domingo, 17 de fevereiro de 2013

CRÍTICA: VALE A PENA FAZER DE NOVO?

A família Bozo está de volta aos sábados do SBT
A estreia do "novo" palhaço Bozo no SBT, na manhã deste sábado, não é apenas mais uma das decisões incompreendidas de Silvio Santos. O resgate do infantil, que foi sucesso há 30 anos, é uma tendência de algumas emissoras no mundo: não arriscar em novidades.

De uns anos pra cá, vários canais de televisão tem lançado mão de textos antigos, formatos engavetados, e em algumas situações reprises puras e simples, para suprir a falta de criatividade de seus atuais roteiristas, ou a aposta em sangue novo. Você pode alegar que sempre fizeram isso. E mais, pode até me criticar: "como um jornalista que escreve sobre história da TV pode achar ruim o resgate de programas antigos?"

Calma, eu me explico. Entrevistando a ex-repórter do "Aqui Agora" Magdalena Bonfiglioli, em um dado momento, ela me disse por que não sentia saudades do telejornal popular do SBT. "Não posso sentir saudades de algo que cumpriu o seu papel e fez sucesso no seu tempo. O passado é útil demais para pautar o presente e criar o futuro. Mas o futuro deve ser criado", disse a jornalista.

Diante de um novo público, conectado à internet e com uma variedade de opções muito maior do que há 20 anos atrás, a TV aberta prefere recorrer à memória afetiva dos telespectadores. Os mais recentes remakes de novelas da Globo são antigos sucessos das 19h, uma faixa dedicada principalmente a um público mais jovem. Seus clássicos, como "O Astro", "Gabriela" e futuramente "Saramandaia" são exibidas após a primeira linha de shows, às 23h, próximo do horário da reprise de outros novelões no canal pago Viva, também da Globo.

Muitas pessoas assistem a essas produções também por influência de quem já as viu antes. Aqueles que já conhecem, querem ver se vai haver algo novo, ou se a história será mantida como a original. No caso do SBT, produtos do seu principal gênero, os programas de auditório, vez por outra voltam com nova roupagem. São vários os exemplos: "Fantasia", "TV Animal", "Roda a Roda", e o sucesso que surpreendeu a todos, a novelinha "Carrossel".

O crescimento das novelas da Record aconteceu com o remake de "A Escrava Isaura". Em seus auditórios, também já voltou a antiga "Corrida Maluca" com Gugu, e o apresentador se prepara para assumir o formato original do "Qual é a Música" de Silvio Santos. A Band também tem planos de resgatar um dos programas do dono do SBT, passando para José Luiz Datena o comando de "Quem Quer Ser um Miionário", conhecido por aqui como "Show do Milhão".

Não há problema algum em trazer de volta atrações que foram sucesso. Isso atrai ao mesmo tempo um público novo e os eternos fãs, como é o caso do Bozo. Mas também mostra que os executivos das emissoras possuem receio de apostar em novidades. Não dá pra viver só de passado, e não investir em novos talentos, capazes de reinventar a televisão. Serão esses profissionais que farão TV para seus contemporâneos, e as futuras gerações, e que poderão deter a queda livre da audiência.

Em tempo: o palhaço mais famoso do mundo estreou seu programa solo na vice-liderança. Segundo dados prévios, a atração empatou com a Record, com 4,3 pontos de média. A Globo liderou com 7,2. Imagem: Divulgação/SBT.

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