sábado, 29 de setembro de 2012

Esses Loucos da TV... ESPECIAL - UMA ESTRELA NO AR

A primeira dama da televisão brasileira, Hebe Camargo
A rainha da TV, sempre de riso fácil, hoje deixou um país triste. O falecimento de Hebe Camargo aos 83 anos, vítima de uma parada cardíaca, pegou a todos de surpresa, e abre uma lacuna irreparável no cenário artístico nacional. Na última quinta, publicou em seu Twitter a felicidade que sentia em voltar para o SBT.

Seria muito fácil contar toda a trajetória de vida dessa ilustre filha de Taubaté-SP. Seria muito fácil contar sobre sua infância difícil, sua carreira como sambista, como grande cantora, e especialmente sobre toda sua trajetória na televisão. Muito mais complicado é descrever o tamanho da falta que Hebe fará à nossa telinha.

Se o sonho de todo artista, até 1988, era cantar no "Chacrinha", toda personalidade queria sentar-se no sofá da primeira dama da TV, ou ganhar um "selinho" da apresentadora... infelizmente até hoje. Muitos famosos e autoridades manifestaram ao longo deste triste sábado o seu pesar pelo desaparecimento da maior "gracinha" brasileira.

Existem pessoas que, por mais que saibamos que a morte é um destino certo, pensamos serem eternas. Especialmente quando estas são próximas, familiares como pai, mãe, irmãos... A partida de Hebe é tão sentida justamente porque ela se tornou muito próxima de todos os brasileiros. Viamos nela uma amiga íntima, que sempre estava pronta para nos receber na sua sala, e nós na nossa. Com o nome da deusa grega da eterna juventude, a cada noite, nossas casas eram iluminadas com a jovialidade da morena mais loiruda de que se teve notícia no país.

A "estrela de São Paulo", ao mesmo tempo que transformava o seu programa em uma grande noite de gala, de glamour, um grande espetáculo de alegria e elegância, tinha gestos muito próximos à população que lhe assistia, como beber cerveja num gole só, lavar pratos em cena para relebrar seu passado, ou até mesmo quebrar cadeira como uma roqueira, entrar no palco em uma moto...

O coração de Hebe também era grandioso. Desde o que viamos anualmente no Teleton, até o que não viamos, como quando ajudou inúmeros colegas em dificuldades financeiras (e não foram poucos), atestam a bondade da artista, que só recebeu salário regularmente durante os quase 25 anos de SBT. Está informação consta no depoimento dado para o livro "50 anos de TV no Brasil" (Editora Globo-2000), de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-diretor superintendente da Rede Globo.

Poderia falar de muitos momentos da única apresentadora que conseguiu ser a melhor, sem nunca ter sido contratada pela líder Globo. Poderia falar do começo de sua carreira, substituindo Ary Barroso no programa "Calouros em Desfile", na TV Paulista. A entrevista com o médico Christiaan Barnard, o primeiro a realizar um transplante cardíaco com sucesso, no mundo, na TV Record. O encontro com Dercy, voltando para a TV Tupi. A última aparição de Mazzaropi em seu programa na TV Bandeirantes. O beijo que conseguiu arrancar de Silvio Santos, a muito custo, no "Troféu Imprensa" na sua casa, o SBT. Poderia falar da transmissão do seu talk show em HD e 3D, direto do maior estúdio do Brasil, na estreia na RedeTV!

Mas prefiro expressar meus sentimentos neste momento. O quanto será difícil ligar a TV e saber que não vamos mais ouvir uma gargalhada gostosa, solta. O horário nobre perdeu um pouco de sua nobreza, de seu brilho, a sua estrela. Nós perdemos uma "caipirinha de Taubaté", que de uma forma ou de outra, alegrava nossas noites. Uma mãe, uma cantora, uma apresentadora, uma mulher, uma estrela... Aos familiares, nossa sincera tristeza e nossos desejos de força neste momento.

Vá com Deus, Hebe. Sua trajetória foi "linda de viver".

Agradecimentos: UOL, eumesmobr.

