domingo, 25 de abril de 2010

Esses loucos da TV...


Este homem foi um magnata da televisão. Nascido em 1904, viu seu pai, Irineu Marinho, inaugurar o jornal O Globo quando tinha apenas 20 anos de idade. Depois de 21 dias de lançado, o jornal perde seu fundador. Roberto Marinho, o mais velho dos cinco filhos de Irineu, foi pressionado a assumir imediatamente a empresa. Ele não foi louco, e quis primeiro aprender como se faz jornalismo, e fez de O Globo o mais importante jornal do país.

Marinho era visionário, e resolveu ampliar a rede de comunicações, inaugurando a Rádio Globo, em 1944. Em 1965 lança a TV Globo, canal 4 do Rio de Janeiro. É aí que começa um império de mídia que, no dia 26 de abril completa 45 anos. As Organizações Globo só cresceram desde então. O poder de Roberto Marinho também se tornou gigante. Certa vez, Tancredo Neves disse que enfrentaria qualquer pessoa neste país, menos o dono da Globo!

A parte política da trajetória do fundador da TV Globo, apesar de inseparável, não é o foco principal deste artigo. Três aspectos são importantes para se compreender como Roberto Marinho conquistou seu conglomerado, e principalmente como a Rede Globo nasceu e se tornou a líder na preferência do público.

Quando a Globo nasceu, o único que poderia rivalizar com seu proprietário era outro magnata das comunicações, Assis Chateubriand, dono dos Diários e Emissoras Associadas. O poder de influência de Chatô era grandioso. Tanto que ele impediu, num primeiro momento, que o governo desse uma emissora de TV para o dono da Rádio Nacional, Victor Costa, no Rio de Janeiro. A Nacional era líder de audiência, com seus programas de auditório, e o dono da TV Tupi sabia que o elenco famoso da rádio concorrente jogaria seu canal na lama. Tudo isso aconteceu antes de 1958, quando Chateubriand foi acometido por uma trombose, que o deixou paralítico por dez anos, até sua morte. Suas empresas ficaram nas mãos de funcionários de sua confiança que não se entediam muito bem na hora de administrar os negócios. Como diz o ditado, "rei morto, rei posto". Com o declínio da Tupi, surgiu espaço para aparecer uma nova líder. Ganhou a mais rápida, a Globo.

Outro fator importante foi a profissionalização da TV Globo. Todas as outras emissoras eram comandadas por famílias, dentro e fora da telinha. O jornalista confiou a direção da TV para Walter Clark, o arquiteto da hegemonia global, e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, pai do diretor Boninho. A idéia de televisão em rede, que não existia no Brasil, já estava na cabeça de Marinho, que soube transmitir para quem tinha (e tem até hoje, no caso de Boni) talento e capacidade para executá-la da melhor forma possível. O resultado é o que se vê hoje no ar.

Mas o ítem principal, que é uma loucura, foi a determinação do jornalista. A TV foi inaugurada quando Marinho tinha 60 anos de idade. Quem se aventura a empreender um negócio novo, muito moderno para época, que desconhecia seu funcionamento, em plena terceira idade? Ele se aventurou, e se tornou proprietário da 4º maior emissora de televisão do mundo, uma referência no assunto.

Roberto Marinho faleceu em 2003, aos 98 anos. Figura polêmica, especialmente nas discussões sobre o poder da mídia na sociedade e na história brasileira, imprimiu uma importante marca na trajetória da TV. Só foi o dono da Globo, e isso basta. Mas também demonstrou que é possível empreender independente da idade. Mais do que um louco por TV, Roberto Marinho era louco pela comunicação e tudo o que a envolve.

Através de seu fundador, o Loucura comemora os 45 anos da Rede Globo de Televisão. Parabéns Plim Plim!!! Agradecimentos: TV Globo.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

BRASÍLIA, 50 ANOS DE TV


Quando a capital federal nasceu, na região central do país, a televisão completava 10 anos de existência. Brasília foi o primeiro município a surgir com uma emissora de TV.

