sábado, 27 de abril de 2013

ESPECIAL RECORD 60 - HUMOR PRESENTE HÁ 60 ANOS

Manoel de Nóbrega e Golias eternizaram a "Praça" no canal 7
Rir é sempre o melhor remédio, mas também é uma receita antiga na televisão brasileira. Nos 60 anos que a TV Record completa em 2013, muitos dos maiores nomes passaram pela emissora e deixaram sua marca registrada com muitas gargalhadas.

Humoristas do nível de Chico Anysio e Pagano Sobrinho já alegraram noites especiais do canal 7 paulistano. O pioneiro do stand-up brasileiro, José Vasconcellos também se apresentou nos palcos da estação. Mas alguns dos clássicos do humor televisivo nacional nasceram ou se consagraram na Record.

Enquanto hoje em dia todo mundo sai de baixo quando uma família muito unida e ouriçada aparece por aí, o público já rolou de rir, e muito, com a "Família Trapo". Com redação de Carlos Alberto de Nóbrega e Jô Soares, o humorístico tinha um elenco de feras: Otello Zeloni, Renata Fronzi, Ricardo Corte Real, Cidinha Campos, Jô Soares e Ronald Golias. O programa ia ao ar ao vivo, direto do Teatro Record, e fez tanto sucesso que várias personalidades participaram da atração. Até Pelé teve uma passagem pra lá de especial, sendo aluno de Golias.

A "Praça" não nasceu no canal 7, mas se consolidou por lá! Manoel de Nóbrega trouxe todo seu elenco e o banco mais famoso do Brasil. Entre os personagens mais famosos, estão a Velha Surda, o Homem de Itú, o Letrado, o mendigo Caro Colega, e muitos outros. Este programa também era escrito pelo atual apresentador da "Praça é Nossa" do SBT, assim como "Bronco Total", estrelado por Golias e Carlos Alberto de Nóbrega.

Dercy e Tom

Tom Cavalcanti ficou na Record de 2004 a 2011
Um programa que misturava música e humor era "Corte Rayol Show". Comandado pelo humorista Renato Corte Real e o cantor Aguinaldo Rayol, a atração era exibida às sextas-feiras, e fez muito sucesso nos dois anos em que esteve no ar. Enquanto um levava o público às lágrimas através da emoção da sua voz, o outro fazia a platéia chorar de rir.

Nem mesmo a primeira dama da comédia poderia faltar na trajetória brilhante da Record. Dercy Gonçalves fez uma paródia do clássico teatral "A Dama das Camélias" no centro da capital paulista, em 1982. Outro marco da nossa telinha que passou pela emissora da Barra Funda foi a "Escolinha do Barulho", trazendo  de volta à ativa figurinhas inesquecíveis do humor nacional.

Já que o formato de "sitcom" familiar nasceu na casa, a emissora lançou dois programas do gênero, nos anos 2000: "Família Record", que reunia todo o elenco da TV, e "Louca Família", com um grupo de atores e comediantes integrantes do "Show do Tom". Aliás, Tom Cavalcanti foi o último grande humorista a brilhar no canal. Este cearense fez muito sucesso com as paródias "Bofe de Elite" (Tropa de Elite), onde colocou o ator Alexandre Frota usando botas cor-de-rosa, "De Mais Pra Você" (Mais Você, da Globo) com Ana Maria Bela, "Ridículos" (Ídolos, da Record) e outros.

Curiosidades:

  • Jô Soares e Carlos Alberto escreviam juntos a "Família Trapo", mas separados. Após decidirem o tema central do programa, cada um ia pra sua casa e escrevia a metade exata do roteiro. Nunca houve nenhum problema;
  • A "Escolinha do Barulho" era uma produção independente, realizada em parceria com a GGP, empresa de Gugu Liberato, na época no SBT, hoje nos domingos da Record.