MARAVILHA PARA CRIANÇAS

Mara comandou o "Show Maravilha" por quase sete anos
Num universo eletrônico, onde somente as loiras brilhavam, uma baianinha morena fez história e marcou a vida de milhares de crianças que sintonizavam o SBT. Em 1987 entrou no ar o infantil "Show Maravilha".

Os anos 1980 foram férteis em atrações para a garotada. Disputar a atenção deste exigente público não era tarefa fácil. Silvio Santos precisava de uma apresentadora para comandar uma atração, seguindo os moldes do "Xou da Xuxa" na Globo, e de seu "Domingo no Parque". O animador se lembrou de Mara, que já era contratada da então TVS desde 1983.

O Homem Sorriso da TV conheceu Eliemary Silva da Silveira, seu nome de batismo, com 15 anos, apresentando o infantil "Clube do Mickey" na TV Itapoan, na época afiliada do SBT, hoje com a Rede Record. A morena começou cedo na telinha, com apenas 8 anos de idade. Mara tinha carisma diante das câmeras, e com os pequenos também. Silvio a trouxe da Bahia para São Paulo para integrar o júri do "Show de Calouros". O apelido "Maravilha" foi dado pelo apresentador. A baiana também conduziu outros programas na casa como "TV Powww", "Vamos Nessa", "O Preço Certo", além de ser repórter especial do "Viva a Noite" de Gugu Liberato.

O "Show Maravilha" estreou em 6 de abril. A atração caiu como uma luva para Mara, que já tinha experiência com infantis antes de Xuxa aparecer na Manchete, em 1983. O programa começava às 16:30, e passou a concorrer com a "Rainha do Baixinhos" na Globo quando o Bozo saiu do ar, e o Sérgio Mallandro se transferiu para o plim-plim, em 1991. O "Show" permaneceu nas manhãs, a partir das 10:30, até o seu fim.

Um Maroto Maquinista

Mara no trenzinho conduzido por Paulinho Lima
A principal característica do cenário do programa era um Sol, sempre sorridente. Em seus primeiros anos, a apresentadora chegava à bordo de um trenzinho, conduzido por um pequeno maquinista. No palco, Mara brincava, cantava, dançava, recebia atrações musicais e crianças "ilustres". Os filhos de Leila Cordeiro, Christina Rocha, Sônia Abrão, Claudete Troiano, Cínthia e Íris Abravanel (as duas, filha e esposa de Silvio Santos, respectivamente) batiam ponto no programa.

Assim como Xuxa tinha suas Paquitas e Paquitos, Mara teve suas Maravilhas e Marotos, que também cantavam e dançavam. Destaque para Paulo Lima, o Paulinho, que foi seu maquinista mirim, e anos depois, casou-se com a apresentadora. Naquela época, o sonho de toda garota era ser uma das assistentes de palco desses programas infantis. Para matar essa vontade, no "Show Maravilha" foram criadas as "Borboletas", admiradas por Mara, que eram menininhas escolhidas a cada programa para serem assistentes por um dia.

A fórmula da atração, com brincadeiras, música e desenhos animados, permaneceu a mesma durante toda a sua existência. O programa era campeão de audiência e faturamento, até que em 1994, Mara decide não renovar seu contrato. "Show Maravilha" sai do ar em 28 de fevereiro daquele ano, mas o carinho de seus fãs dura até hoje. Em uma pesquisa realizada pelo portal UOL, na ocasião dos 25 anos do SBT, o infantil foi eleito pelos internautas o melhor programa produzido pela emissora, desbancando Gugu, Hebe e o próprio Silvio Santos.

Curiosidades: o nome "Show Maravilha"foi criado pelo próprio Silvio. Foi o único programa que passou por todos os antigos núcleos de produção do SBT. Começou na Vila Guilherme, após uma enchente foi para o Teatro Silvio Santos, numa breve temporada, e encerrou suas atividades nos estúdios do Sumaré. O tema de abertura "Maravilha" foi composto pelo saudoso Renato Barbosa, o rei da paródia do "Show de Calouros" e, anos mais tarde, apresentador do "Quem Sabe... Sábado!" na Record.

Você confere agora a primeira abertura do infantil, e o resgate de momentos inesquecíveis do "Show Maravilha" realizado pelo "Festival SBT 30 Anos", no ano passado.