A TV Brasília estreou junto com a inauguração do sonho do então presidente Juscelino Kubitschek, em 21 de abril de 1960. A emissora pertencia a Rede Tupi de Televisão, foi afiliada do SBT, Manchete, Rede 21 e hoje está com a RedeTV!

Mas outras emissoras surgiram também no centro do poder. A TV Globo Brasília foi inaugurada no aniversário da cidade em 1971. A TV Bandeirantes estreou seu canal na sede do governo em 23 de janeiro de 1987. O SBT lançou sua sucursal na capital do país em 1º de junho de 1986. O crescimento nacional da Record começou depois de 1990, mas Brasília ganhou a afiliada da rede em 1970, quando a TV Alvorada deixou de existir e passou a ser TV Capital. A emissora ganhou o nome de Record Brasília em 1989. Além das várias emissoras públicas como TV Senado, TV Câmara e NBR.

Brasília também esteve retratada na teledramaturgia, na minissérie JK, na Globo em 2006. A trama contou a trajetória do presidente idealizador da nova capital, e sua paixão por este sonho.

Infelizmente, Brasília nos remete a corrupção. Mas existem belezas naturais e arquitetônicas ímpares. O plano piloto é admirável. O povo que vive lá é maravilhoso. E a TV apresenta parte desse visual. Afinal a nossa capital é muito grande, assim como os desesejos de felicidades em seu aniversário. Parabéns Brasília!!!

A LOUCA INVESTIDA DE BLOCH: A TV MANCHETE


Neste ano, se viva fosse, a Rede Manchete de Televisão completaria 27 anos. Essa emissora não sai do coração e da lembrança daqueles que acompanharam os seus 16 anos no ar.

A Manchete nasceu da divisão da pioneira Rede Tupi, em 1980. A cadeia de televisão foi dividida em duas. A outra rede virou o SBT, que entrou no ar no mesmo ano da assinatura do contrato, em 1981. Adolpho Bloch, dono da revista Manchete, não tinha pressa em inaugurar sua TV, nem experiência. Mas tinha dinheiro, e estava disposto a investir. Os lemas da emissora eram "A TV do ano 2000" e "TV de primeira classe". De fato a realidade acontecia dessa forma: dos equipamentos até a programação, o canal era de primeira linha!

O prédio sede ficava na Glória, bairro nobre do Rio de Janeiro. O projeto foi assinado por Oscar Niemayer. Coisa fina! A estrutura montada para a Manchete era pra deixar a concorrência babando. Eram as mais modernas câmeras, ampla redação para o jornalismo, e um departamento exclusivo e futurista para a criação de suas vinhetas. Chic, não é? A vinheta do M sobrevoando varios pontos do país, que ficou no ar durante toda a existência da emissora dos Bloch, foi criada neste setor.

A TV ficou pronta dois anos depois do canal de Silvio Santos, em 5 de junho 1983, dia da estréia. Um domingo inesquecível, muito esperado e anunciado pela imprensa. A Rede Manchete entrou no ar com afiliadas em São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e a TV Pampa no Rio Grande do Sul.

Mas o nosso assunto é loucura, e isso não faltou na história da emissora. Uma das primeiras atende pelo nome de Xuxa. Na época ela era conhecida pelos "filmes" que fez, seu trabalho como modelo fotográfico e por ser a namorada de Pelé. Nunca havia segurado um microfone na vida. A sexy simbol foi convidada para comandar uma atração infantil, o Clube da Criança, já com roupas que fariam o biquini de bolinha amarelinha ser muito comportado! Como televisão não é uma ciência exata, deu no que deu!

