domingo, 25 de julho de 2010

NOSTALGIA GALÁCTICA


Nessa semana, vasculhando os milhares de vídeos que existem na internet, um deles me chamou a atenção e me fez recordar um período que não volta mais, porém está bem guardado no coração de todos: a infância.

Quem foi criança especialmente nos anos 80 deve se lembrar dos seriados japoneses que fizeram a cabeça da garotada, pela Rede Manchete de Televisão. Um deles foi febre no Brasil: O Fantástico Jaspion, ou simplesmente Jaspion. O guerreiro galáctico chega às telinhas brasucas para rechear a programação infantil da emissora de Adolpho Bloch, já que ela não podia contar com os desenhos animados dos grandes estúdios americanos, que estavam exclusivamente com a Globo e o SBT.

Jaspion ainda bebê sobrevive ao ataque que sua família sofreu por piratas espaciais. O órfão é criado pelo Mestre Edin, que lhe apresenta e o prepara para sua missão: destruir Satã Goss, o poderoso mutante do mal, que pretende fazer da terra um planeta dos monstros. Para ajudar, Jaspion conta com a atrapalhada andróide Anri e a alienígena Miya, que deve ter servido de inspiração para os Teletubbies. No lado negro da força, o time é composto por McGaren, o filho único de Satã Gosss (mimado como tal, e ruim de braço como ninguém!), as bruxas galácticas Kilza e Kilmaza (quem esquece aquela castanhola maldita!), Purima e Gyoru. Foram vários os vilões que passaram, mas todos iam sendo destruídos no decorrer do seriado.

Para derrotar Satã Goss, segundo a Bíblia Galáctica, era necessário reunir as cinco crianças e um bebê, irradiadas pela luz do Pássaro Dourado. Jaspion também contava com alguns brinquedinhos tecnológicos, como todo bom japonês, para cumprir sua missão, como a sua armadura Metaltex (feita com o metal mais resistente do universo), o tanque de guerra Gabin (muito mais moderno do qualquer similar da vida real, mesmo os japoneses!), a Allan Moto Space e a nave espacial, e robô gigante de batalhas nas horas vagas, Daileon.

O seriado foi produzido no início dos anos 80 pela Toei Amination, no Japão. No final da mesma década foi comprado pela Rede Manchete que o exibia dentro do programa Clube da Criança, comandado por Angélica. Já nos anos 90, tendo o mesmo problema da emissora carioca, a Rede Record reapresentou Jaspion dentro do programa Tarde Criança com Mariane, com uma vantagem: a emissora dos Bloch fez do herói japonês o seu Chaves, ou seja, era o grande coringa da sua programação, e muitas vezes não exibia o último episódio, para manter a expectativa do público mirim. A Record também tinha Jaspion como sua carta na manga, mas apresentava a saga completa, do princípio ao fim.

Jaspion não foi o primeiro e nem será o último herói da terra do sol nascente a fascinar as crianças brasileiras, os Power Ranges (que é uma co-produção entre americanos e japoneses) estão aí e não me deixam mentir. Mas para todos aqueles que o acompanharam, fica uma saudade do mundo da fantasia em que viviamos e das aventuras que nos entretinham por horas após a escola.

Matem essa danada dessa saudade com os vídeos de Jaspion.


Abertura de Jaspion


A Derrota do Poderoso Satã Goss


Os Bastidores do Seriado


Encerramento do programa

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O GRANDE FURO DA MTV


Há algumas semanas, eu falei sobre o atual momento humorístico que vive a televisão brasileira. Uma das coisas boas que surgiu é o Furo MTV, comandado por Dani Calabresa e Bento Ribeiro.

A atração estreou despretensiosamente no ano passado, e se mostra como uma excelente opção de humor na TV. O programa apresenta as notícias mais importantes do dia, recheadas com sarcasmo, ironia e tiradas inteligentes.

A sintonia entre o casal apresentador é importante para que o jornal não tenha um ator principal e um coadjuvante, ou escada (como é chamado o colega que prepara a piada para o parceiro em cena. Carlos Alberto de Nóbrega é um bom exemplo). Aliás essa função também é dividida entre os dois.