Agradecimentos: Divulgação/SBT, hkuniochi e TVMUSEU1.



quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O QUARENTÃO DA BARRA FUNDA

Celso Freitas e Ana Paula Padrão na bancada do "JR"
O "Jornal da Record" sempre foi a maior referência jornalística no canal 7 paulistano. Porém o que poucos sabem é que o informativo está no ar há 40 anos. É o programa mais antigo transmitido pela TV Record.

A estreia aconteceu em 1972. A emissora era a líder da REI - Rede de Emissoras Independentes, que apresentava o "Jornal da REI". Este noticiário foi cancelado e o "JR" entrou no ar , sob o comando de Hélio Ansaldo. O programa era apresentado em preto e branco, e continuava a usar a estrutura das afiliadas Independentes.

Em 1976 passou a se chamar "Jornal da Noite". Nove anos depois, volta a ser exibido entre 18h e 19h, com o nome da emissora no título. A partir de 1989, com o sucesso do primeiro âncora brasileiro Boris Casoy no SBT, Carlos Nascimento assume esta função no informativo. A REI se desfaz no mesmo ano, e a Record, agora de propriedade do líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, precisa montar sua própria rede.

De 1990 a 1997 vários apresentadores passaram pela bancada do jornal: Maria Lydia Flandoli, Carlos Bianchini, Adriana de Castro, Carlos Oliveira e Chico Pinheiro. Outros que também estiveram lá antes foram  Sílvia Poppovic, Celso Ming, Paulo Markun e Ricardo Carvalho.

Padrão Record de Qualidade

Quando o "Jornal da Record", que construiu uma estrutura respeitável neste sete anos, precisava de uma âncora que aliasse mais credibilidade, os dirigentes do canal não tiveram dúvida. Boris Casoy trocou o SBT pelo "JR" quando o noticiário estava completando 25 anos no ar. O jornalista permaneceu lá por oito anos, acompanhado da comentarista Salette Lemos.

Visando conquistar o primeiro lugar, e assemelhar-se ao máximo na líder Globo, a direção da emissora da Barra Funda reformulou o informativo. Após a saída de Boris, contratou os ex-globais Celso Freitas e Adriana Araújo para a apresentação. Em 2009 Adriana se torna correspondente internacional, e em seu lugar na bancada vem a jornalista Ana Paula Padrão, também com passagem pela TV da família Marinho.

Hoje o "Jornal da Record", transmitido em HD, possui uma estrutura tão boa quanto o "Jornal Nacional" da TV Globo, o primeiro colocado em audiência. Porém sua linguagem e abordagem são mais populares. O telejornal segue sendo uma das principais marcas daquilo que a TV Record sempre priorizou em sua programação: o jornalismo com qualidade para a população. Parabéns ao quarentão!!!

O Jornal está quente!!!

Curiosidades: o último princípio de incêndio da calejada história com o fogo que a Record possui foi no "JR". Boris Casoy anunciou o incidente, ocorrido por um curto circuito de uma iluminação no chão do cenário, após uma reportagem e rapidamente chamou o intervalo. As chamas foram prontamente debeladas. A redação atual do jornal, que aparece ao fundo dos apresentadores, é exclusiva para a sua equipe. Os jornalistas dos demais noticiários trabalham em um outro local ao lado.

Acompanhe nos vídeos abaixo a evolução do "Jornal da Record", desde Carlos Nascimento até os dias atuais. Agradecimentos: bizuti, krebs500, adreluisdeamorim, rubensbeoriegui, Nunoleonfonseca, alxqueiroz, 001videomix, narutero152, belohorizonte2009, rederecord, cancunsa, blog48horas e Divulgação/TV Record




































sábado, 22 de setembro de 2012

QUER NAMORAR PELA TV?

"Quer Namorar Comigo?" foi um quadro de relacionamento do SBT
No começo dos anos 1990 não existia internet acessível para todos. A rede social de cada um eram os amigos de carne e osso. Para um sujeito "tímido" começar um relacionamento com uma garota existiam duas opções: encarar a jovem de cara limpa ou... levar o pedido de namoro para ser assistido em rede nacional, pela televisão! Um dos clássicos da TV estreou há 20 anos, dentro do "Programa Silvio Santos", no SBT: "Quer Namorar Comigo?"

