Foram muitos momentos incríveis que passamos juntos. Quantos domingos no parque! Eram tardes bem gostosas. Viagens a bordo de naves, trenzinhos e balões que não saem da memória. Fomos ao circo diversas vezes. As palhaçadas, as trapalhadas corriam soltas. A ordem era sempre rir. Conheci castelos onde a senha era a alegria e a educação divertida. Eram xous diários, mas que aconteciam também nos fins de semana, tornando sábados e domingos animados.
Ela acompanhou minha adolescência, meus anos incríveis, minhas confissões. Eram tantos programas livres que curtíamos juntos. A galera que não dispensa azaração, milk shake, malhação também estava junta até altas horas. Na hora H estava todo mundo lá.
Assisti muitos esportes com ela. Futebol, Vôlei, Fórmula 1, e vários outros. Sempre me deixou de olho no lance. Esporte é algo espetacular. Não há sensação melhor do que bola na rede, o gol, o grande momento do seu time, ou o apito final que decreta a vitória.
Mas ela sempre me mantém informada, sobre tudo o que acontece no Brasil e no mundo. A notícia nos une a milhões de brasileiros aqui e agora. Vimos coisas ótimas e péssimas. Fatos que nos dão vergonha e orgulho. Somos testemunhas oculares da história. Isso é fantástico para mim.
Vivemos muitos dramas juntos. Conhecemos um monte de Helenas que, coincidentemente, moravam no Leblon. Tinha uma viúva que foi sem nunca ter sido, um prefeito que se elegeu prometendo a construção de um cemitério, mutantes com poderes incríveis, as gêmeas que moravam numa praia e pensavam de forma tão diferente. Foram muitos Ti-ti-tis, brasileiras e brasileiros, rainhas de sucata, pantanais, donos e fins de mundo que nos fizeram imigrantes em universos de pura emoção.
Por ela, as mulheres conquistaram seu espaço, fizeram o melhor da tarde em cozinhas maravilhosas. Porém o “sexo frágil” de hoje é muito mais ligado ao que acontece no mundo que o cerca. Ela e eu estamos muito grudados. Não consigo me afastar dela. O que sentimos um pelo outro continua vivo. Até hoje ela me diz “sou muito mais você”.
Esse amor também se deve às pessoas que conheci por ela. O dono sorridente de um Baú, uma loira gracinha, um palhaço que se comunicava e não se trumbicava, aquela dona que curtia uma marvada pinga, um homem que gosta de banquinhos e chapéus, um senhor que quebrava discos, e muitos outros que lotam um auditório fácil. Um não, vários.
Nós conhecemos uma praça engraçada. Era uma zorra sempre que chegávamos lá. Parecia que as pessoas estavam em pânico, em um prédio de quinta categoria, que balançava mas não caía. Porém estavam apenas rindo e fazendo rir em quinze minutos.
Quantas vozes embalaram esse relacionamento. Rainhas e reis da voz, ternurinhas e tremendões, pimentinhas e saputis, e tantos outros... Velhos tempos, belos dias.
Esse caso de amor não é exclusivo meu. Também existe com outros milhões de brasileiros.
Ela completa hoje 60 anos. Está moderna, fez plástica, está mais bonita, usa cores muito mais vivas. Quando chegou, em 1950 só usava preto e branco. Coitada, ainda foi confundida, sendo considerada uma nova modalidade de rádio. Também pudera, ninguém a conhecia. Mas depois que a compreenderam se apaixonaram.
Ela é muito criticada atualmente. O amor tem dessas coisas. Sempre se quer o melhor de um relacionamento. Mas ela é sem dúvida, junto com o futebol e o carnaval, uma grande paixão nacional. Mais do que isso, uma loucura.
Parabéns, TV brasileira. O Brasil tem Loucura por TeVer!
Veja o clip do lançamento da TV digital, em 2007, que reúne alguns dos nomes e momentos inesquecíveis dessa SEXagenária apaixonante!
Agradecimentos: koball222
TV no Brasil: 60 anos de muita história, talento, amor e loucuras.
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