Após seis décadas de muitas risadas, o canal 7 paulistano tem muito o que comemorar, e gargalhar por seu sucesso. Mas ainda tem muita piada para ser contada. Por enquanto, vamos rever a participação de Pelé na "Família Trapo" e a "Dama das Camélias" de Dercy Gonçalves. Agradecimentos: 93Fr1, SpeedMerchants e TV Record.




sábado, 13 de abril de 2013

PROMESSA DE SUCESSO

Gravada em dois meses, "O Pagador de Promessas" teve
supervisão de Daniel Filho
Neste mês de Abril, uma minissérie de grande sucesso na telinha e na telona completa 25 anos de sua exibição pela Globo. "O Pagador de Promessas" tem autoria do dramaturgo Dias Gomes, com direção da cineasta Tizuka Yamasaki. A estreia aconteceu em 5 de Abril de 1988.A trama foi inspirada na peça, de mesmo autor, originalmente escrita em 1960.

Zé do Burro (José Mayer) vê seu burro Nicolau sofrer um grave acidente, e ficar entre a vida e a morte. Desesperado, faz uma promessa para Iansã (Santa Bárbara, na religião católica): se o burro ficasse bem,  carregaria uma cruz nas costas, desde a sua roça, no interior da Bahia, até a Igreja de Santa Bárbara, na capital do estado. Nicolau se salvou e começa a saga de Zé do Burro para pagar a promessa.

O posseiro não estava sozinho. Sua esposa, Rosa (Denise Milfont) o acompanhou durante toda a jornada. O padre Olavo (Walmor Chagas), responsável pela igreja da santa em Salvador, impede Zé de entrar no templo. O sacerdote alegava que a promessa fora realizada num terreiro de candomblé. Nem adiantou o homem dizer que era temente a Deus. O padre foi firme em sua decisão, mas Zé também era, e não iria embora sem cumprir o que havia prometido.

O bafafá se instalou. Zé do Burro ganha apoio popular, especialmente de membros do candomblé, que até começam a aclamá-lo como santo e mártir. Padre Olavo decide ouvir outras opiniões de colegas sacerdotes. Uns veem a atitude do pároco da Igreja de Santa Bárbara como um ato político, mas também havia quem criticasse o sincretismo religioso do marido de Rosa.

Censura impiedosa

 A minissérie teve locações em Monte Santo e Salvador, na Bahia 
O problema se arrasta até o dia da festa da padroeira do templo, em 4 de dezembro. Uma procissão é realizada e Zé vé aí a oportunidade de finalmente pagar sua promessa. A essa altura do campeonato até a polícia local já estava envolvida na história. O padre novamente impediu a entrada do peregrino. Em meio a toda essa confusão na porta da igreja, Zé é baleado e morre na escadaria. O povo comovido coloca o corpo em cima da cruz que ele carregou, e o leva para dentro da igreja.

Em 1988 a censura também foi tão dura quanto o sacerdote baiano da história. A princípio com 12 capítulos, "O Pagador de Promessas" teve 4  cortados pelos censores. A produção tratava de temas delicados como as lutas contra grandes latifundiários. O debate também se instalou dentro da Igreja, entre os padres conservadores e os padres progressistas, representados na telinha pelo padre Mário (Felipe Pinheiro).

Curiosidades:

  • A TV Globo já havia apresentado este texto antes como teleteatro, em 1974, dentro do "Fantástico";
  • A história ganhou fama graças a sua versão cinematográfica, realizada em 1962. Com direção de Anselmo Duarte, o filme que tem o mesmo título da peça teatral e da minissérie, ganhou a Palma de Ouro em Cannes naquele ano;
  • José Mayer sabia do projeto e queria estrelar a produção. Não teve dúvidas: ao encontrar com Dias Gomes na emissora ao telefone, interrompeu a ligação e tentou convencer o autor a lhe dar o papel. Diante da insistência do ator, o encaminhou para fazer um teste para o protagonista, e passou;
  • A minissérie foi o primeiro trabalho de Tizuka Yamasaki na televisão;
  • "O Pagador de Promessas" foi vendida para vários países, reapresentada em 1991 e em 1999, como homenagem ao seu autor, que falecera no mesmo ano. Está disponível em DVD desde 2010.
Vamos conferir a abertura deste sucesso da nossa TV! Fontes: Guia Ilustrado TV Globo - Novelas e Minisséries e Memória Globo. Agradecimentos: minisserietv e TV Globo.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

QUARENTA ANOS DE GRANDES REPORTAGENS

Chapellin apresenta o jornalístico há 16 anos consecutivos
Mais do que um programa, o "Globo Repórter" estabeleceu um padrão para a grande reportagem em televisão. O jornalístico completa hoje 40 anos no ar. A equipe da emissora queria mais liberdade para mostrar o Brasil aos brasileiros, diferente da visão militarista de "Amaral Neto Repórter".

