quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

AS GÊMEAS DE TUPI E GLOBO

Eva Wilma, Carlos Zara e a dublê da atriz em 1973
Uma das obras primas da novelista Ivani Ribeiro terá dupla comemoração neste ano: "Mulheres de Areia". A trama estreou originalmente em 26 de março de 1973, pela Rede Tupi de Televisão. Vinte anos depois, a Globo produz um remake, com elementos da novela "O Espantalho"(TV Record, 1977), escrita pela mesma autora. O primeiro capítulo da nova versão foi ao ar em 1º de fevereiro de 1993, com Glória Pires interpretando as gêmeas Ruth e Raquel. As irmãs litorâneas foram vividas por Eva Wilma nos anos 1970.

Duas mulheres lindas, de aparência absolutamente idêntica mas de personalidades totalmente contrárias, e um só amor: o empresário Marcos Assunção (Carlos Zara na Tupi, e Guilherme Fontes na Globo). Enquanto Ruth é doce, amável, compreensiva e ama de verdade o jovem milionário, Raquel é fria, má, egoísta e é realmente apaixonada pelo dinheiro do rapaz. A ambiciosa moça enfrenta tudo e todos, inclusive sua bondosa irmã e o pai de Marcos, o prepotente Virgílio Assunção (Em 1973 Cláudio Correa e Castro e em 1993 Raul Cortez).

Guilherme Fontes e Glória Pires estrelaram versão de 1993
As gêmeas sofrem um acidente em alto mar, e Raquel é dada como morta. Ruth ocupa seu lugar para não ver jovem viúvo triste pela morte da esposa, já que acreditava que Marcos de fato gostava da vilã, e também desfrutar um pouco do seu amor. Mas a gêmea má está mais viva do que nunca, e quer vingança contra todos que estiverem no seu caminho, principalmente sua irmã, a usurpadora (calma, ainda estamos tratando de Ivani Ribeiro)!!!


"Rutinha" ganha prêmio

Marcos Frota viveu o escultor apaixonado



Merece destaque o personagem Tonho da Lua, um rapaz com deficiência mental, que tinha duas paixões na vida: esculpir mulheres na areia da praia e sua protetora Ruth, que o defendia de Raquel. Quem deu vida ao Tonho da primeira versão foi Gianfrancesco Guarnieri. O ator Marcos Frota interpretou o escultor nos anos 1990. No final da história, mesmo com as tentativas da gêmea materialista de separar sua irmã de Marcos, o casal termina junto, e a víbora morre num acidente de carro. Vaso ruim é difícil de quebrar, mas quebra!!!

Tanto Eva quanto Glória tiveram que trabalhar pelo menos 4 vezes a mais do que qualquer ator na novela. Elas viveram as gêmeas, Ruth se passando por Raquel e vice-versa! Quando as irmãs apareciam juntas, suas cenas eram sempre mais complicadas e demoradas para gravar. Em 1973, a técnica era o cartão. Com a câmera travada, tapava-se com um cartão preto metade da lente, e gravava somente um lado da cena, com apenas uma personagem. Depois cobria-se o lado contrário da lente, para captar a outra protagonista. O trabalho maior era do editor de VT para montar a cena completa. A tecnologia ajudou um pouquinho, na versão global. Glória gravava usando uma tela azul de fundo que, na edição, era substituída pela sua imagem gravada antes. É o chamado Chroma key (cor chave), técnica muito usada em TV pela previsão do tempo dos telejornais.

Curiosidades:

  • As duas artistas que protagonizaram "Mulheres de Areia" ganharam, entre outros, o Troféu Imprensa de melhor atriz. Em 1973, Regina Duarte foi eleita pela votação dos jornalista pelo papel de Cecília em "Carinhoso" (TV Globo, 1973), mas deu seu prêmio para Eva Wilma como reconhecimento pelo trabalho pioneiro na TV;
  • A trilha sonora da novela da Tupi foi um sucesso de vendas, porém os temas de alguns  personagens como Alaor e Raquel (cantado por Elis Regina) não foram incluídos no disco;
  • Infelizmente restaram poucos capítulos completos do folhetim de 1973. Dos 253 produzidos pela emissora associada, 21 se encontram na Cinemateca Brasileira;
  • A história de Ivani Ribeiro rompeu fronteiras, e foi sucesso até na Rússia! Quando chegou a  eleição de lá, para impedir que as pessoas viajassem no dia do pleito, um feriado, o governo russo programou a exibição do último capítulo da trama para o dia da votação;
  • O remake global foi reapresentado duas vezes, em 1996 e 2011.
  • Em cenas onde Ruth e Raquel contracenavam, Glória gravava primeiro como Ruth. O profissionalismo e atenção da atriz foram fundamentais para uma continuidade e edição perfeitas das cenas.
Vamos conferir a primeira abertura, cenas da primeira versão, a abertura da Globo e cenas da produção de 1993. Agradecimentos: Victor Santos, Marcio Uchôa, Elizeubonitao, e TV Globo.