O quadro surgiu diante do volume de cartas que chegavam à "Porta da Esperança", pedindo uma ajudinha ao apresentador para desencalhar moças e rapazes envergonhados. A fórmula era bem simples: a pessoa mandava uma carta, contando sua história apaixonada para a produção. O sorteado vinha até o programa, e a equipe da atração trazia a pretendente sem que ela soubesse o motivo.

O patrão cupido 

Antes do encontro, Silvio Santos conversava com o candidato a namorado, buscando apresentar a história para o telespectador, e envolver o público de casa e as colegas de trabalho. Quando o animador conduzia a desinformada convidada para o banco do amor, um cenário todo florido, o casal tinha dois minutos para conversar. Essa era a parte mais legal para quem assistia, pois se divertiam com a timidez do par, tentando falar baixo para não serem ouvidos perante as câmeras.

No melhor estilo cupido, Silvio encerrava a conversa, pedindo à pessoa que enviou a carta para que fizesse a pergunta principal do programa: quer namorar comigo? Na maioria das vezes a resposta foi positiva. Roque entrava em cena com um buquê de flores e o dono do SBT presenteava o novo casal, em nome do programa, com um jantar em um restaurante fino, na localidade a escolher pelos dois.

Porém, as cartas pedindo reconciliação e homenagem na "Porta da Esperança" não paravam de chegar. Silvio Santos resolveu juntar também estes pedidos com os pedidos de namoro, e criou "Em Nome do Amor". "Quer Namorar Comigo?" ficou no ar apenas dois anos, quando foi substituído em 1994. Confira um trechinho deste inesquecível dominical, que antecedia "Topa Tudo Por Dinheiro". Agradecimentos: meliponarioprimavera.

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

OS 25 ANOS DE "QUEM PROCURA ACHA AQUI"

Slogan do SBT entre 1987 e 1989
O ano de 1987 foi muito importante na história do SBT. Com logotipo novo, o famoso com cilindros coloridos, completando seu primeiro aniversário, a emissora de Silvio Santos inicia uma estratégia para tirar do mercado publicitário a imagem de "popularesca", que a acompanhava desde sua inauguração, 6 anos antes. Além de iniciar um processo de qualificação da programação, ressaltada com as chegadas de Hebe Camargo e Carlos Alberto de Nóbrega, a então TVS lança a campanha "Quem Procura Acha Aqui".

Silvio queria que o jingle caísse no gosto do povo, e se aproveitou do ditado popular "quem procura acha" para garantir a aceitação da proposta pelo público. Rick Medeiros era o responsável pelas compras e adaptações de formatos estrangeireiros e vinhetas, principalmente americanas, para as telinhas brasucas. Mas neste caso, o dono do SBT não queria muitas alterações das versões Yankees. As redes de televisão norte americanas são craques também nesse setor. Sabem como poucos no mundo criar um institucional envolvente e empolgante.

Vamos todos achar aqui!

A campanha escolhida foi "Be There" (está lá), produzida pela NBC em 1983. Mário Lúcio de Freitas, produtor musical, trabalhava com o Homem do Baú desde os tempos das caravanas de circo que o animador fazia pela capital paulista. Ele foi o responsável pela letra em português da vinheta. A marcante voz feminina é de Sarah Regina, intérprete do tema de abertura da novela mexicana "Chispita" (SBT, 1984). Um sucesso estrondoso. Em 1988 foi lançada a segunda versão de "Quem Procura Acha Aqui", em cima da americana "Let's All Be There" (vamos todos estar lá) de 1984, também da NBC. Com a consolidação da vice-liderança em audiência, de ponta a ponta, o institucional ganhou uma nova versão em 1989, inspirada na mesma trilogia gringa, só que agora no filme produzido em 1985.

