A novela "Máscaras", exibida pela TV Record, não tem conquistado muita audiência. Vários podem ser os fatores. Um deles talvez seja a incompreensão da trama por parte do público. Essa não seria a primeira vez que isso acontece com um folhetim, e nem mesmo com o seu criador.
Em 1977, o autor Lauro César Muniz resolveu escrever uma novela que contava a vida dos atores de uma novela, do cinema e uma peça teatral, Cyrano de Bèrgerac, de Edmond Rostand. "Espelho Mágico" foi ao ar pela TV Globo há 35 anos, às 20 horas. A história envolvia os artistas da ficctícia trama "Coquetel de Amor", com Diogo Maia (Tracísio Meira) e Leila Lombardi (Glória Menezes). "Coquetel" era escrita por Jordão Amaral (Juca de Oliveira), apaixonado por Leila. Ele declara seu amor pela atriz através dos textos do seu folhetim.
Os dramas da novela real caminhavam com as dificuldades dos personagens da outra novela. Também estavam lá a bailarina Luíza Barbosa (Heloísa Millet), o jornalista especializado em artes e espetáculos Edgard Rabello(Carlos Eduardo Dolabella) e o comediante decadente Carijó (Lima Duarte). Os atores da novelinha atuavam na peça. As hisórias giravam em torno das dificuldades vividas pelos profissionais do meio artístico.
Duas em uma
Para mostrar como funcionava os bastidores de uma produção dramaturgica, a equipe da Globo realizou todas as etapas necessárias para colocar a novela "Coquetel..." no ar, desde escolha de elenco, figurino, até mesmo cenários próprios para a trama!
"Espelho..." usou metalinguagem, ou seja, contou a novela dentro de uma novela, e isso deu um nó na cabeça do público. Em certo momento, os telespectadores se viam torcendo pelos personagens de "Coquetel de Amor". Talvez por isso, os noveleiros de plantão tenham torcido o nariz para a trama.
Curiosidades: "Espelho Mágico" marca a estreia na Globo de Vera Fisher e Tony Ramos, este vindo com grandes sucessos da Tupi na bagagem. Ao final de cada capítulo, os atores davam depoimentos reais sobre os prazeres e as lutas enfrentadas pela classe artística e durante suas carreiras. No LP da trilha sonora estavam os dois logotipos das novelas!
Veja a chamada da novela e a abertura de "Espelho Mágico", além de uma cena com Tarcísio Meira, Carlos Eduardo Dollabela e Vera Fischer.
Agradecimentos: hclchicago, dvddatv, marcatudo22 e Divulgação/TV Globo
Christina Rocha dava prêmios pelo telefone, no SBT
Embora já tenham se passado 15 anos, a atual apresentadora do programa "Casos de Família" do SBT ainda é lembrada por sua primeira atração solo na emissora de Silvio Santos: "Alô Christina".
O game show estreou em 30 de abril de 1997. Era transmitido ao vivo, direto do Teatro Silvio Santos. Mas a abertura, mostrando a apresentadora nos glamurosos preparativos para cantar e dançar a música-tema do programa, já foi produzida no estúdio 2 do Complexo Anhanguera. Jô Soares gravava seu talk show neste local.
Christina Rocha é o que podemos chamar de "prata da casa". Está na emissora antes mesmo da inauguração da rede. Comandava no final dos anos 1970 na TVS-Rio "O Povo na TV", ao lado de Wagner Montes, Sérgio Mallandro e Roberto Jefferson, então apenas um advogado. Com o fim do polêmico programa, Christina apresentou diversas atrações, entre elas "TV Powww", e foi repórter do semanal "Viva a Noite" de Gugu Liberato. Em 1991 passou para a bancada do popular jornal "Aqui Agora".
Mas a apresentadora queria mais. Tinha vontade de ter um programa só seu. Tanto insistiu ao então cunhado Silvio Santos (ela foi casada com Rubens Pássaro, irmão de Íris Abravanel), que ganhou o "Alô Christina". O formato foi inspirado no argentino "Hola Suzana", que consagrou Suzana Gimenez como a "Hebe Camargo portenha".
Números nem tão favoráveis...
A fórmula era simples: bastava o telespectador enviar uma carta com seu número de telefone, e torcer para ser sorteado. A senha para o sortudo brincar ao vivo, quando o telefone tocava, era dizer o título do programa. Só por isso o felizardo já ganhava uma quantia em dinheiro (R$50,00 ou R$100,00). Nas diversas brincadeiras, tinha prêmios de todos os valores: de uma secretária eletrônica a um carro zerinho, zerinho!!!"Alô Christina" era uma opção para quem não queria ver o futebol das quartas na Globo. Meses depois, a atração passou a ser gravada.
