A primeira dama da televisão brasileira, Hebe Camargo |
A rainha da TV, sempre de riso fácil, hoje deixou um país triste. O falecimento de Hebe Camargo aos 83 anos, vítima de uma parada cardíaca, pegou a todos de surpresa, e abre uma lacuna irreparável no cenário artístico nacional. Na última quinta, publicou em seu Twitter a felicidade que sentia em voltar para o SBT.
Se o sonho de todo artista, até 1988, era cantar no "Chacrinha", toda personalidade queria sentar-se no sofá da primeira dama da TV, ou ganhar um "selinho" da apresentadora... infelizmente até hoje. Muitos famosos e autoridades manifestaram ao longo deste triste sábado o seu pesar pelo desaparecimento da maior "gracinha" brasileira.
Existem pessoas que, por mais que saibamos que a morte é um destino certo, pensamos serem eternas. Especialmente quando estas são próximas, familiares como pai, mãe, irmãos... A partida de Hebe é tão sentida justamente porque ela se tornou muito próxima de todos os brasileiros. Viamos nela uma amiga íntima, que sempre estava pronta para nos receber na sua sala, e nós na nossa. Com o nome da deusa grega da eterna juventude, a cada noite, nossas casas eram iluminadas com a jovialidade da morena mais loiruda de que se teve notícia no país.
A "estrela de São Paulo", ao mesmo tempo que transformava o seu programa em uma grande noite de gala, de glamour, um grande espetáculo de alegria e elegância, tinha gestos muito próximos à população que lhe assistia, como beber cerveja num gole só, lavar pratos em cena para relebrar seu passado, ou até mesmo quebrar cadeira como uma roqueira, entrar no palco em uma moto...
O coração de Hebe também era grandioso. Desde o que viamos anualmente no Teleton, até o que não viamos, como quando ajudou inúmeros colegas em dificuldades financeiras (e não foram poucos), atestam a bondade da artista, que só recebeu salário regularmente durante os quase 25 anos de SBT. Está informação consta no depoimento dado para o livro "50 anos de TV no Brasil" (Editora Globo-2000), de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-diretor superintendente da Rede Globo.
Poderia falar de muitos momentos da única apresentadora que conseguiu ser a melhor, sem nunca ter sido contratada pela líder Globo. Poderia falar do começo de sua carreira, substituindo Ary Barroso no programa "Calouros em Desfile", na TV Paulista. A entrevista com o médico Christiaan Barnard, o primeiro a realizar um transplante cardíaco com sucesso, no mundo, na TV Record. O encontro com Dercy, voltando para a TV Tupi. A última aparição de Mazzaropi em seu programa na TV Bandeirantes. O beijo que conseguiu arrancar de Silvio Santos, a muito custo, no "Troféu Imprensa" na sua casa, o SBT. Poderia falar da transmissão do seu talk show em HD e 3D, direto do maior estúdio do Brasil, na estreia na RedeTV!
Mas prefiro expressar meus sentimentos neste momento. O quanto será difícil ligar a TV e saber que não vamos mais ouvir uma gargalhada gostosa, solta. O horário nobre perdeu um pouco de sua nobreza, de seu brilho, a sua estrela. Nós perdemos uma "caipirinha de Taubaté", que de uma forma ou de outra, alegrava nossas noites. Uma mãe, uma cantora, uma apresentadora, uma mulher, uma estrela... Aos familiares, nossa sincera tristeza e nossos desejos de força neste momento.
Vá com Deus, Hebe. Sua trajetória foi "linda de viver".
Agradecimentos: UOL, eumesmobr.