Muitos que eram crianças naquela época, ou os fãs mais apaixonados pela emissora, se lembram com carinho da musiquinha, e em alguns casos ainda sabem cantá-la! Em 1990 o slogan foi trocado pelo "Vem que é bom pro SBT", mas o "Acha Aqui" virou marca do canal. Curiosidades: Silvio Santos gravou sua participação apenas na vinheta de 1987, uma raridade. Nas demais foram usadas imagens de seu programa. Em 1988 foram realizadas duas versões do vídeo: uma sem e outra com Gugu. A primeria aconteceu quando o apresentador tinha sido contratado pela Globo, e a segunda, foi editada meses depois do seu retorno à TVS. Mário Lúcio foi responsável por vários outros trabalhos, como as aberturas de "Hebe", "TJ Brasil", "Programa Livre", "Chaves" e outras campanhas do SBT até 1996, quando o "Acha Aqui" foi usado para comemorar os 15 anos da estação. Ah, e como o nome da emissora local era TVS e a rede era SBT, era necessário produzir duas versões da música promocional, uma para cada nome!

Vamos matar as saudades deste promocional que marcou época, e as suas inspirações americanas. Agradecimentos: VintageTelevision, Jorgeshow, marioluciodefreitas, apotheounSTK, BAUDATV, tvemvideos, rcrocha e SBT.


Primeira vinheta - TVS (1987)


Primeira vinheta - versão SBT (1987)


Be There (1983) da rede americana NBC


Segunda vinheta - sem Gugu Liberato (1988)


Segunda vinheta - com Gugu Liberato (1988)


Let's All Be There (1984), da NBC


Terceira vinheta - versão SBT (1989)


Terceira vinheta - versão TVS (1989)


Vinheta curta - 1989


Última da série "Let's All Be There", de 1985

sábado, 15 de setembro de 2012

UM PORRETE NA MÃO, UM BIGODE NO AR... A COBRA VAI FUMAR!!!

Carlos Massa fez muito sucesso com "Ratinho Livre" na Record
Imagine um programa sem um roteiro definido pela produção, mas sim pelo povo. Assim era o programa "Ratinho Livre", exibido pela TV Record entre 1997 e 1998. O apresentador Carlos Massa, o Ratinho, comandava o  programa "190 Urgente", pela pequena rede CNT/Gazeta. Menor sim, mas não menos importante. Estar no ar em uma emissora aberta paulistana pode lhe proporcionar visibilidade, e ganhar espaço em uma rede nacional. Foi assim com esse radialista e, como ele mesmo diz, "ex- lavador de defunto".

Sua indignação contra o descaso sofrido pela população, contra a criminalidade, e de vez em quando até contra sua própria produção, chamou a atenção de Eduardo Lafond, na época diretor artístico e de programação da Record. O apresentador, que ficou famoso pelo cassetete e com bordões como "aqui tem café no bule", queria um programa de auditório. Mas quando foi contratado pela emissora de Edir Macedo, pensou que iria comandar o policial "Cidade Alerta", seu então concorrente. Lafond resgatou o formato do antigo "O Povo na TV", exibido nos primeiros anos do SBT, onde as pessoas procuravam a produção para que lhe ajudassem com qualquer tipo de problema.

"Ratinho Livre" estreou em setembro de 1997, com uma plateia pequena, pouco mais de 30 pessoas, num dos menores estúdios da Barra Funda. Seu cenário, guardadas as proporções, é claro, tinha uma estrutura de talk-show americano: mesa para o apresentador, sofá para os convidados e uma banda tocando ao vivo. O programa era exibido diariamente, e contava também com a participação de repórteres, diretamente de qualquer ponto da capital paulista.

Um mês após seu lançamento, a atração garantia o segundo lugar para a emissora dos bispos. A audiência do horário triplicou. Com o passar dos meses, Ratinho começou a incomodar muito a Rede Globo, líder no horário. A alteração gradual no horário quase intocável do "Jornal Nacional" de 20h para 20h15, depois para 20h30 aconteceu nesta época. Dessa maneira, a novela das 8 (que começava às 9) acabava mais tarde, para atrapalhar a atração do canal 7 paulistano. Não deu certo. Assim que acabava a trama global, o programa da Record disparava no IBOPE. "Ratinho Livre" chegou a alcançar 35 pontos de pico.