O que é melhor: como o Furo MTV é factual, não se torna cansativo ou repetitivo. Sua equipe de redatores não tem limites. Fazem piada de tudo e de todos, inclusive deles mesmos e sua audiência no IBOPE (se Dani estivesse lendo isso diria "que audiência!"). É uma alternativa para quem não sabe o que assistir na TV.

Embora não seja essa a intenção, o programa também resgata um pouco da crítica escrachada e bem-humorada, que um dia fez despontar a turma do Casseta & Planeta Urgente, na TV Globo. Talvez seja buscando nas sua origens a porta para o caminho da renovação tão necessária para a atração global.

O Furo vai ao ar de segunda a sexta, as 22:00h, com reprise de segunda a quinta a 1:00h. Parabéns para a MTV, por colocar no ar tão bom programa, incentivando assim a busca por novos talentos, não só na frente mas também atrás das câmeras, principalmente redatores e produtores. Se não abrirem a "panelinha", o que tiver dentro um dia envelhece ou estraga, mesmo na geladeira!

Agradecimentos: LeMacPictures

Confira uma das edições do jornal-humorístico!


domingo, 11 de julho de 2010

O PRIMEIRO TELEJORNAL DO SBT



Todo mundo sabe que o jornalismo nunca foi o forte do SBT, embora o primeiro gênero a ir ao ar na emissora foi a reportagem que cobria a cerimônia de concessão da própria televisão, em 19 de agosto de 1981, em Brasília. Para se ter uma idéia do heroísmo dos jornalistas e técnicos, naquele dia o único retorno da qualidade da transmissão era um telefone na portaria do Ministério das Comunicações.

Antes disso, a TVS, primeira emissora de Silvio Santos, já tinha um "telejornal", feito com notícias sem atualidade. Funcionava assim: a produção lia principalmente revistas para buscar assuntos que, na linguagem jornalística eram "frios" e poderiam ser exibidos em qualquer dia que não faria diferença. O curioso desse informativo que estreou no canal 11 do Rio em 1977 é que ele era gravado em São Paulo, onde ficavam os estúdios do animador, e reprisado de segunda à sábado! Para ilustrar as reportagens, eram exibidas fotografias recortadas das prórpias revistas!

Já com a sua rede, o dono do Baú resolveu revolucionar! Lançou o primeiro telejornal matutino em rede nacional, às 7:30 da manhã, o Noticentro. O nome é uma tradução literal do seu modelo americano (News Center). O jornal adotou uma apresentação mais descontraída, os apresentadores conversavam entre si, se despediam do publico de mãos dadas e assim saíam, na penumbra, enquanto rolavam os créditos finais. Quem apresentava eram os jornalistas Gilberto Ribeiro, Antônio Casale, Lívio Carneiro e Jorge Helal, todos vindos da extinta TV Tupi. Uma das repórteres dessa época continua no SBT até hoje. É Magdalena Bonfiglioli, que hoje está no Programa do Ratinho. Outra figura conhecida do grande público era Felisberto Duarte, o Feliz, o famoso homem do tempo. O jornal conquistou o público.

O Noticentro saiu das manhãs em 25 de fevereiro de 1982 e ganhou o horário nobre, das 18 às 19h. Apesar de ser o principal telejornal da casa, a filosofia do jornal seguia a filosofia do SBT, com uma programação popularesca. Apesar de diferente, nunca o noticiário conseguiu ser uma opção real ao seu maior concorrente, o Jornal Nacional na Globo. A estrutura que a emissora dispunha era muito menor do que a da concorrente. E tinha um outro detalhe: durante sua existência, o Noticentro conviveu com a dívida que a emissora possuía desde quando foi inaugurada. Silvio Santos só se livrou dessa dor de cabeça em 1992, quando a empresa passou a gerar resultados financeiros positivos.

O primeiro telejornal do SBT ficou no ar até 1988, quando estreou o TJ Brasil, com Boris Casoy, para elevar o nível de qualidade da programação. Por ter exatamente 29 anos, é muito difícil encontrar material do Noticentro no YouTube. O que encontrei foi essa reportagem da época em que Silvio Santos queria ser candidato a prefeito da capital paulista, e havia recebido a visita do empresário Antônio Emírio de Moraes.