domingo, 27 de janeiro de 2013

ESPECIAL RECORD 60 - OS SÍMBOLOS DE UMA HISTÓRIA

Logotipo da emissora em 2012
Este é um ano muito importante para a televisão brasileira. A TV Record, a mais antiga emissora em atividade, completa 60 anos de inauguração. Para celebrar a data, o blog Loucura por TeVer vai relembrar momentos marcantes do canal 7 paulistano, sempre no dia 27 de cada mês, até o dia do aniversário, em setembro.

Como toda empresa, todo produto, e até mesmo todas as pessoas, o visual de uma emissora deve acompanhar as tendências de moda, além de transmitir a sua mensagem para o público. Uma das maneiras de se alcançar isto é através de seu logotipo, ou símbolo como muitos preferem chamar. E a Record teve vários


1953
O primeiro deles é de 1953, ano da fundação. Era simplesmente uma rosa dos ventos, ao fundo da sigla TV, e com o nome da emissora abaixo. Há uma outra versão deste logotipo, mas com o número 7 embaixo, sem a palavra RECORD. Vale lembrar que naquela época, as estações de televisão eram mais conhecidas pelos telespectadores pelos números de seus canais do que por seus "nomes de batismo". Em 1960, comemorando 7 anos, seus diretores lançaram um logo comemorativo. De certa forma, isso é uma tradição da Record, já que outros logos especiais foram criados ao longo de sua história.

O Logo e os loucos anos 1970

Logos de 1970 e 1971
A marca é totalmente transformada, valorizando o 7, canal da emissora na capital paulista, já em 1970. Em 1971 foi criado o conceito visual que acompanharia a Record por quase toda a década. O logo "Record 7", com o número do canal dentro da letra O, surgiu ainda em preto e branco.

1972
Um ano após, passou a ter o desenho da torre transmissora, localizada na Avenida Paulista até hoje.


1973
A televisão brasileira ganha cores em 1972, e o logo da Record também, nas letras C, O e R, em azul, vermelho e verde (nesta ordem), o famoso RGB (red-vermelho, green-verde e blue-azul) necessários para formar a imagem colorida da TV.


Símbolos de 1975 e 1976
Dois anos depois, o tigrinho, que antes era apenas um mascote da emissora, se tornou símbolo do canal. Em 1976, a marca voltou a ter a sigla TV no nome, e ganhou um "sol" estilizado.

A marca da Record aos 30 anos

1980
1985
Os anos 1980 chegam , e a Record transforma seu logo, adotando um arco íris acima do nome da emissora. No ano de 1985 o dourado predominou no novo símbolo do canal, um losângo arredondado, formado por quatro prismas.

 Nova gestão, novo símbolo

1990
A Record inicia a década de 1990 com muitas novidades. Seu logotipo não poderia ficar de fora. Três "faixas", nas cores do RGB, em volta de uma esfera azulada, representando o mundo, é o conceito de marca mais antigo da emissora, com 23 anos. O nome "Rede Record" entrou no logo nesta época, e foi usado até 2003.

1993

Desde então, os designers do canal apenas modernizam o símbolo com o passar do tempo. Em 1993 surge a versão prateada.

Uma nova Record

1995
2003
De 1995 até 2003 a cor dourada prevalece novamente na marca, quando a esfera central passa a ser o globo terrestre mesmo. O símbolo acompanhava o slogan da emissora na época: "A TV que todo mundo pode ver". Também marca o nascimento da Record Internacional.

2007
Em 2007, ano de lançamento da TV digital no Brasil, as "faixas" ganham cores mais uniformes, o globo passa a ser azul e ganha destaque apenas a América do Sul.

No ano passado aconteceu a mais recente evolução no logotipo. O lançamento foi ao ar no dia 26 de fevereiro, no programa "Domingo Espetacular". A marca se tornou redonda, mantendo o conceito criado em 1990. A estreia foi muito divulgada pela Record. Vale a pena conferir a reportagem exibida pela revista eletrônica. Fontes: Mundo iD, rederecord.com.br . Agradecimentos: TV Record.

