sábado, 22 de maio de 2010

JÔ SOARES 11:30

Gugu Liberato sendo entrevistado no "Jô Soares 11:30"
A única coisa que não mudou foi a inconstância no horário. O atual Programa do Jô na Globo não tem hora certa para começar como seu embrião, o Jô Soares 11:30 no SBT.

Vamos voltar a 1988, quando o humorista queria dar novos rumos para sua carreira, mas não encontrava esse espaço na emissora de Roberto Marinho. Ele comandava o bem sucedido Viva o Gordo, porém queria também um programa de entrevistas com humor, idêntico aos modelos americanos. Silvio Santos queria nomes de peso (sem nenhuma referência a forma física do Jô) para dar qualidade para sua emissora. Já tinha contratado a Hebe, o Carlos Alberto de Nóbrega e chamado o Gugu de volta. O Homem do Baú viu a grande chance de ter Jô Soares realizando seu sonho. Foi assim que em 16 de agosto de 1988 estreou o Jô Soares 11:30. O humorista também comandava o Veja o Gordo, seu último programa com personagens.

Já naquela época, Silvio mexia na grade de programação diariamente. Por isso o programa de entrevistas nunca começou às 23:30. A atração era animada pelo som do Quarteto Onze e Meia, que depois virou Quinteto Onze e Meia. Hoje é apenas o Sexteto. Mas sempre teve duas participações hilárias: Derico, o AAA (Assessor para Assuntos Aleatórios) e o Bira, com sua risada inconfundível. Todos eles eram da orquestra do SBT, que atuava em diversos programas, como o Show de Calouros.

Jô Soares 11:30 teve um papel importante na história política brasileira. Por lá passaram os primeiros candidatos à presidência, após a ditadura, os integrntes da CPI que provocou a queda do então presidente Fernando Collor e os grande nomes do poder nacional e internacional. Mas Também muitos artistas passaram pelo Talk Show. Um dos mais lembrados é o ator Carlos Villagran, o Quico do seriado Chaves. Pelo sofá do gordo também passaram nomes do esporte como Ayrton Senna e Pelé.

Após 11 anos, Jô retorna para a Globo. No dia 31 de dezembro de 1999, no último programa, os convidados foram Carlos Alberto de Nóbrega, Hebe e Gugu. Algumas das loucuras do programa: a eterna curiosidade dos convidados e do público em saber o que Jô bebia na famosa caneca, e o único dia em que a atração foi ao ar no horário, no último programa.

Boa parte do público que acompanhou esta fase prefere as pautas dessa época, pois o SBT não tinha o elenco global para rechear o programa. Exigia jogo de cintura. É muito mais facil levar entrevistados quando é na Globo, mesmo com a inconstãncia e o tardio horário (tem dia que vai ao ar às 1:45 da manhã, quase um Bom Dia Jô!). Para mim o Jô Soares 11:30 marcou época e ficará na memória dos fãs de TV feita com criatividade. Um beijo do Gordo... quero dizer, do louco!

sábado, 15 de maio de 2010

RECORDAÇÕES DE ANOS INESQUECÍVEIS


Recentemente, foi publicado um ensaio sensual de Danica McKellar. Para os desavisados de plantão, essa gata de 36 aninhos fez muito garoto sonhar com o primeiro amor, igual ao que tinha Kevin Arnold (Fred Savage) por Winnie Kooper, personagem dessa atriz no seriado Anos Incríveis.

Essa série foi transmitida pela primeira vez no Brasil, na melhor fase da TV Cultura, entre 1994 e 1995. Foi produzida nos EUA no final dos anos 80 pela rede americana ABC. Kevin e Winnie viviam na periferia, no ano de 1968, quando acontecia a guerra do Vietnã. No primeiro episódio, Arnold já disse a que veio e, unindo o útil ao agradável, rouba o primeiro beijo consolando Winnie que chorava a morte do irmão mais velho, morto na guerra. Malandrinho...

Juntos, o casal enfrentam as dificuldades e sentem as alegrias da adolescência, até o início da fase adulta. Mas a família e os amigos de Kevin também participam, e muito de Anos Incríveis. Os pais Jack e Norma Arnold (Dan Lauria e Alley Mills), os irmãos Karen e Wayne (Olivia d'Abo e Jason Hervey) e o melhor amigo Paul Pfeiffer (que hoje em dia parece um clone do Marilyn Manson, mas na verdade é Josh Saviano).

Tem algumas curiosidade da série, que talvez o grande público não saiba. Se lembram que houve uma boa parte da série em que os jovens namorados ficaram separados? A decisão foi tomada pela produção do programa, pois Fred era menor que Danica. Era preciso esperar o tempo passar para os jovens continuarem seu romance. Alias, os interpretes de Kevin e Winnie começaram um namorico durante as gravações.

Anos incríveis tem o dom de conduzir o telespectador do riso à emoção no mesmo episódio. Digo tem porque continua sendo reprisado em vários canais, abertos ou pagos. A série termina no ano de 1973, no aniversário da independência americana. É o episódio em que o casal passa a noite em um celeiro, e que muitos juram rolou a primeira vez dos dois! Acho que essa dúvida nem os protagonistas respondem com certeza.

