sábado, 18 de agosto de 2012

TRÊS DÉCADAS DO MÉXICO NA TV

Verônica Castro, protagonista da primeira novela mexicana no SBT
Embora este blog conte sobre a trajetória da televisão brasileira, em alguns momentos é necessário falar sobre certos produtos estrangeiros que marcaram a nossa telinha nesse pouco mais de meio século. Nos 31 anos do SBT, que serão completos em 19 de agosto, uma de suas marcas registradas são as novelas mexicanas, que fazem 30 anos de aceitação nacional em 2012. A primeira produção importada para cá por Silvio Santos foi "Los Ricos También Lloran", que ganhou a tradução brasileira "Os Ricos Também Choram".

Mas por que comprar novelas prontas, e não produzí-las aqui no Brasil? Vamos entender: antes da emissora nascer, a empresa do apresentador, a Studios Silvio Santos, contratou um elenco de peso e a novelista Ivani Ribeiro, autora de "A Viagem" na Tupi, para realizar folhetins e vender para canais de TV brasileiros. Acontece que a trama "O Espantalho" foi muito cara e pouco lucrativa. Em breve nós vamos falar dela com mais detalhes.

Diante deste trauma, o animador precisava de um sucesso garantido para sua nova rede, mas que lhe custasse barato. Sempre antenado no que acontece no universo televisivo mundo afora, soube de uma trama mexicana que estava sendo muito bem aceita em vários países. Imediatamente entrou em contato com a Televisa, a emissora produtora, e comprou os direitos de exibição de "Os Ricos Também Choram", que estreou em 5 de abril de 1982.

Junto com "Os Ricos", a TVS produziu a novela "Destino", adaptação de um texto latino, com Ana Rosa, Flávio Galvão e Denis Derkian. Mas também não foi muito bem sucedida. Enquanto a trama brasileira teve 55 capítulos, a estrangeira teve 300. Um sucesso absoluto, nunca antes visto em terras tupiniquins. A protagonista mexicana, a atriz Verônica Castro virou celebridade por aqui, batendo ponto em alguns programas da casa, ao longo dos anos. Foi até jurada no concurso Miss Brasil 82.

Maria la del barrío soy...

A novela conta a história de Mariana Villareal, uma moça pobre criada na fazenda por seu pai e sua madrasta. Após o falecimento do pai, a jovem fica aos cuidados da madrasta e de seu amante. Sem saber que tinha uma fortuna a receber, Mariana decide ir para a capital, onde encontra abrigo com um padre. Sensibilizado, o sacerdote convence um bondoso milionário a levar a órfã para sua casa. Lá ela encontra a esposa do velho rico e seus dois filhos, além da inveja de uma prima, que vai se casar com o filho mais novo do senhor endinheirado. Quis o destino que este jovem rebelde se apaixonasse por Mariana, com quem se casaria, deixando a priminha mimada furiosa. Porém o casal ainda sofreria e choraria muito até descobrirem que os ricos também choram, mas no final vivem felizes para sempre.

Ficou meio difícil de entender o enredo? Embora esta novela tenha sido reprisada pelo SBT algumas vezes, na década de 1980, a emissora comprou e exibiu o remake mexicano deste folhetim, "Maria do Bairro", em 1997. A versão estrelada pela cantora mexicana Thalía tem algumas diferenças, entre elas a prima (Soraya) que não volta para atormentar o casal na versão original, e a herança, que Maria do Bairro nunca teve. A mais recente reapresentação da última novela da "trilogia das marias" acabou há pouco tempo, totalizando cinco exibições (1997, 1998, 2004, 2007 e 2012).

"Os Ricos Também Choram" foi produzida originalmente em 1979, e foi apresentada em 180 países. Seu sucesso criou uma tradição na emissora de Silvio Santos, que sempre recorreu às produções latinas para seu horário de novelas do SBT. Desde então toda e qualquer novela dublada, vinda de qualquer lugar da América Latina é chamada por aqui de "novela mexicana". Seus enredos dramáticos, lacrimósos e carregados na emoção (a essência do gênero novela) são um contra-ponto às tramas modernas da TV Globo. Sempre houve períodos em que a antiga TVS quis se livrar das "mexicanas", mas a emissora criou um hábito e um público, que gosta de uma novela mais clássica, com amores impossíveis.

Curiosidade: a primeira novela da Televisa comprada pelo ex-dono do Baú foi refeita por aqui em 2005, com Thaís Fersoza, Márcio Kieling, Ludmila Dayer, Jonas Bloch e Glauce Graieb. A diferença foi o "abrasileiramento" que a trama sofreu. Sua história se passava em 1930, época dos barões paulistas do café, na cidade de Ouro Verde. Até mesmo este jornalista que vos escreve foi figurante nesta produção!

Vejam abaixo as aberturas brasileira, mexicana (com o tema interpretado por Verônica Castro), e a vinheta da versão brasileira deste sucesso. Ah, e antes que perguntem, não tem na internet nenhum vídeo com a minha participação na trama (lamentavelmente, pois nem eu pude gravar na época da exibição). Agradecimentos: Mgbrasil1982, stephen5g, ricardosantosal






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