Chapellin apresenta o jornalístico há 16 anos consecutivos |
Com a guerra do Vietnã acontecendo, o diretor Paulo Gil e seus profissionais resolveram produzir um documentário sobre o combate, utilizando apenas imagens fornecidas pela embaixada americana. O programa foi ao ar em 3 de abril de 1973, após passar pelo crivo dos censores da época. Mesmo assim, no dia seguinte, militares foram até a TV Globo questionar o documentário, que exibia imagens dos derrotados e abatidos soldados do "Tio Sam". Quem salvou a pele dos jornalistas foi o Marechal Odílio Denys que ligou para Roberto Marinho e pedia para que repetissem a atração. O militar queria que seus netos vestibulandos assistíssem ao programa para estarem prontos para a prova.
Um dos temas mais curiosos das primeiras edições foi o Odorico Paraguaçú da vida real. Teodorico Bezerra era dono de uma fazenda em Pernambuco. A propriedade foi transformada por ele em vila e "curral eleitoral". Os moradores viviam de graça, em troca de obediência cega a Teodorico. O coronel estabeleceu regras como a proibição de bebidas, danças, cigarro, jogo e a obrigação de votar nele. As "leis" eram anunciadas por alto-falantes no alto de todos os postes da fazenda, e estavam pintadas em todas as casas do local. A censura não barrou a exibição da reportagem.
Até o seu primeiro ano, os temas abordados eram produzidos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os documentários eram todos narrados por um único locutor. Em 1982 os repórteres e cinegrafistas, como testemunhas oculares da reportagem, passaram a conduzir as reportagens. José Hamilton Ribeiro, jornalista respeitado por todas as suas matérias realizadas na revista "Realidade", foi o primeiro a aparecer no "Globo Repórter".
Edições especiais
O jornalístico passou a contar também com a emoção do repórter diante do imprevisto. Em 1998 Rodrigo Vianna realizava uma reportagem sobre profissionais que se arriscavam em operações de salvamento. Seu cinegrafista José de Arimatéia registrava imagens de um experiente policial civil suspenso por um helicóptero, enquanto Vianna preparava seu texto para ler no ar. De repente o policial cai de uma altura equivalente a um prédio de dez andares. A câmera gravou a queda e a reação espantada do repórter. A matéria foi ao ar, sem mostrar o impacto no chão.
"Globo Repórter" viaja pelo Brasil e o mundo a fora, em busca de histórias e curiosidades inteeressantes. O jornalístico também apresentou furos, como a denúncia da ex-primeira dama do município de São Paulo Nicéa Pitta. Na entrevista concedida a Chico Pinheiro, a ex-esposa do então prefeito Celso Pitta declarou que o antigo companheiro comprou vereadores para "abafar" um processo de impeachment, além de dar vantagens para determinadas empresas em licitações públicas.
O programa nem sempre é exibido em rede nacional. Em ocasiões especiais, a Globo abre espaço para que as afiliadas apresentem edições especiais, como nos casos das comemorações dos aniversários da RPC-TV do Paraná, e da RBS-TV no Rio Grande do Sul. Embora ultimamente o jornalistico tenha dado muita ênfase a temas que envolvam saúde ou natureza, "Globo Repórter" se tornou uma referência, sendo copiado pelas emissoras concorrentes.
Curiosidades:
- Inspirado no programa "60 Minutes", da americana CBS, o jornalístico começou seguindo o modelo de "Globo Shell Especial";
- A primeira edição foi apresentada por Sérgio Chapellin. Outros apresentadores passaram por lá, como Eliakim Araújo e Celso Freitas;
- "Globo Repórter" era um programa mensal, e já foi apresentado às terças e quintas-feiras;
- "Freedom of expression", de J.B. Pickers é a canção usada como tema de abertura;
- O programa ficou fora do ar por cinco meses em 1981, e seis meses em 1982, devido a outros eventos comprados pela Globo, como a Copa do Mundo.
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