A apresentadora consultou particularmente uma numeróloga, que sugeriu trocar a grafia do nome. Passou a ser "Alô Christinah", e depois "Alô Chystynah". Eram três segundos só para escrever o novo nome na vinheta de abertura! Mas parece que a consultoria não funcionou. Devido a baixa audiência, o game saiu do ar em março de 1998. No entanto existem fãs do programa na internet, que montam comunidades para aqueles que assistiam e sentem saudades do semanal.
Curiosidade: A supervisora de Christina Rocha era Nelly Raymond, produtora argentina amiga do dono do SBT desde os tempos da Globo, e uma das responsáveis pela criação do "Viva a Noite". Silvio Santos não desistiu da fórmula de "Hola Suzana", e aplicou-a novamente para o programa "Charme" com Adriane Galisteu, em 2004. Lembram-se do "Como vai, Galisteu", a senha para participar dos jogos?
Vejam a abertura, cheia de muito requinte e glamour, e o trecho inicial da estreia. E lembre-se: não diga alô, diga alô Christina... se a pessoa do outro lado da linha se chamar assim!!!
Verônica Castro, protagonista da primeira novela mexicana no SBT
Embora este blog conte sobre a trajetória da televisão brasileira, em alguns momentos é necessário falar sobre certos produtos estrangeiros que marcaram a nossa telinha nesse pouco mais de meio século. Nos 31 anos do SBT, que serão completos em 19 de agosto, uma de suas marcas registradas são as novelas mexicanas, que fazem 30 anos de aceitação nacional em 2012. A primeira produção importada para cá por Silvio Santos foi "Los Ricos También Lloran", que ganhou a tradução brasileira "Os Ricos Também Choram".
Mas por que comprar novelas prontas, e não produzí-las aqui no Brasil? Vamos entender: antes da emissora nascer, a empresa do apresentador, a Studios Silvio Santos, contratou um elenco de peso e a novelista Ivani Ribeiro, autora de "A Viagem" na Tupi, para realizar folhetins e vender para canais de TV brasileiros. Acontece que a trama "O Espantalho" foi muito cara e pouco lucrativa. Em breve nós vamos falar dela com mais detalhes.
Diante deste trauma, o animador precisava de um sucesso garantido para sua nova rede, mas que lhe custasse barato. Sempre antenado no que acontece no universo televisivo mundo afora, soube de uma trama mexicana que estava sendo muito bem aceita em vários países. Imediatamente entrou em contato com a Televisa, a emissora produtora, e comprou os direitos de exibição de "Os Ricos Também Choram", que estreou em 5 de abril de 1982.
Junto com "Os Ricos", a TVS produziu a novela "Destino", adaptação de um texto latino, com Ana Rosa, Flávio Galvão e Denis Derkian. Mas também não foi muito bem sucedida. Enquanto a trama brasileira teve 55 capítulos, a estrangeira teve 300. Um sucesso absoluto, nunca antes visto em terras tupiniquins. A protagonista mexicana, a atriz Verônica Castro virou celebridade por aqui, batendo ponto em alguns programas da casa, ao longo dos anos. Foi até jurada no concurso Miss Brasil 82.
Maria la del barrío soy...
A novela conta a história de Mariana Villareal, uma moça pobre criada na fazenda por seu pai e sua madrasta. Após o falecimento do pai, a jovem fica aos cuidados da madrasta e de seu amante. Sem saber que tinha uma fortuna a receber, Mariana decide ir para a capital, onde encontra abrigo com um padre. Sensibilizado, o sacerdote convence um bondoso milionário a levar a órfã para sua casa. Lá ela encontra a esposa do velho rico e seus dois filhos, além da inveja de uma prima, que vai se casar com o filho mais novo do senhor endinheirado. Quis o destino que este jovem rebelde se apaixonasse por Mariana, com quem se casaria, deixando a priminha mimada furiosa. Porém o casal ainda sofreria e choraria muito até descobrirem que os ricos também choram, mas no final vivem felizes para sempre.