Azeitona, Caroço e ET

Rodolfo e ET ficaram famosos pelo programa
Um programa que adota a linha de assistência popular corre um sério risco de ser taxado de sensacionalista. Muitas vezes Ratinho foi acusado pela imprensa de ser apelativo, ao expor no palco casos como o "homem grávido". Mas seu programa foi o responsável pela popularização do exame de paternidade, o famoso DNA. O apresentador respondia aos ataques, dizendo que seu palco era a última alternativa para aquelas pessoas desesperadas, e que não pararia de ajudar os doentes que lhe procurassem. Foram vários processos contra Ratinho e a Record, proibindo a exibição desses casos.

A atração também tinha números musicais e sorteios de prêmios pelo antigo sistema 0900. Destaque para a visita que Gugu Liberato e toda sua turma fizeram, em 1998, em retribuição à participação do apresentador no "Domingo Legal", no SBT. Gugu cantou "Pintinho Amarelinho" e até hipnotizou uma galinha em cena. Com a alta audiência, e sendo um astuto empresário, Ratinho tornou conhecida no país a sua linha de produtos, os seus principais anunciantes.

Algumas figuras ficaram famosas pelo Brasil afora, aparecendo na atração. A dupla de irmãos gêmeos Caroço e Azeitona (Humberto e Alexandre de Oliveira, respectivamente), que faziam as vezes de segurança, apartando as brigas no palco. Mário Pereira, o Azulão (solta o Azulão, solta o Azulão...), que conheceu o estrelato após mais 30 anos trabalho nos bastidores da Record. O repórter Rodolfo Carlos, que acompanhou o apresentador quando este se transferiu da CNT. O saudoso Cláudio Chiriniam, o ET, falecido em fevereiro de 2010. E Luiz Carlos Ribeiro, o Rodela, antigo calouro de Silvio Santos.

Auditório não!

Com a popularidade em alta, Carlos Massa ganhou uma atração dominical, em 1998, o "Ratinho Show". Comandado diretamente do Teatro Paulo Machado de Carvalho, na antiga sede da Record, era comum ver as pessoas suando, por causa da falta de ar condicionado no auditório. Neste programa, atrações de todos os tipos desfilavam pelo palco. Os jurados eram os integrantes do programa Pânico e outros convidados, como Leão Lobo. A produção era de Valentino Guzzo, ex-produtor do "Show de Calouros", conhecida como a eterna Vovó Mafalda.

Comunicador popular, Ratinho queria estar ao lado do mais popular animador do Brasil. Este sonho se realizou em 1998, quando saiu da Record e foi para o SBT, comandar o "Programa do Ratinho", no ar até hoje. Curiosidade: Silvio Santos tinha tentado contratar o apresentador antes de Edir Macedo. O acordo só não foi fechado naquela época porque Silvio não queria dar um programa de auditório, mas sim o comando do jornal "Aqui Agora".

Vamos relembrar um pouco deste programa, com vários momentos de indignação do apresentador, polêmicos momentos como a entrevista com Inri Cristo, a primeira aparição do ET e a visita do Gugu. Agradecimentos: belohorizonte2009, leonardorecife2008, ricflairbol, growdasky2007, UOL e Divulgação/TV Record.















sábado, 8 de setembro de 2012

DE CARA A CARA COM GABI

A fórmula que consagrou Gabi nasceu na TV Bandeirantes
Marília Gabriela é o tipo da profissional completa. Faz de tudo: é atriz, cantora, apresentadora, escritora, jornalista... Mas sua faceta mais conhecida e reconhecida é a de entrevistadora. O programa "Cara a Cara", da TV Bandeirantes, consagrou o modelo de entrevista olho no olho e também sua condutora. Sua estreia aconteceu em 1987.

Por incrível que pareça, a ausência de cenário era a característica principal do programa. Seu fundo preto, sem nem mesmo mostrar a bancada, faziam com que o público ficasse atento somente na entrevista. Muitas vezes o "Cara a Cara" ganhava repercussão nacional.