Agradecimento: AndreiaM30 e marioluciodefreitas
Fonte: A Fantástica História de Silvio Santos, Arlindo Silva (Ed. do Brasil, 2000)


Noticentro: Silvio Santos e Antônio Ermírio de Moraes (Parte 1)


Noticentro: Silvio Santos e Antônio Ermírio de Moraes (Parte 2)

sábado, 3 de julho de 2010

CHACRINHA, A CARA DO BRASIL


Nesta semana, mais precisamente no dia 30, completou-se 22 da partida do grande comunicador do Brasil: José Abelardo Barbosa de Medeiros, o famoso Chacrinha.

Até este pernambucano de Surubim surgir no rádio, os programas eram muito formais, especialmente seus apresentadores. Abelardo trouxe o jeitão brasileiro de se comunicar. E olha que foi por acaso que ele foi parar na frente do microfone.

Ele iria ser médico. Enquanto estava na faculdade, adoeceu e perdeu as provas. Virou baterista de uma banda e ia viajar para a Europa com o conjunto, para ganhar uma graninha. Mas, no meio do caminho tinha uma guerra, tinha uma guerra no meio do caminho. O conflito iniciado por Hitler no velho continente mudou o rumo do navio, onde estava Abelardo, para o Rio de Janeiro. Mal sabia que sua vida também se transformaria por completo.

Na então capital federal, ele se encantou pelo rádio e pela badalação dos famosos nos cassinos. Depois de algum tempo como locutor comercial, ganha um espaço no final da programação da rádio que ficava numa chácara. Resolveu então reproduzir no rádio uma festa num cassino. Por isso o programa foi chamado de Cassino da Chacrinha. O programa era um verdadeiro sucesso, mas ninguém sabia que o locutor era Abelardo Barbosa, e sim um louco da chacrinha. Taí o apelido famoso.

Nos anos 50, Chacrinha foi para a TV, inaugurá-la com o programa Rancho Alegre. Logo, o Velho Guerreiro lançou vários de seus sucessos na telinha, como A Buzina do Chacrinha, Discoteca do Chacrinha e Cassino do Chacrinha. Durante quase trinta anos na TV, esteve com tudo e não esteve prosa no IBOPE, sendo sempre uma das maiores audiências de qualquer emissora. E passou por várias: TV Tupi, TV Record, TV Bandeirantes, TV Excelsior, TV Rio, e encerrou sua carreira na TV Globo. Foi um assíduo frequentador da ponte aérea, pois na época em que não existiam as redes, o apresentador comandava seus programas em dias alternados no Rio e em São Paulo. Além dos shows que fazia pelo Brasil inteiro.

Na emissora dos Marinho, Chacrinha passou duas temporadas. Na primeira, em 1967, juntamente com Dercy Gonçalves e Silvio Santos, formava a programação popularesca, assim definida pelo então diretor José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni. Ou seja, não tinha o idealizado Padrão Globo de Qualidade, mas davam audiência. O apresentador saiu da Globo em 1972, voltando só 10 anos depois, no auge da carreira.

Para ser sincero, são muito poucas as lembranças que tenho do Chacrinha na TV. Tudo o que lembro são imagens de arquivo, exibidas eventualmente. Quando descobriu que estava com câncer de pulmão, e necessitava se internar, foi substituído pelos humoristas Agildo Ribeiro e João Kleber (sim, ele foi global um dia!).

O que é muito divertido ver nos programas dele são os calouros, os concursos mais malucos da TV, os musicais e as Chacretes. Claro que todos os truques de um bom comunicador são uma veradeira aula para qualquer estudante dessa maquininha de fazer doidos, ou para quem quer ser parecido com ele. Apesar de ser dele a frase "na TV nada se cria, tudo se copia", Chacrinha foi o mais original dos apresentadores brasileiros, o mais brasileiro.

Para quem conhece e para quem não conhece, aqui está a volta de Chacrinha para a TV Globo em 1982, e o programa especial Por Toda a Minha Vida, em homenagem ao Velho Guerreiro.

Roda, Roda, Roda... e avisa!!!

Agradecimentos: friedlichf, chrisresende e TV Globo


Chacrinha de volta à TV Globo.


Por Toda Minha Vida - Parte 1


Por Toda Minha Vida - Parte 2


Por Toda Minha Vida - Parte 3


Por Toda Minha Vida - Parte 4


Por Toda Minha Vida - Parte 5


Por Toda Minha Vida - Parte 6