
Os estudos técnicos e testes para implantação da nova tecnologia começaram pelo menos dez anos antes. A Tupi já fazia transmissões experimentais desde 1963. A TV Continental, canal 9 do Rio de Janeiro, já tinha construído seu transmissor colorido antes de 1972, mas faliu sem ver seu sinal transmitido em cores.
Mas por que Caxias do Sul, que nem é capital do Rio Grande do Sul, e a Festa da Uva foram escolhidas para a transmissão histórica, sendo que o polo de TV sempre foi no eixo Rio-São Paulo? Segundo o engenheiro Hebert Fiúza, em entrevista que consta no livro "Jornal Nacional - A Notícia Faz História"(Jorge Zahar Editor, 2004), o evento foi escolhido graças a influência do então Ministro das Comunicações, Higino Corsetti. De acordo com Fiúza, o ministro queria valorizar o principal evento da sua terra natal, coincidentemente a mesma do presidente da época, o general Emílio Garrastazu Médici. A filha de Higino, Mariana Corsetti, discorda da versão. Em depoimento transcrito na autobiografia de Walter Clark, "O Campeão de Audiência"(Best-Seller, 1991), Mariana conta que o evento escolhido foi o desfile de carnaval no Rio de Janeiro daquele ano, mas nenhuma emissora apresentou as condições técnicas necessárias. Como a Festa da Uva era na mesma época e a TV Difusora tinha a estrutura para realizar a cobertura em cores, o evento então entrou para a história e o Brasil esperou um pouco mais para ver o samba carioca colorido. A emissora contou com o apoio da TV Rio e da TV Globo, que enviou os atores Francisco Cuoco, Tônia Carrero e o locutor Heron Domingues.
Uma passagem lenta e gradual
Assim como a transição da TV analógica para o sistema digital, que vai ser concluída até 2016, levou muito tempo para que todas as emissoras transmitissem suas programações em cores. Os principais motivos eram o alto custo dos equipamentos e a baixa venda de aparelhos coloridos. As cores da Festa da Uva só puderam ser assistidas por 500 televisores importados. A venda da modernidade só começaria em março de 1972.
A TV Bandeirantes foi a primeira a ter todos os seus programas em cores. João Saad realizou tal proeza após um incêndio ter destruído sua emissora, restando apenas um caminhão de externa e uma câmera. Fora a Band, as estações privilegiavam o horário nobre com produções coloridas. A expressão "ao vivo e a cores" se popularizou nesta época, e ainda é lembrada pelo destaque que alguns programas tinham com essa frase na chamada.
Com o espetáculo "Mais cor em sua vida" (31/03/1972), a TV Tupi inaugurou suas transmissões em cores. A TV Gazeta colocou no ar o primeiro programa colorido, "Vida em Movimento", como contou sua apresentadora, Vida Alves, em entrevista exclusiva ao Loucura. No Plim-Plim, "Meu Primeiro Baile", episódio do semanal "Caso Especial" foi a primeira produção colorida da Globo, levada ao ar também no último dia de março de 1972. A novela "O Bem Amado", de Dias Gomes, foi lançada naquele mesmo ano, se tornando a primeira em cores.
A TV só passa a ser totalmente colorida no final da década de 1970. Outra revolução importante na tecnologia só aconteceu 35 anos depois, em 2 de dezembro 2007, quando um pool de emissoras transmitiu oficialmente o sinal digital. Curiosidade: inaugurada em 1961 por frades Capuchinhos, a TV Difusora foi comprada pela Band em 1979. Portanto, a Bandeirantes se proclama pioneira na transmissão e programação em cores no Brasil.
Acompanhe um trechinho da Festa da Uva, o começo do espetáculo "Mais cor em sua vida" e a abertura de "Meu Primeiro Baile" e "O Bem Amado". Veja também uma reportagem realizada pela Band RS, novo nome da TV Difusora, que relembra os 40 anos do evento histórico. Agradecimentos: EnioMarcioValle, 10desetembro, gilgrespan, MauroRVeiga, Band e cincomeiasete.blogspot.com
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