Ficou meio difícil de entender o enredo? Embora esta novela tenha sido reprisada pelo SBT algumas vezes, na década de 1980, a emissora comprou e exibiu o remake mexicano deste folhetim, "Maria do Bairro", em 1997. A versão estrelada pela cantora mexicana Thalía tem algumas diferenças, entre elas a prima (Soraya) que não volta para atormentar o casal na versão original, e a herança, que Maria do Bairro nunca teve. A mais recente reapresentação da última novela da "trilogia das marias" acabou há pouco tempo, totalizando cinco exibições (1997, 1998, 2004, 2007 e 2012).
"Os Ricos Também Choram" foi produzida originalmente em 1979, e foi apresentada em 180 países. Seu sucesso criou uma tradição na emissora de Silvio Santos, que sempre recorreu às produções latinas para seu horário de novelas do SBT. Desde então toda e qualquer novela dublada, vinda de qualquer lugar da América Latina é chamada por aqui de "novela mexicana". Seus enredos dramáticos, lacrimósos e carregados na emoção (a essência do gênero novela) são um contra-ponto às tramas modernas da TV Globo. Sempre houve períodos em que a antiga TVS quis se livrar das "mexicanas", mas a emissora criou um hábito e um público, que gosta de uma novela mais clássica, com amores impossíveis.
Curiosidade: a primeira novela da Televisa comprada pelo ex-dono do Baú foi refeita por aqui em 2005, com Thaís Fersoza, Márcio Kieling, Ludmila Dayer, Jonas Bloch e Glauce Graieb. A diferença foi o "abrasileiramento" que a trama sofreu. Sua história se passava em 1930, época dos barões paulistas do café, na cidade de Ouro Verde. Até mesmo este jornalista que vos escreve foi figurante nesta produção!
Vejam abaixo as aberturas brasileira, mexicana (com o tema interpretado por Verônica Castro), e a vinheta da versão brasileira deste sucesso. Ah, e antes que perguntem, não tem na internet nenhum vídeo com a minha participação na trama (lamentavelmente, pois nem eu pude gravar na época da exibição). Agradecimentos: Mgbrasil1982, stephen5g, ricardosantosal
O canal 7 paulistano cresceu 35% em audiência, segundo o IBOPE, com a Olimpíada, mas ficou longe da média da concorrente do Jardim Botânico. Por quê? Não foi apenas a fraca participação brasileira que afastou o público da telinha da Record, a detentora dos exclusivos direitos de transmissão dos Jogos Olímpicos de Londres. E olha que não estou falando do futebol! Alguns outros fatores colaboraram para isso.
Televisão é hábito. Esta frase, repetida quase como um mantra dentro da Globo por Walter Clark e Boni nos anos 1970, explica o segundo lugar de audiência, com vantagem de apenas dois pontos de média, durante algumas transmissões, para o terceiro. O público está acostumado a assistir eventos esportivos pela Rede Globo, no máximo pela Rede Bandeirantes, e olhe lá!
A falta de tradição da emissora do bispo Edir Macedo no gênero também influencia, em certo grau, o distanciamento do público. Apenas a apresentação do programa "Esporte Fantástico" aos sábados pela manhã (!) não representa para o telespectador um sinal de que aquele canal é uma opção para quem busca se informar ou acompanhar esportes.
Nas redes sociais, algumas pessoas reclamaram da falta de ânimo de narradores e comentaristas. Sentiu-se frieza diretamente da cidade olímpica, que neste momento está em pleno verão. O horário dos jogos também não favoreceu muito a Record. Devido ao fuso, quatro horas a mais do que Brasília, a exibição das modalidades se concentrou nas manhãs e tardes da programação. Restou apenas para o jornalismo noturno a promoção e cobertura mais caprichada do evento para o público do horário nobre.
Mais Olimpíada no ar
A Record enviou 330 profissionais para a capital britânica
O momento atual da estação também jogou contra. A instabilidade da grade de programação, por decisões próprias e pelo renascimento do SBT na disputa pela vice liderança, afastaram uma parcela significativa de fãs das competições olímpicas.
A Globo conseguiu manter sua larga distância do segundo colocado, embora a Record tenha em alguns momentos alcançado a liderança com folga. Graças a esses momentos, e ao reality "A Fazenda", a emissora leva a medalha de prata do ranking de audiência do IBOPE, mesmo que por décimos a mais que o bronze, em certas oportunidades na média diária.