Com a guerra do Vietnã acontecendo, o diretor Paulo Gil e seus profissionais resolveram produzir um documentário sobre o combate, utilizando apenas imagens fornecidas pela embaixada americana. O programa foi ao ar em 3 de abril de 1973, após passar pelo crivo dos censores da época. Mesmo assim, no dia seguinte, militares foram até a TV Globo questionar o documentário, que exibia imagens dos derrotados e abatidos soldados do "Tio Sam". Quem salvou a pele dos jornalistas foi o Marechal Odílio Denys que ligou para Roberto Marinho e pedia para que repetissem a atração. O militar queria que seus netos vestibulandos assistíssem ao programa para estarem prontos para a prova.

Um dos temas mais curiosos das primeiras edições foi o Odorico Paraguaçú da vida real. Teodorico Bezerra era dono de uma fazenda em Pernambuco. A propriedade foi transformada por ele em vila e "curral eleitoral". Os moradores viviam de graça, em troca de obediência cega a Teodorico. O coronel estabeleceu regras como a proibição de bebidas, danças, cigarro, jogo e a obrigação de votar nele. As "leis" eram anunciadas por alto-falantes no alto de todos os postes da fazenda, e estavam pintadas em todas as casas do local. A censura não barrou a exibição da reportagem.

Até o seu primeiro ano, os temas abordados eram produzidos em São Paulo e no Rio de Janeiro. Os documentários eram todos narrados por um único locutor. Em 1982 os repórteres e cinegrafistas, como testemunhas oculares da reportagem, passaram a conduzir as reportagens. José Hamilton Ribeiro, jornalista respeitado por todas as suas matérias realizadas na revista "Realidade", foi o primeiro a aparecer no "Globo Repórter".

Edições especiais

O jornalístico passou a contar também com a emoção do repórter diante do imprevisto. Em 1998 Rodrigo Vianna realizava uma reportagem sobre profissionais que se arriscavam em operações de salvamento. Seu cinegrafista José de Arimatéia registrava imagens de um experiente policial civil suspenso por um helicóptero, enquanto Vianna preparava seu texto para ler no ar. De repente o policial cai de uma altura equivalente a um prédio de dez andares. A câmera gravou a queda e a reação espantada do repórter. A matéria foi ao ar, sem mostrar o impacto no chão.

"Globo Repórter" viaja pelo Brasil e o mundo a fora, em busca de histórias e curiosidades inteeressantes. O jornalístico também apresentou furos, como a denúncia da ex-primeira dama do município de São Paulo Nicéa Pitta. Na entrevista concedida a Chico Pinheiro, a ex-esposa do então prefeito Celso Pitta declarou que o antigo companheiro comprou vereadores para "abafar" um processo de impeachment, além de dar vantagens para determinadas empresas em licitações públicas.

O programa nem sempre é exibido em rede nacional. Em ocasiões especiais, a Globo abre espaço para que as afiliadas apresentem edições especiais, como nos casos das comemorações dos aniversários da RPC-TV do Paraná, e da RBS-TV no Rio Grande do Sul. Embora ultimamente o jornalistico tenha dado muita ênfase a temas que envolvam saúde ou natureza, "Globo Repórter" se tornou uma referência, sendo copiado pelas emissoras concorrentes.

Curiosidades:
  • Inspirado no programa "60 Minutes", da americana CBS, o jornalístico começou seguindo o modelo de "Globo Shell Especial";
  • A primeira edição foi apresentada por Sérgio Chapellin. Outros apresentadores passaram por lá, como Eliakim Araújo e Celso Freitas;
  • "Globo Repórter" era um programa mensal, e já foi apresentado às terças e quintas-feiras;
  • "Freedom of expression", de J.B. Pickers é a canção usada como tema de abertura;
  • O programa ficou fora do ar por cinco meses em 1981, e seis meses em 1982, devido a outros eventos comprados pela Globo, como a Copa do Mundo.
Vamos rever algumas das aberturas deste programa. Fontes: Almanaque da TV Globo, Almanaque da TV, g1.com/globoreporter. Agradecimentos: Agentev12 e TV Globo.