O único problema para a série ser lançada em DVD é uma das maiores qualidades que possui: a trilha sonora. As músicas são de primeira qualidade, de Beatles a Joe Cocker (sem atribuição de valor a ninguém, seria injusto!). Mas as canções pertencem a mais de uma gravadora, o que dificulta a liberação dos direitos para o lançamento do box. Uma pena!

Todos que assistem se emocionam e se reconhecem em algum momento, com alguma situação ou personagem da história. Alguns episódios podem ser encontrados no YouTube. Hoje em dia, Fred Savage é diretor de TV, e seu mais recente trabalho foi a série Drake e Josh, exibida no Brasil pela Globo. E Danica (ah... Danica...), atuou em vários seriados com The West Wing-Nos bastidores do poder , que foi transmitida pelo SBT.

Quem encerra hoje não sou eu, e sim Kevin Arnold, com a última fala de Anos Incríveis: "Crescer é algo muito rápido. Um dia você usa fraldas e no outro você vai embora. Mas as memórias da infância permanecem com você. Lembro-me de um lugar, uma cidade, uma casa como várias outras casas, um quintal como vários outros quintais, em uma rua como várias outras ruas. E o fato é que, após todos estes anos, eu ainda olho para trás e penso: 'foram anos incríveis'".

sábado, 8 de maio de 2010

VIVA A NOITE


O momento atual da carreira de Gugu Liberato tinha tudo para ser o melhor dos seus 35 anos de trabalho em TV. Mas não é. O apresentador agora na Record amarga sucessivas derrotas para seu ex-patrão Silvio Santos. Isso porque ele foi contratado pela emissora dos bispos para brigar pela liderança no horário!

É engraçado ver como as coisas mudam. Eu me lembro do Gugu começando como animador de auditório no Viva a Noite, ainda pela TVS, atual SBT. Que saudades dessa época... Quem nasceu nessa época sabe cantar alguns sucessos do programa como "Docinho Docinho", "A Dança da Galinha Azul" e o "Baile dos Passarinhos". A gente se divertia... e sabia! Os sábados à noite nunca mais foram os mesmos na TV.

O programa tinha três apresentadores, mas no final, o carisma de Gugu o fez titular da atração. Uma curiosidade: nos primeiros anos do Viva a Noite, o apresentador usava o mesmo microfone do dono da emissora. Já ouvi dizer que era para que o telespectador tivesse um Silvio Santos diferente, com o rodízio do trio. Mas se for assistir a outros programas do SBT na mesma época, você encontra o J. Silvestre, o Raul Gil, e até o Sérgio Chapellin com o mesmo equipamento!

O formato era uma mistura de outros dois programs internacionais, mas quem deu cara brasileira para a atração foi Gugu. A impressão que se tinha era de uma grande festa, uma grande bagunça, onde tudo podia acontecer, sem um roteiro. O telespectador participava ao vivo, atendendo as absurdas solicitações do animador, como "tragam uma tampa de privada". A porta do Teatro Silvio Santos ficava repleta de pessoas que atendiam aos mais loucos pedidos, em busca de prêmios.

Não bastava ter musicais no programa, tinha que ter algo a mais. Nasceu assim o Sonho Maluco, onde o público podia realizar os mais inusitados sonhos com seu artista preferido. Também tinha o Sonho de Última Hora, para as moças do auditório terem suas fantasias atendidas ali no palco!

A atração era uma febre nos sábados à noite. Em sua fase final, tinha a competição entre homens e mulheres famosos, com várias provas como a mímica, o desenho, os balões (bexigas em São Paulo), a torre de champanhe, o que é o que é, o artista disfarçado e várias outras. O trio vencedor levava um troféu muito legal, a lua de neon.

Todos os grandes nomes da música dos anos 80 passaram pelo palco do Viva a Noite, incluindo os artistas da Promoart, empresa de Gugu que lançou o grupo Dominó, Polegar e Banana Split. Mas o grande destaque era Gugu Liberato, que decolou como apresentador nesta época, e foi até convidado pela Globo para ocupar os domingos à tarde, horário que foi assumido pelo Faustão. Ele chegou a ser eleito pela imprensa o sucessor de Silvio Santos, rótulo que carregou até 2009.

Gugu comandou o Viva a Noite de 1982 a 1991. Junto com o Domingo Legal e o Sabadão, foi um grande sucesso de sua carreira. Nos últimos anos, pelo menos para mim, Gugu se tornou mais um apresentador do que um animador, que contagia o auditório e o telespectador. Talvez agora, precisando se reinventar, faça ressurgir o grande animador que levantava um Brasil inteiro com seu grito de VIVA A NOITE!!!

UMA NOVELA PORRETA


Mistéééééééééééério!!! Por incrível que pareça, essa é uma das primeiras coisas que me vêm à cabeça quando se fala na novela Tieta, exibida pela TV Globo em 1989. Foi o último grande sucesso das 8 da noite, na década de 80.