Porém também tivemos pontos positivos, para o canal e para o público. A exclusividade da cobertura do evento entra para a história da televisão brasileira. Houve um avanço importante na qualidade das transmissões, principalmente por parte de seus narradores, comentaristas e repórteres, em comparação com o Pan de Guadalajara em 2010. O público teve acesso gratuito a um número maior de modalidades não tão conhecidas ou transmitidas. Uma vantagem foi ter a Record News disponibilizando toda sua grade para a Olimpíada (foram mais de 300 horas seguidas, um recorde), aliado ao R7, portal de notícias do grupo. Mesmo assim, jogos mais populares como futebol, vôlei ou basquete tiveram mais audiência. A televisão deve sempre fazer uma cobertura mais ampla de um evento como esse, mas o público tem as suas preferências e seus hábitos.
A emissora da Barra Funda pode ter levado "Londres 2012" sozinha, mas o "olé" que a Vênus Platinada deu para fazer a cobertura sem mostrar o logotipo da concorrente, usando até mesmo fotografias em suas reportagens, sinceramente é digno de ouro! Em 2016, no Rio, Globo, Record e Bandeirantes vão transmitir juntas os jogos olímpicos. Contudo, a emissora da família Marinho não quer ver novamente as palavras "Record" e "Olimpíada" associada a "exclusividade". Nem se sabe qual será a cidade sede, no entanto a corrida pelos direitos de transmissão de 2020 já começou. Quem leva a melhor? Tomara que seja o telespectador!
Curiosidades: Na noite da cerimônia de abertura, Ana Paula Padrão voltou no tempo e, ao vivo, anunciou que o telespectador estava acompanhando o "Jornal da Globo". Mylena Ciribelli se atrapalhou com uma informação que não foi passada pelo ponto eletrônico, o aparelho no ouvido dos apresentadores e jornalistas por onde o diretor mantém comunicação sem que sua voz apareça. A apresentadora ficou brava e, quando pensou que estava fora do ar, seu áudio ainda estava aberto e disse: "Fala aqui na p**** do ponto". TV ao vivo tem dessas... Vamos rever essas falhas técnicas.
Agradecimentos: Marcio Santos, Fábio Pereira e Divulgação/TV Record
Em 1995, Raul Gil estava de mudança. Seu programa de sábado perdia espaço na Record, devido aos jogos do Campeonato Paulista, que a emissora transmitia na época. Mas não era todo final de semana que tinha jogo. Era necessário preencher o espaço, depois que o torneio terminasse. Para concorrer com o experiente animador, que foi para a Manchete, o canal 7 paulistano criou o musical "Quem Sabe... Sábado", em 1996.
O apresentador era uma figurinha conhecida do público. Renato Barbosa ficou famoso criando paródias musicais no "Show de Calouros" de Silvio Santos, nos anos 1980. O compositor acabou enveredando pela produção de diversos programas no SBT. Passou para a emissora do bispo Edir Macedo em meados dos anos 1990.
"Quem Sabe... Sábado!" era um grande desfile de sucessos da parada nacional. Todos os grandes nomes, que tocavam no rádio, passaram pelo palco do programa. Fosse nacional, fosse internacional, quem estava bombando, estava lá.
Mistura quente no Sábado!
No começo, Renato Barbosa também interagia com a plateia. Haviam quadros como a visita ao artista, onde era apresentada cada parte da casa de um famoso, e as moças do auditório tentavam adivinhar quem era o dono da residência. O programa também desenvolvia diversas promoções em conjunto com as emissoras de rádio FM de São Paulo.
O ritmo em alta na época era o pagode, mas outros representantes da axé music, do forró, do sertanejo e da música romântica também batiam o ponto no semanal.
O primeiro cenário da atração foi um reaproveitamento do "Programa Raul Gil". Em 1998, com a transferência da sede da Av. Miruna para as novas instalações na Barra Funda, "Quem Sabe... Sábado!" ganhou novo estúdio e novo cenário. Destaque para o capricho na iluminação, que lembrava uma discoteca. O programa foi escolhido para comemorar os 44 anos de inauguração da emissora, com um show apresentado ao vivo, direto do Sambódromo do Anhembi.
Em 1998, "Quem Sabe... Sábado!" saiu do ar para o retorno de Raul Gil à Record. Renato Barbosa continuou na emissora, trabalhando na produção e no roteiro de um outro programa: "Amigos & Sucessos".
Curiosidade: as meninas que faziam animação nos jogos do Campeonato Paulista participavam do semanal, fazendo suas coreografias na primeira fila do Teatro Paulo Machado de Carvalho.
Você confere agora algumas apresentações que ilustram as fases do programa "Quem Sabe... Sábado!"