Convivendo com um momento conturbado da política brasileira, e com a visita de astros e estrelas da música pop, a atração era referência para quem sonhava em ser um entrevistador. Gabi conseguia arrancar de seus convidados sempre uma declaração forte, ou entrar na intimidade e conseguir a confissão de alguns segredos.

Atores, atrizes, cantores, compositores, políticos, esportistas, líderes religiosos, enfim. Toda personalidade nacional e internacional tinha que bater um papo contundente e intimista (pelo close da câmera no entrevistado) com a jornalista. De Madonna a Fidel Castro, passando pelo líder palestino Yasser Arafat e pela conselheira sexual e apresentadora Sue Johanson.

Uma ministra, um violão...

"Cara a Cara" consolidou Marília Gabriela como a principal entrevistadora do Brasil. O programa foi indicado cinco vezes (de 1989 a 1994) ao Troféu Imprensa como melhor programa de entrevistas. A atração saiu do ar em 1994, mas seu formato acompanha Gabi em todas as emissoras por onde passou, inclusive no SBT, onde atualmente comanda o "De Frente com Gabi".

Curiosidade: uma das entrevistas mais marcantes deste programa foi com a então ministra da fazenda Zélia Cardoso de Mello. Depois de (tentar) explicar o confisco da poupança dos brasileiros em 1990, Zélia confessou estar vivendo um "amor platônico". O amado, que não foi revelado no ar, era o ministro da justiça, Bernardo Cabral. O pior (ou melhor) foi que o programa também teve um recital de violão da futura esposa de Chico Anysio!!!

Vamos conferir trechos de entrevistas com três grandes nomes da nossa música: Gal Costa, Maria Betânia e Rita Lee. Veja também a abertura do programa de entrevistas. Vídeos: You Tube. Imagem: reprodução.





sexta-feira, 7 de setembro de 2012

LOUCURA QUER SABER

Qual destas histórias poderia substituir "Carrossel"?
Este é um post especial. Em primeiro lugar, quero agradecer pelo índice de acessos que atingimos no último mês. Foram mais de 1100 clicadas em alguma das nossas viagens pelo mundo da televisão. Muito obrigado por esse carinho e respeito por esse trabalho de valorizar o que a nossa TV já produziu, ou trouxe de fora e nos fez conhecer outras culturas. Conto com sua visita e sua companhia sempre. Vamos voltar a produzir matérias exclusivas para o blog. Em breve, vem aí uma série sobre trilhas de abertura de novela. Não perca! Ah, e também vamos atrás de novos depoimentos de importantes personalidades da nossa telinha.

Em segundo lugar, vamos para os números finais da pesquisa que realizamos. Todos que acessaram viram no alto do canto direito, abaixo do título do blog, a pergunta: "O que você achou das estreias de 'Encontro' e 'Na Moral' na Rede Globo?" A maioria dos visitantes que responderam (77%) disseram que não gostaram, foi muito barulho para pouca novidade. Em seguida, com 22% dos votos, os participantes da enquete acham que é preciso melhorar os temas abordados. Nenhuma pessoa aprovou totalmente os novos programas globais. Muito obrigado a todos que participaram!

Hoje o Loucura inicia uma nova pesquisa. Diante do grande sucesso de "Carrossel" no SBT, há uma grande curiosidade por parte do público em saber qual será a substituta da novelinha infantil. Na linha dos remakes, sugerimos quatro grandes histórias, que foram apresentadas pela emissora de Silvio Santos: "Chispita" (1984, reprisada sete vezes), "Chiquititas" (1997, no ar por cinco anos consecutivos), "Carinha de Anjo" (2001, reapresentada em 2003) e "O Diário de Daniela" (2000, de volta em 2007).

Participe! Pode responder quantas vezes você quiser. Após o término da enquete, nós publicaremos os resultados. Para te ajudar a responder, confira as quatro aberturas das novelinhas. Agradecimentos: infantv, leandrorodriguesdeoo, rebelderoberta8, tvnarede.









sábado, 1 de setembro de 2012

60 ANOS DO PRIMEIRO A DAR AS ÚLTIMAS

Gontijo Teodoro apresenta "O Seu Repórter Esso"
Este é um clássico da nossa telinha. Por muitos anos, os primeiros telejornais eram chamados de "repórter", graças à força do primeiro grande noticiário da nossa TV: "O Seu Repórter Esso". O informativo estreou em abril de 1952 na TV Tupi.

