Como explicar 30 anos de carinho? Exatamente neste dia 19 de agosto, em 1981, entrava no ar a TVS canal 4 de São Paulo. Esta é a data oficial do nascimento da rede, ou melhor, do Sistema Brasileiro de Televisão (que já teve a TV Record como integrante). Antes disso, existia a TVS-Rio canal 11, inaugurada em 14 de maio de 1976. O significado de sua sigla era TV Studios, mas o povo carioca, conterrâneo de seu proprietário, a chamava de TV Silvio Santos. Essa pequena emissora, cujo primeiro prédio no bairro de São Cristóvão ficava ao lado de um matadouro, surgiu de uma outra empresa: a Studios Silvio Santos Cinema e Televisão Ltda. Esta firma era responsável pela mais bem sucedida produção independente do país: o "Programa Silvio Santos".
O SBT nasceu no povo. Seus primeiros estúdios ficavam na zona norte paulistana, na famosa Vila Guilherme (a antiga sede da TV Excelsior, o maior complexo de televisão do Brasil por quase 30 anos) e na Avenida Gal. Ataliba Leonel, o Teatro Silvio Santos.
Mas estar no meio do povo não é o suficiente para garantir o sucesso. É necessário conhecê-lo e trazê-lo para a telinha. Reconhecer nas crianças um público futuro, e agradá-las com até 8 horas do palhaço Bozo. Descobrir numa baianinha maravilha um talento incrível para amar as crianças. Revelar talentos desse universo de magia como Mariane, Simony, Jacky, Yudi, Priscila. Apostar na "banana nanica" de um grupo musical, e ver despontar uma Eliana e sua fórmula educativa e divertida. Abrir espaço para novos talentos como os palhaços Patati e Patatá e o prodígio Maísa Silva,
Mas as crianças crescem... e querem liberdade. O SBT ofereceu essa liberdade com conteúdo inteligente e muita música no "Programa Livre". Nessa fase começamos a descobrir que a vida não é tão cor de rosa assim, e nos identificamos com as novelas. Um bom brasileiro curtiu ao menos uma, e essa emissora investiu sempre em histórias que falavam ao coração do público. Fossem as mexicanas "Carrossel", "Maria Mercedes", "Marimar", "Maria do Bairro", "Os Ricos Também Choram", "Rebelde", ou as nacionais "Éramos Seis", "Sangue do meu Sangue", "As Pupilas do Senhor Reitor", "Uma Rosa com Amor", "Pérola Negra", as histórias contadas pelo canal sempre emocionaram, divertiam e agradavam o povo.
Porém só isso não basta! Tem que ter informação. Engana-se quem pensa que o SBT não gosta de jornalismo. O primeiro evento a ser transmitido ao vivo foi a cobertura da cerimônia de outorga da concessão da emissora, em Brasília. Lá estava, por exemplo, a repórter Madalena Bonfiglioli, que ficaria marcada por outro grande sucesso, 10 anos depois: o telejornal "Aqui Agora", que revolucionou jeito de se fazer jornalismo popular, e é referência até hoje. Outra inovação foi o âncora, o jornalista que edita, comenta e apresenta o jornal. Boris Casoy estreou em TV com o "TJ Brasil". O Jornalismo do canal hoje é reforçado com nomes como Carlos Nascimento, Hermano Henning, Roberto Cabrini, Rodolfo Gamberini, Joseval Peixoto, Raquel Sherazade, César filho, Cinthia Benini, Analice Nicolau, Karin Bravo, Joyce Ribeiro e um time de competentes profissionais da informação.
Não podemos esquecer do humor, sem isso não há TV que possa dar certo. E está muito bem representado pelo humorístico "A Praça é Nossa", de Carlos Alberto de Nóbrega que completa no ano que vem 25 anos. Também teve a "Feira do Riso", "Reapertura", "Alegria", "Veja o Gordo", "Ô... Coitado" e muitos mais.
Mas também tem que ter esporte, o povo gosta! Se hoje a Copa do Brasil tem esse destaque, isso se deve ao SBT, que também transmitiu Copas do Mundo, Olimpíadas, Fórmula Indy, Campeonato Paulista e outros. Sem contar as espinhadinhas da pioneira "Casa dos Artistas" e tantos outros shows de realidade como "Ídolos", "Popstar", "Ilha da Sedução", "O Grande Perdedor", "Esquadrão da Moda", "Esquadrão do Amor"...
Contudo, ainda falta algo para essa receita ser sucesso... Talvez a maior característica desses 30 anos se resuma a uma palavra: auditório. Foram vários nomes de sucesso que passaram e foram revelados: Gugu Liberato, Hebe Camargo, Raul Gil, Ratinho, Celso Portiolli, Jô Soares, Adriane Galisteu, Christina Rocha, Lígia Mendes, Beto Marden, André Vasco, Flávio Cavalcanti, Airton e Lolita Rodrigues, Angélica, Babi, Silvia Popovic, Regina Volpato. Esses e muitos outros, que estão ou não estão no SBT, têm um mestre na condução de programas de auditório.
O grande feito de Silvio Santos foi, com sua televisão e seus programas, construir o maior auditório do país. Cada poltrona diante da TV se tornou uma cadeira da platéia reunida pelo ex-camelô. Todos os brasileiros têm ao menos uma boa lembrança, vivida por estar sentado nesta cadeira particular, um lugar VIP, criado sob medida.
Talvez a receita do sucesso seja essa. Uma emissora contruída por alguém do povo, mas que não esqueceu dele. Que aprendeu nas ruas a falar a linguagem popular, saber o que ele gosta e, acima de tudo: ganhar o coração e o carinho da população. O SBT nasceu no povo e hoje ele é do povo.
Parabéns a todos os funcionários e colaboradores pelos 30 anos de sucesso.
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