O ano de 2012 começou muito bem para uns, e muito mal para outros. A vida é assim. Com a TV não foi diferente. Já se foi o tempo em que Janeiro era sinônimo de reprises. As emissoras investem pesado em programas inéditos de suas atrações fixas na grade, e também em novidades.
No último dia 10, a TV Globo levou ao ar mais uma minissérie retratando a vida de uma das mais importantes, e discriminadas, estrelas que nosso país já teve: Dercy Gonçalves. A história de Dolores Gonçalves Costa, seu nome verdadeiro, foi contada em quatro capítulos. Coube as atrizes Heloísa Perissé e Fafy Siqueira viverem na telinha a trajetória batalhada e vitoriosa da maior artista popular do Brasil.
Um trabalho primoroso, escrito pela autora Maria Adelaide Amaral e dirigido por Jorge Fernando. Sem deixar de fora toda a equipe técnica e artística que colaborou para que este sucesso deixasse no público um gostinho de "quero mais". É preciso lembrar também da reverência que a própria emissora fez para Dercy, reconhecendo sua importância no começo difícil da TV Globo, quando a artista era uma importante audiência na sua grade. A intérprete da marchinha "A Perereca da Vizinha" quando faleceu em 2008 (com 102 anos), era contratada do SBT.
No mesmo dia 10, estreou a 12ª edição do polêmico Big Brother Brasil. O BBB vem mantendo uma média de 20 pontos diários, sendo amado ou odiado, mas mantendo a liderança da audiência. Tudo estava indo como de costume no reality show: corpos sarados, lindas figuras, um ambiente perfeito para a "pegação".
Na madrugada de Sábado (14) para Domingo, aconteceu a conhecida festa na casa, regada com muita bebida alcoólica, animada pela bateria da escola de samba Grande Rio e música eletrônica. Clima perfeito para se formarem casais e gerar romances. Com esses ingredientes, dois brothers (Daniel Echaniz e Monique Amin) acabaram "ficando" durante a festa e foram para o quarto. Seria mais uma clássica cena de movimentos estranhos debaixo do edredon, se não fosse o fato de que a sister não estava consciente, não reagia. O público entendeu a situação como estupro de vulnerável (sexo ou atos libidinosos com alguém sem condições de defesa).
A reação nas redes sociais foi imediata. O assunto passou "em brancas nuvens" na edição ao vivo do Domingo à noite. Na Segunda, uma diligência policial foi até o PROJAC (central de estúdios da Globo em Jacarepaguá, zona oeste do Rio) para ouvir os envolvidos no caso. À noite, o apresentador Pedro Bial, sem maiores detalhes, anuncia a expulsão do modelo Daniel Echaniz por um "grave comportamento inadequado". Segundo o jornalista durante a apresentação do BBB no dia 16, a decisão inédita na história do programa global foi tomada "de forma cuidadosa após criteriosa análise da direção do programa".
A televisão tem esse poder de ir do céu ao inferno, em muito pouco tempo. Há concorrentes que exploram o fato, como se não tivessem telhado de vidro. O que não faltam são críticos para condenarem a atração. A decisão da direção foi acertada. Uma grave suspeita não pode pôr em risco a imagem do programa, da emissora e, acima de tudo, dos anunciantes, que fazem do BBB uma das maiores receitas da Globo. Cabe agora à justiça conduzir o desfecho dessa história.
Para este ano novo, que começou quente, eu continuo torcendo para que a TV siga produzindo muito brilho para o público, e reduza o contraste com momentos lamentáveis que, como este, entram para a história do veículo. O telespectador merece sempre o melhor do ser humano, como "Dercy de Verdade", e não o pior.
Foto: Área Vip
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