A trajetória de sucesso do programa começou no rádio, em 1935, nos Estados Unidos, e se espalhou por 15 países. Em 1941 o Brasil passa a produzir a sua versão do radiojornal, através da antológica Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Era a principal fonte de informação dos brasileiros durante a Segunda Guerra Mundial, além de testemunhar a queda do Nazismo alemão e do Estado Novo de Vargas, aqui no Brasil. Com esse currículo, o "Repórter" não poderia ficar de fora do novo meio de comunicação, então com apenas dois anos de vida.

Como o público do rádio migrou para a televisão, o sucesso do jornal também o acompanhou na Tupi. Embora as emissoras de Assis Chateaubriand fossem "Associadas", elas não transmitiam em rede nacional. Cada estação tinha o seu "Repórter Esso": Kalil Filho em São Paulo, Luiz Jatobá e Gontijo Teodoro no Rio, Luiz Cordeiro em BH, Helmar Hugo em Porto Alegre e Edson Almeida em Recife.

Toda a pauta era elaborada e escrita pela McCann-Erickson, a agência de publicidade que produzia o jornal. As notícias vinham da UPA (United Press Associations) e da Agência Nacional. Cabia à emissora apenas providenciar o estúdio e o locutor. O patrocínio exclusivo da atração era da Standard Oil Company of Brazil, a dona dos postos Esso.

Não deu no Esso, não é verdade

Um dos slogans, que eram seguidos à risca, era: "o primeiro a dar as últimas". Sua contribuição para o rádio e a televisão existe até hoje. A estrutura de texto importada pelo noticiário, seguindo o modelo norte americano, ainda pode ser vista em qualquer telejornal atualmente: simplicidade, notícias curtas e objetividade. O programa aboliu de suas matérias qualquer tipo de adjetivo, muito comum na época, e padronizou um modelo de escrita ideal para o ouvinte e o telespectador.

A "Testemunha ocular da história", outro lema do jornal, noticiou fatos importantes, como o suicídio do presidente Getúlio Vargas em 1954, a morte da cantora Carmem Miranda em 1955, as várias revoluções pelo planeta nos anos 1960, inclusive com o assassinato de um de seus maiores ícones, Che Guevara, em 1967. A credibilidade era tão grande que a população só acreditava na veracidade de uma notícia se ela tivesse sido dada pelo noticioso.

Antecessor do "Jornal Nacional" da TV Globo, o líder "Repórter Esso" foi duramente cesurado pelos militares, a partir do golpe de 1964. Daí em diante era comum ver reportagens sobre desfiles de moda, garotas na praia, resultados de futebol e outras trivialidades, no lugar das matérias sobre política nacional, internacional ou qualquer tema que fosse considerado subversivo pelos censores. Com a cobertura retaliada, o jornal perdeu audiência, e saiu do ar em 31 de dezembro de 1970. Nesta época o informativo era exibido pela Tupi e pela Record. Sua versão radiofônica encerrou suas atividades no último dia do ano de 1968, também pela pressão da censura federal.

Curiosidade: em quase 20 anos de apresentação, o telejornal sempre foi ao ar às 19:45h. Nos seus intervalos, o comercial das alegres gotinhas da Esso animavam a telinha. Com o surgimento do Video Tape (VT) em 1960 por aqui, só estariam acessíveis em acervo os últimos 10 anos do jornal... em tese. Como não existia a filosofia da preservação dos programas gravados, especialmente os jornalísticos, além da falta de grana das emissoras, suas fitas eram reaproveitadas para outras produções. Sem contar a destruição deste material devido aos incêndios que atingiram algumas instalações televisivas.

Rever um mestre em ação é sempre bom! Então confira a clássica abertura, alguns trecho de uma das últimas edições de 1970, exibida pela TV Tupi-Rio, e o comercial das gotinhas da Esso. Agradecimentos: ksommer90, 8desetembro, dvddatv, Arquivos1000 e integracaobrasil.blogspot.com.