quarta-feira, 19 de junho de 2013

CRÍTICA - UM DESABAFO, PARA NÃO SER INDIFERENTE

Ninguém da equipe se feriu
Fonte: UOL
Não dá pra ficar alheio à onde de manifestações que tomaram conta do Brasil desde a semana passada. Especialmente porque o alvo de alguns se tornou a televisão. Como todos sabem, milhares de pessoas foram às ruas em várias capitais e grandes cidades brasileiras protestar contra o aumento das tarifas de transporte público. A reação violenta da polícia em São Paulo foi a gota d'água para eclodir um super movimento contra uma série de abusos dos governos estaduais e federal. Os valores astronômicos gastos com a Copa das Confederações e a Copa do Mundo de 2014 são um dos motivos da revolta da população.

Não vou fazer a defesa da TV, já que teve emissora, na semana passada, tratando os manifestantes como vândalos. Somente após o apoio retumbante da população à causa e aos protestos pacíficos, que a postura dos grandes canais mudou, e passou a fazer a cobertura do movimento, até com mais intensidade. Sem contar que, para boa parte do público, algumas históricas omissões televisivas jamais foram esquecidas. O povo não é bobo!

Mas como jornalista, não posso ficar calado diante do vandalismo praticado ontem (18/06) contra uma equipe da TV Record, diante da sede da prefeitura de São Paulo. Um pequeno grupo de marginais (sim, pois é assim que se chama quem pratica crimes como este) atirou pedras e ateou fogo em uma UMJ (Unidade Móvel de Jornalismo). Uma outra jornalista da TV Bandeirantes foi agredida no mesmo local. Um carro do SBT foi pichado. Isso sem contar as agressões a repórteres e fotógrafos, praticados na última semana.

A imprensa se rendeu aos manifestantes, quando viu que suas reivindicações eram justas e mais do que corretas. Seu papel é registrar o fato, e quem não gostar da linha editorial deste ou daquele veículo, vá para a internet. O que não pode é impedir os órgãos de imprensa de trabalhar e atacar jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, que são tão trabalhadores quanto os manifestantes. Assistindo a uma das inúmeras reportagens durante os protestos, vi um repórter abordar um participante que se recusou a falar com o jornalista. Simples assim. É um direito dele. Essa é uma postura civilizada.

Claro que não é possível generalizar. A grande maioria das pessoas que foram lutar pelos direitos de todos, foram pacificamente. O que não pode é deixar que atitudes estúpidas de pequenos grupelhos manchem um movimento que já entrou para a história. E as ações que me refiro não são apenas as agressões às equipes de televisão, mas pelo vandalismo e os saques.

Este é um momento histórico em que, como dizem nas ruas, o gigante acordou. A força deste movimento também aumentou graças às imagens exibidas nos telejornais para todo o Brasil. Muitas emissoras abriram mão de suas programações normais para dar voz aos protestos país a fora. Vivemos mais de 20 anos sob censura. Tentar calar os meios de comunicação é uma atitude covarde de quem quer o poder à força, e tivemos exemplos do que se conquista com e sem violência nestas últimas duas semanas.


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