sábado, 28 de julho de 2012

A GATA E O PRÍNCIPE DA TUPI

Os cantores protagonistas de "Cinderela 77"
Os clássicos contos de fada também inspiraram muitas novelas brasileiras, mas nesse caso a adaptação seguiu à risca a lenda infantil. "Cinderela 77" foi ao ar pela Rede Tupi de Televisão há 35 anos. Escrita por Walter Negrão (autor de sucessos globais como "Fera Radical", "Despedida de Solteiro" e recentemente "Araguaia") e Chico de Assis, a trama apenas trouxe para os anos 1970 a história criada pelo francês Charles Perrault em 1697.

A trama se passou entre maio e agosto de 1977, e tinha como Cinderela a cantora Vanusa. Seu príncipe era ninguém menos que o também cantor Ronnie Von. O artista ganhou o papel também por causa de seu apelido, nos tempos dos musicais da TV Record: o príncipe. Nossa gata borralheira era hippie, vivia cantando o amor. Era sempre humilhada pela sua madrasta Catarina (Elizabeth Hartman) e suas meio-irmãs Cassandra (Kate Hansen) e Bárbara (Leda Senise). O passatempo preferido da megera era perseguir o pombo Rolando, criado pela órfã loira.

Muita criatividade, pouca grana

O príncipe Sid Balu, apelido de Sidnei Baluarte, era chamado assim por ser filho de Lupércio Baluarte (Mário Bevenutti), o Rei da Abóbora de Campo Dourado, cidade fictícia nos confins do Brasil rural. Como se não bastasse trazer dois ídolos dos tempos da Jovem Guarda, ainda em alta na época, "Cinderela 77" também tinha duas gangs de rua, os Gatos (os riquinhos da cidade) e os Ratos (os jovens trabalhadores dos campos), que vez por outra se confrontavam. Cinderela viu sua vida mudar a partir de um baile, promovido por Sid, onde o príncipe iria escolher uma mulher para se casar. Claro que dá pra imaginar o final dessa história! O casal fica junto no final e vive feliz para sempre.

A novela foi a primeira produção colorida das 18h na Tupi. O sucesso veio através das crianças e dos jovens que não desgrudavam da tela. Agradou tanto que era reapresentada na parte da manhã. Mesmo assim, um narrador comentava o que se passou no dia, no final do capítulo, e convidava os telespectadores para assistirem as cenas do dia seguinte! Foi uma das tramas mais baratas da emissora, que estava à beira da falência. A produção fazia verdadeira mágicas, dignas de fada madrinha, para colocar a história no ar.

Sem dúvida os dois protagonistas estavam presentes na trilha sonora, mas o tema de abertura foi interpretado pelo Quarteto Maior: "Sonho Encantado". Vale a pena conferir essa música e também algumas cenas de "Cinderela 77", incluindo a cena do sapatinho no baile.

Agradecimentos: variandoideias.blogspot.com, Hustox e dvddatv


sábado, 21 de julho de 2012

TEM UM LEÃO NO MEU SÁBADO!

O Leão, Gilberto Barros, no "Sabadaço"
Recentemente, em 30 de junho, Gilberto Barros voltou para a televisão, com o "Sábado Total", pela RedeTV!. Mas a fórmula deste programa acompanha o Leão há dez anos. Em 2002 o apresentador estreou o "Sabadaço" pela TV Bandeirantes.

Vindo da Record, o apresentador topou o desafio de um programa de auditório ao vivo no sábado à tarde. Eram cinco horas no ar, todo final de semana. Na Band, Gilberto queria desenvolver-se como animador, e apresentar mais do que game show. E assim foi. Uma das marcas do programa foi a mistura de entretenimento e jornalismo.

"Sabadaço" também tinha muita polêmica. Foi nesse programa que surgiu o quadro "De Cara com a Fera", onde Gilberto encurralava seus convidados com as mais indiscretas perguntas. O clima de suspense era costurado pelo prêmio em jogo pela sabatina, monitorada por um detector de mentiras.

As gatas da fera

Nessa atração não podiam faltar os musicais. O programa abriu espaço para muitos artistas novos. A banda Calypso ficou conhecida nacionalmente graças ao semanal. Outros artistas conhecidos também passaram pelo palco do Leão, como Amado Batista e Sidney Magal. Muitos grupos de pagode, axé e funk batiam ponto lá para comer a famosa feijuca e brincar no "Game Musical".