Também apostou na audiência garantida com programas eruditos, como concertos de música clássica. Mas já nos primeiros anos, desistiu da insana idéia ao ver o baixo IBOPE e a alta dívida que já possuía antes de completar 5 anos de vida. Foi investindo em programas populares que a Manchete conheceu o sucesso. As novelas, com orçamentos astronômicos, histórias grandiosas, são marcos da teledramaturgia brasileira. Kananga do Japão, Amazônia (a primeira novela produzida por kilômetro rodado, já que tinha como cenário o Brasil gigante por natureza), Tocaia Grande, Xica da Silva ("Xica qué sê Sinhá!!!), e claro Pantanal, que abalou a então inabalável audiência global, e foi reprisada quase como Chaves, nos anos seguintes. O jornalismo da emissora fez escola, já que seu forte era a transmissão ao vivo. Se acontecesse algo muito importante, a Manchete parava a programação e cobria o fato o dia inteiro, se fosse preciso . O principal noticiário da casa, o Jornal da Manchete, chegou a ter três edições diárias, com uma hora cada!!! Na mesma época, o Jornal Nacional, na Globo, tinha apenas 30 minutos. Que diferença!

Mas a grande marca era a transmissão do carnaval do Rio de Janeiro! A TV Manchete dava show na cobertura. Experiência herdada da irmã impressa, a revista Manchete, e de Fatos e Fotos, outra publicação da Bloch Editores. Porém o que se via na telinha era uma overdose carnavalesca! A programação parava para as folias de Momo de 31 de dezembro até 28 de fevereiro, isso se a festa não caísse em março!

Eu tenho um carinho especial pela programação infantil do canal. Já que os desenhos animados da Disney, da Warner e Hanna-Barbera estavam na Globo e no SBT, a Manchete investiu em séries japonesas. Ponto para os Bloch!!! Quem viveu aquela época se lembra com saudades de Jaspion, Changeman, Flashman, Black Kamen Rider, Jiraya, Spielvan, Cavaleiros do Zodíaco, Sailor Moon e outros. Foram manhãs e tardes que fizeram muitas crianças felizes. Há quem diga que não se fazem programas ou desenhos como aqueles, mas é difícil afirmar sem o sentimento e o pertencimento àquela época.

No final de sua vida, o que se via na Manchete era a programação alugada para o inesquecível Grupo Imagem, aquele do (011) 1406, das meias Vivarina, das facas Ginsu, mas isso é outra loucura...

A Rede Manchete encerrou suas atividades em 1999, afundada em uma dívida estimada em US$ 300 milhões. No seu lugar entrou a RedeTV! Mas seus fãs não deixaram a história morrer e criam sites que contam a trajetória da Manchete, além de vários vídeos postados no Youtube. Falando em vídeos, fica o protesto pela falta de cuidado com o acervo da emissora, que está se perdendo desde a lacração do prédio da Gloria, no início dos anos 2000. As fitas, com imagens históricas como a estréia de Xuxa, Angélica ou Taís Araújo, em Xica da Silva, estão se deteriorando por causa da ação do tempo e dos fungos, já que não há climatização adequada. Uma loucura para a memória da TV. Apenas as novelas reprisadas pelo SBT e Band foram restauradas. O restante do arquivo está entregue ao mofo.

A Manchete, apesar das decisões erradas, é mais um exemplo de que loucura muitas vezes é confundida com ousadia e inovação. E só não se destaca quem não ousa, quem não cria.

domingo, 18 de abril de 2010

45 ANOS DE FINAIS FELIZES


Galera, em comemoração aos 45 anos da Globo, foi lançado o Guia Ilustrado de Novelas e Minisséries. Incrível!!! São 252 novelas, de Ilusões Perdidas a Tempos Modernos, 66 minisséries, de Lampião e Maria Bonita a Dalva e Herivelto, uma Canção de Amor, todas ilustradas com mais de 600 fotos. O guia tem curiosidades dos bastidores e histórias da TV. Além disso, pra quem não conhece, o guia começa com todo o caminho que a novela faz até a estréia, do texto a campanha de lançamento. E uma pequena amostra da fábrica de sonhos, a CGP (Central Globo de Produção) conhecida como Projac!

