presidente Fernando Collor. Coisa fina!

A novela era exibida durante o "Jornal Nacional" na Globo, e fez um estrago na audiência do telejornal, chegando a marca de 20 pontos. Na época de seu lançamento foram lançados discos, álbum de figurinhas, brinquedos, além de materiais escolares. A produção foi reapresentada pelo SBT mais quatro vezes, sempre com grande sucesso. O remake de "Carrossel", "Viva as Crianças-Carrossel 2", foi apresentado pela emissora do dono do Baú nos anos 2000, mas antes levou ao ar "Carrossel das Américas", ambas também produzidas pela Televisa.

Ainda hoje são muitos os pedidos para que o SBT reapresente a trama original. A saudade do público é grande. Enquanto a novela não volta, a gente mata a saudade aqui no Loucura. Confira a abertura da novela, um resumo do primeiro capítulo, três sequências bem legais e a cena final da história. Embarque você também nesse carrossel!

Agradecimentos: ARQUIVOTV, tarcisio21, fabianamedeiros, parmaf12, viniciusnpo, emule.com.br.