Outra característica eram as Leoas. Sete lindas dançarinas, que também cantavam e encantavam a marmanjada de plantão. Para escolher as moças que iriam compor o time, foi realizado um concurso dentro do programa, com direito a júri e tudo!

"Sabadaço" ficou no ar até janeiro de 2007. A imagem de Gilberto Barros no vídeo ficou desgastada, pois além deste semanal, o apresentador passou a comandar também o "Boa Noite Brasil" em 2003, de segunda a sexta, também ao vivo. A atração noturna foi cancelada no mesmo ano de 2007. Raul Gil ocupou o seu horário nos sábados e Gilberto ganhou um outro game show: "A Grande Chance".

Para relembrar, temos a vinheta de abertura do semanal, um vídeo especial pelos três anos do programa e o grupo de Leoas da época da Bandeirantes.

Agradecimentos: danielbergo, topoljaner, claudiard1981, patriciafarah.com.br





sábado, 14 de julho de 2012

O FARO DA BAND

Os apresentadores de ZYBem Bom, na Band, em 1987
Poucas pessoas sabem, mas a Band não quis levar o mérito de lançar Xuxa como apresentadora. Na década de 1980, Maurício Shermann estava na emissora, e vislumbrou na então modelo uma futura estrela para as crianças. A direção não topou e a loirinha acabou sendo contratada pela Manchete em 1983. O resto é história mais que conhecida...

Porém a Band não cometeu o mesmo erro duas vezes. Ainda na área infantil, o canal de João Saad pode se orgulhar de lançar um dos grandes talentos dos auditórios na atualidade. Em 1987, Rodrigo Faro apresentou seu primeiro programa de TV: o "ZYBem Bom - A Rede Infantil do ano 2000".

Com um nome que brincava com os prefixos de emissoras de TV (ZYB), este infantil se passava nos bastidores de um canal de televisão comandado apenas por crianças. O apresentador de "O Melhor do Brasil" estreou com apenas 14 anos. Mas ele não estava sozinho, e outras crianças igualmente talentosas dividiam a apresentação do "ZYBem Bom".

 Jefferson, Juliana, Samantha (que se tornou a atriz Samantha Monteiro, que participou de "Fascinação" em 1998, no SBT), Aretha (a cantora Aretha Marcos, figurinha fácil dos musicais infantis de Augusto César Vannucci, na TV Globo, e diretor do "ZYBem Bom") e Rafael (filho da cantora Vanusa, Rafael Vannucci, irmão de Aretha) comandavam o programa. A atração ia ao ar de segunda a sexta, a partir das 16h.

Cantando com a turma

Entre brincadeiras, musicais e outras curiosidades, a turma ensinava a garotada a construir brinquedos usando sucata! O pensamento sustentável já vem desta época, vejam vocês!!! Entre os desenhos animados apresentados, destacaram-se "Dom Pixote", "Esquilo Sem Grilo", "Pac-Man" (baseado no sucesso do video game) e "Os Herculóides".

O programa agradou em cheio e, como a moda era gravar músicas para crianças, o sexteto aproveitou a onda. Foram lançados dois discos: "ZYBem Bom", que incluía o tema de abertura da TV, e "ZYBem Bom - Caçadores de Aventura". Como tudo o que é bom dura pouco, o programa ficou no ar só dois anos.

Curiosidade: a grafia correta do nome do infantil é "ZYB Bom", mas com um til (~) em cima do primeiro B, para ser pronunciado como "Bem". Vamos rever os amigos da Rede Infantil do ano 2000 na abertura do programa, a primeira parte do especial de natal "Alô Papai, Alô Mamãe", e a chamada da atração da TV Bandeirantes.