Quem tem loucura por TV não pode deixar de ter este guia na prateleira de casa. Indico também para estudantes de comunicação social, especialmente os alunos de Rádio e TV. A linguagem é simples, gostosa de ler, super fácil para compreender. Ter acesso às sinopses de todas as produções da Rede Globo, referência mundial em teledramaturgia de qualidade, é importante para compreender a evolução da linguagem deste gênero, da televisão, e da sociedade brasileira nos últimos 45 anos.

Guia Ilustrado TV Globo - Novelas e Minisséries, Jorge Zahar Editor.

AS COINCIDÊNCIAS E A TV GLOBO


Na última semana temos acompanhado com tristeza a tragédia que vive o Rio de Janeiro. Até o dia desta postagem, são aproximadamente 250 mortos. A TV Globo, através do projeto Ação Global, apoia o Sesi/Senai na campanha de arrecadação de donativos às vítimas das enchentes. De acordo com o site G1, material de limpeza, higiene pessoal, água potável e alimentos não perecíveis podem ser entregues nos postos de coleta nas unidades do Sesi/Senai em todo o estado do Rio até 7 de maio.

Mas a participação da emissora nesta iniciativa não é o motivo principal para estar aqui no Loucura. Especialmente porque essa fatalidade tem ligação direta com a história da TV dos Marinho, que completa 45 anos em 26 de abril.

Quando foi inaugurada, a TV Globo concorria na cidade maravilhosa com as TVs Tupi, Rio e Excelsior. O canal 4 carioca amargava o 4º lugar. Em 1966, um temporal semelhante atingiu o Rio de Janeiro. Foram cinco dias de chuva, mais de 100 mortos e 20 mil desabrigados. O diretor-geral da época, Walter Clark, para fazer a cobertura da tragédia, decidiu posicionar duas câmeras, que mostravam uma queda d'água próxima da sede da Globo, no Jardim Botânico. O locutor Hilton Gomes, aquele que estreou com Cid Moreira o Jornal Nacional em 1969, comentava as últimas informações sobre a enchente. Essas imagens, captadas em filme, podem ser vistas no site Memória Globo.

A Globo transformou seus estúdios em posto de arrecadação de remédios, mantimentos e cobertores. Eram toneladas que se acumulavam na emissora. Com isso, a TV Globo conquistou a admiração do carioca, e se tornou mais conhecida na cidade. A partir daí, e com todo o trabalho desenvolvido através de sua programação, o canal de Roberto Marinho rapidamente alcançou a liderança de audiência na cidade, que até hoje permanece com a Globo.

É uma triste coincidência, verdade. Mas é um fato importante da história dos 45 anos de sucesso da Rede Globo. Uma loucura nacional. Agradecimentos: TV Globo.

sábado, 10 de abril de 2010

BRASIL, MOSTRA A SUA... LOUCURA!

Novela é uma loucura nacional. Todo mundo curte, apesar da crise atual que o formato vive. Foram muitas obras memoráveis, dentre elas Vale Tudo, exibida pela Globo entre 1988 e 1989.

O Brasil vivia uma época bem complicada, com o fim da ditadura, e o país aprendendo a ser uma democracia. A grande pergunta dessa trama de Gilberto Braga, autor do grande sucesso Escrava Isaura, era o quanto vale a pena ser honesto nesta nação.

Quem tem aproximadamente 30 anos, assim como eu (que loucura...), deve ser lembrar do show de interpretação de Regina Duarte e Glória Pires. Elas interpretavam Raquel Accioli e Maria de Fátima, mãe e filha respectivamente. Raquel era trabalhadora enquanto Maria de Fátima queria ser rica a qualquer custo, tanto que vendeu a casa onde a mãe morava para fugir com a grana para o Rio de Janeiro. Não satisfeita, topou separar a mãe e seu novo amor, para se casar com o filho da milionária Odete Roitman, brilhantemente vivida por Beatriz Segall. Até hoje as pessoas a reconhecem pela personagem, inclusive trocando o nome da atriz.

