segunda-feira, 25 de junho de 2012

CRÍTICA: A GLOBO PENSA EM SEU FUTURO?

Hoje pela manhã, ao estrear o programa "Encontros com Fátima Bernardes", a TV Globo pôs fim a um ciclo de 47 anos de produções diárias de infantis. Quem quiser ver desenhos animados na emissora dos Marinho deve esperar até o sábado, se não tiver evento esportivo programado, para assistir a "TV Globinho", ou pelas madrugadas. Os proprietários de antenas parabólicas pelo país afora também assistem ao "Festival de Desenhos", no horário da primeira edição do jornal local.

No programa, Fátima segue um dos princípios básicos do jornalismo: toda pessoa tem uma boa história para contar. Basta saber como extraí-la. Para isso, nada melhor do que um encontro. A atração ficou 1:30h no ar e, apesar de pequenos problemas comuns em estreias ao vivo, parece ser uma boa companhia. Mas é necessário escolher melhor os temas a serem abordados.

Segundo os primeiros dados, a jornalista trouxe novamente os dois dígitos no IBOPE, para as manhãs globais. Os números prévios indicam 10 pontos para "Encontros" contra 7 do SBT e 6 da Record. A estratégia da emissora carioca era clara: fisgar o público do "Hoje em Dia". E conseguiu. A revista eletrônica do canal 7 paulistano investiu em brincadeiras valendo prêmios, e na presença de seus ex-apresentadores Britto Júnior e Ana Hickmann.

O plano global fortaleceu a rede de Silvio Santos, com sua programação infantil, e complicou ainda mais a situação já não muito confortável na Barra Funda. Embora o jornal "Fala Brasil" alcance ótimos índices, o programa comandado por Celso Zucatteli, Chris Flores e Edu Guedes nem sempre consegue manter o mesmo fôlego. E o próprio "Hoje em Dia" passou por mudanças que o descaracterizaram, mudando um pouco a proposta original da atração.

O público infantil e a TV aberta

Abandonar as crianças é um caminho muito arriscado para qualquer emissora aberta. A médio e longo prazo, a Globo pode sentir na sua audiência os reflexos desta decisão. Televisão é hábito, disso sabem todos os diretores e executivos de TV. Ao acabarem com a faixa diária infantil, os programadores globais estão acabando também com o hábito dos baixinhos de assistirem a emissora.

Um bom exemplo de que ainda existe público infantil para a TV aberta é a novela "Carrossel". O remake do SBT, escrito por Íris Abravanel, prova a cada noite, que criança gosta de ver televisão. Basta produzir algo que elas gostem, e se identifiquem. Por incrível que pareça, as crianças viam em apresentadoras como Xuxa, Mara, Angélica, Eliana, em palhaços como Bozo, Atchim, Espirro, Carequinha, Arrelia, e nas fábulas de Monteiro Lobato, grandes companhias, divertidas amizades, que estimulavam sua imaginação, ou simplesmente falavam a mesma língua.

Os executivos no Jardim Botânico devem estar festejando os resultados da estreia de Fátima Bernardes. Mas esses mesmos diretores também festejaram os bons números no começo de "Bem Estar" e da versão matutina do "Mais Você". As duas atrações têm forte concorrência com a Record. E as preocupações não param por aí. Julho é mês de férias escolares, período em que a audiência das manhãs do SBT cresce muito. É aguardar e conferir se as projeções da Globo estão corretas.

Confira a chamada para o tão esperado "Encontros com Fátima Bernardes".

Agradecimentos: Abril e iffmay

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