Agradecimentos: poboxpixuca, 9desetembro e infantv.com.br





quinta-feira, 5 de julho de 2012

A COPA DA GLOBO... E DA CULTURA

Há trinta anos, o mundo via uma das melhores seleções de craques brasileiros reunidos para uma Copa do Mundo voltando para casa. Waldir Peres, Oscar, Edinho, Luisinho, Toninho Cerezo, Júnior, Renato, Sócrates, Leandro, Juninho, Carlos, Edevaldo, Zico, Paulo Isidoro, Batista, Serginho Chulapa, Paulo Sérgio, Dirceu, Éder, Careca, Pedrinho e Falcão, sob a brilhante regência do técnico Telê Santana, tinham tudo para trazer o caneco para terras tupiniquins. Mas a Itália e o furacão Paolo Rossi adiaram o sonho do Tetra, que se realizaria doze anos depois. A bota europeia se consagraria Tri-campeã naquele ano.

Mas por que um blog sobre história da televisão está falando do Mundial de 1982? Foi nesse torneio que Rede Globo liberou o seu exclusivo sinal de transmissão do evento para outro canal: a TV Cultura de São Paulo.

Em tempos passados, até mesmo pela falta de recursos técnicos e de grana, a situação poderia acontecer sem maiores problemas. A Globo transmitiu a gloriosa Copa de 1970 juntamente com a Rede de Emissoras Independentes, a REI (da qual a Record fazia parte), e a Rede Tupi de Televisão. Existia apenas um sinal de vídeo e um áudio. Os três locutores, cada um por uma rede, dividiam a cabine e o microfone ao vivo, durante a partida. Sorte de quem estivesse narrando o momento exato de um gol de Pelé! Em 1974 e 1978 as estações transmitiram juntas, mas cada uma com a sua equipe e sua cabine. Essa união de emissoras para a cobertura de eventos internacionais como Copa do Mundo e Olimpíadas é chamada de pool.

Quem paga, leva!

O primeiro mundial de futebol da década de 1980 aconteceu com um cenário nada animador na TV brasileira. A Globo era a líder, a Tupi tinha fechado há pouco tempo, a Record trabalhava em conjunto com a novata TVS que não podia investir em tal evento neste momento, e a Bandeirantes começava a expandir a sua rede. Dinheiro não estava muito fácil entre os donos de televisão.

De acordo com a revista Veja, de 22 de julho de 1981 (edição 672), a OTI (Organização das Televisões Ibero-americanas) vendeu os direitos da Copa 82 para o "plim-plim" e a Cultura pois foram as únicas que, juntas, pagaram o valor cobrado para o grupo de TVs brasileiras: 100 milhões de cruzeiros, uma fortuna! A conta foi divida entre as duas, já que as outras desistiram. Com tanta desvalorização monetária que se deu de lá pra cá, nem vale a pena dizer o quanto isso vale atualmente, de tão pequeno que é o valor! Além disso, quem transmitisse as Olimpídas de Moscou (1980), teria direito a televisonar o evento máximo do futebol mundial. Só deu Globo também.

A RTC (Rádio e Televisão Cultura), como era denominado o canal da Fundação Padre Anchieta, não tinha equipe para enviar para a Espanha. A Rede Globo liberou então o seu sinal totalmente, com locução de Luciano do Valle, estreia da Câmera Exclusiva e tudo, para ser retransmitido, não apenas por São Paulo, mas por todas as emissoras educativas do país. Assim, a Globo garantiu que a Copa do Mundo fosse assistida por (quase) todo o Brasil, seja pela sua rede ou pela rede educativa.

Censura cultural

Os técnicos da Cultura tiveram um certo trabalho em "censurar" os patrocinadores globais, que surgiam durante a transmissão. Uma tarja preta aparecia sobre as marcas dos anunciantes da emissora carioca. Também durante as partidas, os profissionais da TV educativa buscavam colocar no alto do vídeo o logotipo da RTC, sempre no lado oposto ao da Globo. Este foi o último mundial transmitido pela Fundação Padre Anchieta.

Confira algumas imagens resgatadas pelo programa "Grandes Momentos do Esporte", da Cultura, da partida que carimbou o passaporte de volta da seleção canarinho. O jogo acabou Brasil 2X3 Itália. Neste vídeo você confere o logo da RTC e da Globo.

Tá certo, não é das melhores recordações para a torcida brasileira, mas é um registro importante de um momento da nossa TV. Tudo tem seu lado positivo, por menor que seja!

Agradecimentos: parmaf12 e wn.com, TV Globo/TV Culura