É justamente em Odete que está a loucura desta novela. A mulher era o cão chupando manga. Uma das maiores vilãs da história da teledramaturgia brasileira. Seu assassinato na novela foi o grande mistério de 1988. O crime só foi desvendado em janeiro de 1989, mas até aí o Brasil só queria saber QUEM MATOU ODETE ROITMAN!!! Claro que matar um personagem marcante e levar meses para revelar não era algo novo na TV, tanto que continuou a ser feito após Vale Tudo. Mas a loucura está na mobilização comercial em torno da pergunta. Diversas promoções de emissoras de rádio, revistas, bolões e até mesmo empresas alimentícias, pagariam prêmios incríveis para quem acertasse o nome da criatura que tornou mais feliz a vida da personagem de Regina Duarte.

Foram gravados cinco finais diferentes. A edição do capítulo tão esperado foi realizada minutos antes de ir ao ar. Mais uma vez o país parou para ver um capítulo de novela. Me lembro que ninguém perto de casa estava vendo outra coisa, a não ser a resposta da famosa questão QUEM MATOU ODETE ROITMAN. De outra coisa que me lembro é que nessa trama só a personagem de Beatriz Segall se deu mal. Os outros vilões ficaram muito bem. Maria de Fátima ficou rica, casada com um italiano e levou o cúmplice-amante-brazuca César, vivido por Carlos Alberto Ricelli, a tira-colo. E claro, a cena clássica da banana (o gesto!) de Marco Aurélio, interpretado por Reginaldo Faria, que fugiu após aplicar um golpe financeiro com malas de dinheiro num jatinho (puxa, naquela época não se tinha a criatividade de hoje, com dinheiro em cuecas e meias!).

As loucurasprovocadas por Vale Tudo romperam fronteiras. Na novela, após ficar sem a casa, Raquel vai vender sanduíche na praia e, como era de se esperar, vence na vida e monta um restaurante chamado "Paladar". Em Cuba, quando aconteceu a abertura econômica, a história estava sendo exibida. E em 1990 os primeiros restaurantes privados, ainda pequenos, foram batizados de "Paladar"!

Mas afinal, QUEM MATOU ODETE ROITMAN??? Para quem não sabe, não lembra, ou não foi procurar no Youtube, quem assassinou a jararaca com três tiros, por engano, foi Leila, vivida por Cássia Kiss. Que motivo ela tinha? Nenhum. Ela achou que Odete na verdade era Maria de Fátima, que também tinha um caso com seu marido Marco Aurélio. Que bela alpinista social essa Maria, não é?

Vale Tudo marcou uma geração, está na memória daqueles que assistiram depois do JN, e sua reprise no Vale a Pena Ver de Novo, tem seu espaço garantido estre as principais novelas da teledramaturgia brasileira e, é claro, foi uma grande loucura deste povo alucinado por uma boa novela. Agradecimentos: TV Globo.

domingo, 4 de abril de 2010

ARMANDO NOGUEIRA


Nesta semana nos despedimos de um dos responsáveis pelo padrão do telejornalismo brasileiro. Armando Nogueira começou sua carreira em importantes jornais do Rio de Janeiro. Chegou à TV em 1959, na TV Rio, a convite de Walter Clark. Em 1966, o mesmo Walter Clark, recém chegado à TV Globo, chamou Nogueira para reestruturar o jornalismo da emissora dos Marinho.

Na Globo, Armando queira acabar com o jornalismo de agência, realizado por noticiários da época como o Repórter Esso. Explico: as notícias não eram produzidos pelas emissoras, mas pelas agências que patrocinavam os telejornais. As TVs apenas exibiam os programas. As primeiras iniciativas foram o TeleGlobo e o Jornal da Globo, que em nada se parecia com o atual JG.

