sábado, 6 de outubro de 2012

OS AMADOS TRAPALHÕES

"Os Trapalhões" na sátira do seriado "S.W.A.T"
Agora vou mexer com a memória emotiva de muito marmanjo. Em 2012, Didi, Dedé, Mussum e Zacaria iriam completar 35 anos de TV Globo. O programa "Os Trapalhões" estreou nas noites de domingo exatamente no dia 13 de março de 1977.

A chegada do quarteto se deu num momento delicado da Globo. A emissora era líder absoluta em todos os dias e horários, menos nos domingos, durante a exibição do "Programa Silvio Santos", pela Rede Tupi, TV Record e TVS. José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, então superintendente artístico e operacional do canal, viu naquele grupo a salvação de sua audiência, que também subia com o "Fantástico".

Antes de migrar para a emissora dos Marinho, os comediantes estrearam o formato original da atração em 1966, na TV Excelsior de São Paulo, com o nome de "Adoráveis Trapalhões". A formação também era outra: o cantor Wanderley Cardoso, o ator Ivon Cury, o lutador Ted Boy Marino e o bacharel em direito (!) Renato Aragão compunham a trupe. Em 1972, já com Dedé e Mussum, Renato passa para a TV Record, e o nome do programa muda para "Os Insociáveis", que não lhe agradava. No ano de 1975, com o nome que os consagraria, os trapalhões, com Zacaria, se mudam para a Rede Tupi.

Quando recebeu o convite de Boni, Renato não aceitou de primeira. Achava que seria podado, que não teria a liberdade que possuía na Tupi, por causa do "Padrão Globo de Qualidade". Bolou uma lista de exigências, em três páginas, nos quais determinava inclusive quem seria o diretor, o redator e a que horas iria ao ar o programa. O diretor aceitou sem fazer perguntas, para surpresa do humorista.

Uma equipe nada atrapalhada

As "baianas" em cena no programa da Globo, em 1977
Os Trapalhões chegaram na telinha do plim-plim em dois especiais, apresentados em janeiro e fevereiro de 1977, dentro da "Sexta Super", o programa de especiais da época. Grandes profissionais dirigiram o humorístico. Dentre eles Augusto César Vannucci (Pai do Rafael Vannucci), Carlos Manga, Maurício Sherman (hoje no "Zorra Total"), Wilton Franco (também diretor de "O Povo na TV", da TVS) e Paulo Aragão (filho de Renato Aragão). Outros talentos de igual importância eram os redatores: Arnaud Rodrigues, Carlos Alberto de Nóbrega, com a supervisão de criação de Chico Anysio. Um time de primeira!

Em meados de 1983 houve um desentendimento entre Renato e os demais companheiros, e se separaram. Didi passou a estrelar sozinho o dominical. Dedé, Mussum e Zacaria ficaram em outro horário. Essa história durou seis meses, e por iniciativa própria, os humoristas decidiram juntar-se novamente. De 1982 a 1992 os Trapalhões também improvisavam com a plateia presente no Teatro Fênix, talvez a melhor fase do programa. Nessa época surgiu o "Quartel do Sargento Pincel" (Roberto Guilherme), o "Trapa Hotel", a "Agência Trapa Tudo" e a "Vila Vintém", com uma clara referência do filme The Kid (O Garoto, 1921), de Charles Chaplin. O auditório voltou à atração em 1995, mas encontrou um cenário bem diferente de antes.

Mauro Gonçalves, o Zacaria, faleceu em 18 de março de 1990, de insuficiência respiratória, meses antes do início da nova temporada. Quatro anos depois foi a vez de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, partir para o andar de cima em 29 de julho. Após um transplante cardíaco, o humorista teve uma série de complicações no coração, e não resistiu. Os dois desaparecimentos abalaram muito Didi e Dedé, que seguiram com o programa, apenas apresentando reprises. "Os Trapalhões" saiu do ar 1997, completando 20 anos na Globo, e 31 anos de existência.

Recordistas da Telona

Lucinha Lins com Didi, Dedé, Mussum e Zacaria no filme
"Os Saltimbancos Trapalhões" (1981).
Entre 1998 e 2000, a emissora reapresentava durante meia-hora, os melhores momentos dos Trapalhões. Essa "sessão nostalgia" voltou em 2010 para comemorar os 50 anos do personagem de Renato Aragão no seu dominical "Aventuras do Didi". Foi nesse programa, que antes se chamava "Turma do Didi", que em 2008 o humorista e Manfried Sant'anna, o Dedé, se reencontraram, após 15 anos separados.

Curiosidade: o nome correto do personagem de Mauro Gonçalves era Zacaria, e não Zacarias. O nome veio de um galo que o ator possuía quando era criança. Uma ação judicial por direitos autorais, movida pela família de Mauro, contra a Editora Abril, fez o nome perder o "S" final de sua grafia. A empresa publicou por alguns anos a revista em quadrinhos dos Trapalhões, que também viraram brinquedos, discos e, principalmente, filmes.

De 1978, quando o quarteto estrelou o primeiro longa-metragem ("Os Trapalhões na Guerra dos Planetas"), até 1991, já no último filme de Mussum ("Os Trapalhões e a Árvore da Juventude"), foram 24 produções cinematográficas. Na conta não estão os dois filmes que foram realizados na época da separação, em 1983. O grupo está até hoje na lista dos dez filmes brasileiros mais vistos no país, com quatro histórias diferentes, todas com público acima de cinco milhões de espectadores.

Nos vídeos que selecionamos, você vai ver dois momentos clássicos do programa: o show de calouros com a filha do velho Faceta, e a paródia da música Terezinha, cantada por Maria Betânia. Também separamos um quadro do "Quartel do Sargento Pincel", um depoimento de Renato Aragão sobre o quarteto, e a polêmica previsão do futuro dos quatro comediantes em 2008, produzida no programa 25 anos antes. Esse quadro nunca foi reprisado pela Globo.

Agradecimentos: Época, Veja, re49045fe, TVeCinema, Brasiltelevision2010, tvrips, Fasperito, luciointhesky.wordpress.com e TV Globo

2 comentários:

  1. Mto boa a sua iniciativa pela divulgação.
    Parabéns!!!
    http://www.ostrapalhoes.net/

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    1. Muito obrigado Losandres. Fiquei feliz pelo comentário, especialmente vindo de um responsável por um site inteiro dedicado aos Trapalhões. Parabéns pelo seu trabalho, e muito sucesso.

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