Elis e Jair em "O Fino da Bossa" |
Já na sua inauguração, Sandra Amaral e Hélio Ansaldo apresentam o musical "Grandes Espetáculos União" (naquela época o patrocinador dava o nome para muitas atrrações, como o "Repórter Esso"). Os primeiros anos do canal foram marcados pelo glamour dos grandes nomes que se apresentavam pelos quatro cantos do mundo, e vinham para a Record com absoluta exclusividade: Bill Halley e seus Cometas, Sarah Vaughan, Louis Armstrong, Steve Wonder, Nat King Cole, Marlene Dietrich, Rita Pavone, Amália Rodrigues e muito mais.
A Rádio Record já possuía sob contrato grandes cantores brasileiros, e eles também garantiram seu espaço no programa "Astros do Disco", com Randal Juliano. A atração trazia também os grandes campeões de venda para cantar seus sucessos nas noites de Sábado da TV. Foi em "Astros do Disco" que surgiu o Troféu Chico Viola, um dos mais importantes da música, na época.
Os anos 1960 foram dourados, graças ao casamento entre a Record e a MPB. A partir de 1963, quando a novela brasileira passou a ter capítulos diários, os folhetins viraram uma febre, da qual o Brasil não se curou até hoje. Na época, Tupi e Excelsior eram as grandes produtoras do gênero. Paulo Machado de Carvalho Filho, herdeiro do fundador e diretor artístico da casa, juntamente com sua equipe de produtores, dentre eles o autor Manoel Carlos e o diretor Nilton Travesso, criou uma faixa de musicais que entrou para a história da televisão.
É uma "brasa" cantar no 7!!!
Roberto Carlos no palco do Teatro Record |
A moçada curtia carrões, brilhantina, e iê-iê-iê no programa "Jovem Guarda". Roberto Carlos, Erasmo Carlos (o "tremendão) e Wanderlea (a "ternurinha") traziam todos os domingos os lançamentos que a galera ouvia no rádio. Jerry Adriani, Waldirene, Eduardo Araújo, Os Vips, Silvinha, Martinha, e muitos outros eram recebidos aos gritos pela histérica plateia juvenil. Este programa nasceu em 1965 para preencher a lacuna deixada pelo futebol à tarde, já que a emissora tinha sido proibida de transmitir os jogos para não esvaziar os estádios. A atração foi tão forte que o movimento ganhou o nome de Jovem Guarda.
Não dá pra falar em MPB na TV sem ao menos citar os Festivais da Música Popular Brasileira. Até hoje, os melhores foram produzidos pelo canal 7 paulistano. De 1966 a 1969 o cenário musical nacional foi transformado, e nunca mais foi o mesmo. Grandes nomes e inesquecíveis canções nasceram naqueles teatros e são referência para novos talentos até hoje. De Hebe Camargo a Tom Zé, de Agnaldo Rayol a Chico Buarque, de Elis Regina a Roberto Carlos, todos os "mosntros sagrados" passaram por aqueles palcos.
"'Caba' não, mundão!!!"
Marcelo Costa recebe Wanderlea no "Especial Sertanejo" |
O sertanejo também não foi esquecido pela emissora. Inezita Barroso foi a primeira mulher a ter um programa solo no canal 7, trazendo seus convidados que cantavam o que havia de melhor na chamada "música raíz". Com a evolução do gênero, outros apresentadores surgem como Geraldo Meireles e, mais tarde, o cantor Marcelo Costa com seu "Especial Sertanejo". Renato Barbosa apresentou a parada de sucessos "Quem Sabe... Sábado" e também produziu "Amigos & Sucessos", onde um artista apresentava os maiores êxitos de sua carreira, recebia convidados, e ganhava uma homenagem de amigos e familiares.
Nos últimos dez anos, a televisão deixou um pouco de lado o gênero puro deste tipo de atração. Os cantores Chitãozinho & Xororó foram os últimos a apresentar na emissora um programa neste estilo, o "Raízes do Campo". Mas a história da Record mostra que, se bem produzido, uma musical pode valer muito mais do que mil imagens. No mês que vem, falamos sobre os programas de auditório.
Pra matar a saudade, vamos ver a apresentação de "Disparada", com Jair Rodrigues, e "A Banda", de Chico Buarque, as finalistas do festival de 1966. Diante do impasse, os jurados decidiram que as duas músicas eram as vencedoras daquele ano, um empate que nunca mais se repetiu na história. Agradecimentos: Bruno Kampel, naramaielis e TV Record.
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