Em 1969, o primeiro satélite brasileiro permitiu que as emissoras de televisão operassem em rede. Naquela época era uma grande loucura. Não era confiável ou seguro. A comunicação entre as afiliadas era complicada, mas a Globo e Armando não tiveram medo. Em 1º de setembro daquele ano, às 19:45, estreou o Jornal Nacional, o primeiro telejornal em cadeia nacional. Em pouco tempo o JN se tornou o principal noticiário da TV brasileira, como é até hoje.

Armando Nogueira sempre teve um cuidado especial com o texto, e tirou da TV os "vícios" do rádio, valorizando o que o veículo tem de mais importante: as imagens. Para isso, uma escrita clara, direta, objetiva com o público foi a grande sacada do jornalista. Armando comandou a Central Globo de Jornalismo de 1966 a 1990. Após esse período, Armando voltou a se dedicar mais às sua paixões, como o jornalismo esportivo, em especial o futebol, e a aviação.

É loucura falar em telejornalismo sem falar em Armando Nogueira. É loucura falar em grandes nomes do jornalismo brasileiro sem citar Armando Nogueira. É loucura um apaixonado por televisão e pelo telejornalismo deixar passar em branco em seu blog o falecimento de Armando Nogueira. Um apaixonado pelo texto, pela notícia, quem primeiro entendeu o jornalismo em TV.

Lamentavelmente não pude conhecê-lo pessoalmente, porém à distância sempre o admirei por toda sua história. Se hoje faço jornalismo, sinta-se responsável. Se amo televisão, sinta-se responsável. Se hoje amo telejornalismo de qualidade, você é um dos culpados. Sua paixão me contagiou, e não tem cura. Obrigado, Armando Nogueira.

A LOUCA ESPIADINHA


Nesta última terça chegou ao fim a décima edição do Big Brother Brasil. Veja que loucura: neste ano, em que um país se mobilizou a favor ou contra o vencedor Marcelo Dourado, batendo recordes de votação mundial, a média de audiência foi a mais baixa da história do programa na Globo. Foram 28 pontos de média, segundo a revista Veja.

Mas os números de ligações superaram todas as espectativas dos mais otimistas diretores globais. Só na final foram mais de 150 milhões de votos, somando telefone, SMS e internet onde você vota de graça. Junta isso com as ações de merchandising feitas durante o programa, o caixa da TV Globo engordou facilmente R$ 300 milhões, segundo especula-se.

Porém o que realmente impressionou foi a sinergia que o BBB promoveu entre a TV e a Internet. A maioria das pessoas acompanhavam o programa pelo site, passo a passo, e comentava via Twitter. Inclusive os seguidores do diretor Boninho opinavam, perguntavam, provocavam... O microblog teve um papel importante no fenômeno que aconteceu nesse BBB10. Enquanto um importante julgamento acontecia, o reality dividia as primeiras páginas dos jornais. Foi um dos assuntos mais comentados na internet, na maioria dos sites brasileiros.

Aliás, Boninho descobriu nesta edição que o grande dono do jogo é o público, principalmente o internauta. A interatividade é o molho do reality show, o que torna interessante. Claro que a escolha dos participantes é importante para atrair a audiência. Mas quem é o Big Brother é o telespectador, que utiliza desse poder com muito prazer. É uma loucura programada: passou Natal, passou Ano Novo, é hora de dar aquela espiadinha.

O Brasil é louco pelo Big Brother, e é quase impossível ficar alheio aos seus comentários. A qualidade do programa é sempre discutida, mas a audiência é sempre líder. Loucura é fingir que o programa não mexe com a rotina e as emoções do telespectador, direta ou indiretamente. A TV Globo já garantiu os direitos da atração até 2016, ou seja, os loucos pelo BBB podem ficar tranquilos. Essa loucura continua no ano que vem, e no outro, e no outro...