quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O FOGO E A TELEVISÃO


O apresentador Blota Jr. disse uma vez, em uma entrevista para Goulart de Andrade, que "a nossa televisão não tem memória". Isso não foi um desabafo de um colega esquecido pela mídia que ajudou a criar, o que não era o caso dele. Blota se referia aos incêndios, um capítulo triste da história da TV brasileira.

De acordo com o maior Mestre de Cerimônias que a nossa telinha já teve, a TV Record foi uma das que mais sofreu com o fogo. O primeiro foi ainda nos anos 1960. A sede da emissora ficava na Av. Moreira Guimarães, próxima ao aeroporto de congonhas, na zona sul da capital paulista. Imediatamente Paulo Machado de Carvalho, primeiro dono do canal 7, ordenou que toda a programação fosse transmitida diretamente do Teatro Record, na Consolação. As poltronas foram retiradas e todo o espaço se transformou no grande estúdio da estação. No final da mesma década, este teatro se incendiara, e a Record encontrou abrigo no Teatro Paramout (atual Teatro Abril). Mas este também pegou fogo, o que provocou nova mudança, agora para um teatro na Rua Augusta. E a cada novo incêndio, novo prejuízo. Foram ao todo sete grandes destruições causadas pelas chamas.

Ouça os depoimentos de Nilton Travesso e Antônio Augusto Amaral de Carvalho, o Tuta, diretores da Record na década de 1960, relatando sobre dois incêndios que a emissora sofreu.

Em 1998 um curto circuito na iluminação de chão do "Jornal da Record", apresentado por Boris Casoy, foi rapidamente debelado e não causou nenhum dano.

A TV Globo também sofreu dois grandes incêndios. O primeiro, em sua sede paulistana em 1969, centralizou suas transmissões no Rio de Janeiro. O segundo, em 1976, descentralizou temporariamente a cabeça de rede. São Paulo voltou a gerar programação devido a um curto circuito no sistema de ar condicionado na sede do Jardim Botânico. O mais recente foi em 2001, no estúdio F do Projac em Jacarepaguá. Xuxa Menghel estava encerrando a gravação de seu "Xuxa Park" quando a nave cenográfica pegou fogo. Duas crianças e um segurança da apresentadora foram hospitalizados.

Um dos casos mais chocantes e emblemáticos foi o da TV Bandeirantes. Dois anos após a sua inauguração, um incêndio destruiu totalmente o prédio construído para abrigar o cana 13, a primeira construção própria para televisão em São Paulo. João Saad, proprietário, foi alertado por uma cigana, antes do desastre. A Band passou a transmitir do recém-inaugurado Teatro Bandeirantes, na Av. Brigadeiro Luís Antônio. Este auditório ficou famoso pelos programas de Chacrinha e Bolinha. Com o seguro, Saad comprou equipamentos em cores e reconstruiu sua estação.

A TV Cultura também teve suas instalações consumidas pelas chamas em 1986. O canal 2 paulistano permaneceu apenas 3 horas fora do ar e retornou graças a ajuda de outras emissoras, que cederam caminhões de link.

O SBT nunca sofreu com incêndios, mas suas antigas sedes, na Vila Guilherme (TV Excelsior) e no Sumaré (TV Tupi) já foram atingidas anteriormente. Mas o canal de Silvio Santos teve perdas irreparáveis com as enchentes, que levavam milhões em equipamentos, mobiliário, fitas do acervo da emissora e do dono do Baú, dos tempos em que comprava horário na Globo e na Tupi.

Na sequência, vejam alguns registros desses momentos difíceis da história da nossa TV, e um "Globo Repórter Especial", com tudo sobre o incêndio de 1976.

Agradecimentos: www.tudosobretv.com.br e www.jovempan.com.br


Rescaldo dos bombeiros após incêndio na TV Cultura - 1986


Fogo no cenário do Jornal da Record -1998


Chamas destroem cenário de Xuxa Park na Globo - 2001


Globo Repórter Especial - 1976