A abertura já era um deslumbre. A vegetação de Mangue Seco, na Bahia, se transformava no corpo escultural de Isadora Ribeiro, a mesma que fez a mais famosa abertura do Fantástico no plim-plim. Inesquecível e maravilhosa...

A trama foi baseada no livro de Jorge Amado Tieta do Agreste. Betty Faria era a protagonista e Joana Fomm vivia a irmã da heroína, a viúva Perpétua. Uma das mais lembradas personagens da história da teledramaturgia brasileira. Quem assistiu a história, ficava imaginando o que ela tinha naquela caixa branca que mantinha no guarda-roupa, em seu quarto. Ah, e o dia em que Tieta tirou a peruca da Perpétua na Igreja de Santana do Agreste lotada! Ri muito nesse dia!

A novela contava a história de Tieta, que foi escurraçada pelo pai, quando era moça. Passam-se 25 anos, a ovelha negra acabou se tornando a vaca leiteira da família, pois conseguiu vencer na vida em São Paulo. Ela resolve então voltar para sua cidade, Santana do Agreste, e acaba se apaixonando por Ricardo (Cássio Gabus Mendes), seu sobrinho seminarista, filho de Perpétua.

A partir daí, várias histórias se desenvolvem, como a mulher de branco, que atacava os homens da cidade depois da meia-noite, e as rolinhas de Artur da Tapitanga, interpretado por Ary Fontoura. A dona do bordão que usei para iniciar este post era Dona Milu (Miriam Pires), mãe da Carmosina (Arlete Salles), a carteira da cidade que xeretava a correspondência alheia e ficava por dentro das fofocas dos moradores.

Esse folhetim foi uma sugestão de Betty Faria para a direção da Globo, que rapidamente aprovou e a chamou para estrelar. Foi gravada no Rio e na Bahia, contando com aquelas cenas maravihosas entre Tieta e Ricardo nas dunas nordestinas. Uma novela cheia de muitas belezas e humor.

A trama também foi responsável por impulsionar carreiras musicais com a trilha sonora. Todos se lembram das canções de Fafá de Belém (No Coração do Agreste), Chitãozinho e Xororó (No Rancho Fundo) e o tema de abertura, uma lambada contagiante de Luis Caldas.

Tieta foi reapresentada duas vezes nos anos 90, e se firmou como mais uma loucura deste povo apaixonado por novela. Ah, ia me esquecendo, você se lembra o que tinha na caixa de Perpétua? A mulher era mais amarga do que limão azedo. Conheceu apenas um homem em toda a sua vida, mas ficou viúva. A loucura da carola era tanta que resolveu guardar o órgão genital do falecido! Piradinha ela, não acham? Agradecimentos: TV Globo.

domingo, 2 de maio de 2010

A TV DO FUTEBOL, DO VÔLEI, DO BASQUETE, DO AUTOMOBILISMO EM UM DIA SÓ!


Imagine várias atrações exibidas numa maratona de 10 horas seguidas, no domingo. De qual programa estou falando? Se você pensou no Silvio Santos se enganou, pois essa jornada era esportiva, ia ao ar pela TV Bandeirantes e atendia pelo nome de Show do Esporte.

O programa começou a ser exibido a partir de 1983 e apresentava uma variedade de modalidades que não eram tão assistidas pelo brasileiro. Eram campeonatos de vôlei, basquete, automobilismo e até sinuca! Claro que o futebol não ficou de fora. Além dos campeonatos regionais e do brasileirão, o programa trazia também os torneios italiano e espanhol, inéditos no Brasil. Uma overdose esportiva, que rendeu à Band o apelido de Canal dos Esportes. O pontapé inicial para a criação do Show do Esporte foi a contratação de Luciano do Valle, que ficou 11 anos na Globo como o narrador número 1. Outros nomes de peso da cobertura espotiva também foram contratados como Silvio Luis e Álvaro José. A apresentação do programa ficava por conta de Elia Júnior, Elia Marina, Simone Mello, Luis Andreotti e Silvia Vinhas (foto).

A escalada dos esportes começava às 10h e terminava às 20h, e apresentou competições inéditas na TV brasileira, como a Formula Indy, além de transmitir o começo das carreiras brilhantes de Paula e Hortência no basquete, e Giovanni e Tandy no vôlei, nossos grandes (e grandes!) medalhistas olímpicos. Show do Esporte também "inovou" ao inserir os merchandisings, os comerciais apresentados dentro do programa por um feliz apresentador ou uma alegre modelo, insistindo para o telespectador ligar agora, em pleno domingão! Era a volta das garotas-propaganda que brilharam na telinha nos áureos tempos da TV à lenha, nos anos 50.

O programa deu tão certo que gerou filhotes como o Verão Vivo, que privilegiava os jogos de vôlei de praia e futebol de areia. Show do Esporte tinha uma boa audiência e imprimiu uma marca à Band, mas uma mudança de filosofia da emissora encerrou a maratona, após 20 anos no ar. A atração está de volta, agora no canal pago Band Sports, desde fevereiro deste ano.

Essa loucura serviu para mostrar que existe espaço e público para todos os esportes na TV do Brasil, e não somente para o futebol.