Lima Duarte e Renata Sorrah em cena de "Pedra Sobre Pedra"
"Quem é rico mora na praia, mas quem trabalha nem tem onde morar". A novela "Pedra Sobre Pedra", de 1992, é diretamente associada a esse primeiro verso de seu tema de abertura. Mas a trama apresentada pela TV Globo (cujo último capítulo foi ao ar em 1º de agosto daquele ano) ficou conhecida também por diversos elementos do chamado realismo mágico, e o clássico amor impossível, bem ao estilo "Romeu e Julieta".
A história se passava em Resplendor, cidade fictícia localizada na Chapada Diamantina. Só pelo visual natural as imagens já enchiam os olhos. Pilar Batista (Renata Sorrah) e Murilo Pontes (Lima Duarte) disputavam o poder político no município. Não podiam se ver nem pintados de ouro! Porém seus filhos Marina (Adriana Esteves) e Leonardo (Maurício Mattar) se apaixonaram, mesmo os dois disputando a prefeitura do local.
Na verdade, Pilar e Murilo nutriam uma paixão antiga. Ela o abandonou no altar, por pensar que o noivo havia traido. Murilo seguiu carreira política em Brasília, enquanto Pilar casa-se com Jerônimo Batista (Felipe Camargo), inimigo de Pontes. Vinte e cinco anos se passam e a chama desse amor persiste tanto nos filhos, quanto nos pais.
"Pedra Sobre Pedra" também tinha outros personagens inesquecíveis como o fotógrafo Jorge Tadeu (Fábio Jr.). O profissional das lentes conquistou quase todas as mulheres da cidade. As fotografias sensuais feitas com as moças criaram o maior bafafá! Com tanta confusão, Jorge Tadeu acabou sendo assassinado misteriosamente. Mas este não foi seu fim. Em seu túmulo nascia uma flor, na qual as damas que a comessem receberiam a visita da alma tarada... ops, penada!
Uma parceria portuguesa, com certeza!
O assassinato virou um clássico "quem matou" das novelas. O segredo só foi desvendado no último capítulo, é claro! Entre outras, Jorge seduziu Úrsula (Andréa Beltrão), filha da beata Gioconda Pontes (Eloísa Mafalda). O fotografo flagrou a irmã de Murilo Pontes surrupiando obras sacras da igreja da cidade. A beata já não gostava do rapaz, então uniu o útil ao agradável, e pôs fim a vida do conquistador. Quando foi descoberta resolveu se passar por louca, e foi parar num hospício.
Sérgio Cabeleira (Osmar Prado) tinha uma dor de cabeça muito forte, em noites de Lua cheia. Numa dessas noites foi preciso amarrá-lo ao solo para que não saísse flutuando em direção à casa de São Jorge. Miriam Pires, que ficou famosa na pele de Dona Milú em Tieta (mistéééééééério) de 1989, deu vida para Dona Quirina, uma senhora de 120 anos, com a melhor memória da história da teledramaturgia brasileira. A cultura cigana também foi retratada no folhetim, através dos personagens Yago (Humberto Martins) e Vida (Luiza Tomé).
A trama escrita por Aguinaldo Silva, Ana Maria Moretzsohn e Ricardo Linhares foi coproduzida pela Globo e pela RTP de Portugal. Por isso teve cenas gravadas em Lisboa e contou com a participação de atores lusitanos. A abertura da novela, outra grande produção do designer Hans Donner, também não sai da lembrança do público. Destaque para a atriz Mônica Fraga, que serviu de modelo para ter sua imagem misturada às paisagens naturais.
Curiosidades: a novela se chamaria Resplendor, mas Ana Maria Moretzsohn guardou a ideia para uma futura trama sua na Globo, "Esplendor". "Pedra Sobre Pedra" foi uma das primeiras novelas a ter apenas músicas nacionais na sua trilha sonora. Destaque para a música Madana Mohana Murari, interpretada por Homem de Bem, o primeiro mantra a liderar as paradas de sucessos nas rádios. Outros talentos também estavam lá como Zé Ramalho, Roberta Miranda e Fagner. Esta foi a última novela de Armando Bogus, que interpretava Cândido Alegria.
Venha matar as saudades dessa novela! Reveja a abertura, as chamadas de elenco e a (quase) partida de Sérgio Cabeleira para a Lua.
Agradecimentos: flaviomaj, FredAstaire2, madlovis, MDDReviva e Memória Globo/TV Globo.