Curiosidade:

  • O canal 7 da rede de televisão americana ABC possui um logo muito semelhante ao usado pela Record de 1971 a 1980.


quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

ODORICO: QUATRO DÉCADAS DO MAIS AMADO

O personagem mais famoso de Paulo Gracindo
Nunca o Brasil foi tão bem representado na televisão. Hoje, a estreia da novela "O Bem Amado" (TV Globo) completa 40 anos. Uma das mais lembradas obras do dramaturgo Dias Gomes.

Inspirada na peça "Odorico, o Bem Amado ou Os Mistérios do Amor e da Morte" (1962), escrita pelo mesmo novelista e censurada pelo regime militar, a trama global das 22h era ambientada na fictícia Sucupira. Esse município baiano refletia a nação brasileira que os militares queriam esconder.

O folhetim fugiu da estrutura clássica, cuja história principal é o amor impossível de um jovem casal. Seu protagonista era o prefeito da cidade do litoral da Bahia, Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo). Demagogo, populista e corrupto, o político amado pela população chegou ao poder prometendo a construção de um cemitério. Os moradores de Sucupira tinham que enterrar seus mortos no município vizinho.

Ao tomar posse e cumprir sua principal meta de campanha, começa a espera do prefeito pelo primeiro defunto que vai inaugurar a obra. Mas ninguém na cidade morre, nem mesmo um suicida famoso no local topou estrear sua cova. Para não perder a popularidade entre seus eleitores, Odorico resolve contratar o matador Zeca Diabo (Lima Duarte) para dar fim à vida de alguém. O problema é que o assassino redimiu-se, e não comete mais crimes.

Os tipos de Sucupira

As Cajazeira: solteironas e "moralistas"
Não podemos esquecer de figuras antológicas desta novela, como o puxa-saco oficial e secretário do prefeito, Dirceu Borboleta (Emiliano Queiroz), as irmãs Cajazeira Doroteia (Ida Gomes), Dulcineia (Dorinha Durval) e Judiceia (Dirce Migliaccio), o pescador Zelão das Asas (Milton Gonçalves) empenhado em construir suas próprias asas para voar, o jornalista Neco Pedreira (Carlos Eduardo Dolabella) que fazia oposição ao prefeito em seu jornal "A Trombeta", e muitos outros.

Odorico era mulherengo, e todas as noites aparecia na casa das solteironas Cajazeira para tomar um famoso "licor de Jenipapo". As irmãs, defensoras públicas da moral e dos bons costumes da cidade, não resistiam às investidas do assanhado político.

O secretário colecionador de borboletas
Mesmo em tempos de censura, Dias Gomes sempre criticou a política brasileira, e nunca deixou de falar em atualidades. Durante a exibição de "O Bem Amado", explodiu na imprensa mundial o caso Watergate, um esquema de espionagem que derrubou o então presidente dos EUA, Richard Nixon. O prefeito baiano também protagonizou caso semelhante, o "Sucupiragate". Paraguaçu foi acusado de instalar microfones ocultos no confessionário da igreja para descobrir as intimidades dos moradores da cidade. A armação foi denunciada por Dirceu Borboleta, que colhendo as confissões descobriu que Odorico era o verdadeiro pai de seu filho com Dulcineia, sua esposa.

O "inauguramento" do cemitério

O figurino de Zeca foi criado
pelo ator
O brilhantismo de Paulo Gracindo não se resume apenas a "dar corpo" ao personagem. São de sua autoria alguns dos eufemismos, neologismos e outras barbaridades gramaticais, ditas pelo prefeito falastrão: "Pra frentemente, pra trasmente", "deverasmente", "a imprensa escrita, falada e televisada", e o clássico "botando de lado os entretantos e partindo pros finalmentes".

Quem inaugura o cemitério é o próprio Odorico, já no final da trama, assassinado por Zeca Diabo. O matador descobre que foi ele o responsável por uma falsa acusação que o levou para a cadeia. "O Bem Amado", além de ser a primeira novela colorida da TV brasileira, também marca o começo da exportação de novelas para outros países. Até então, apenas os textos eram vendidos para emissoras estrangeiras. O folhetim de Dias Gomes foi exibido em quase toda a América Latina, Estados Unidos e Portugal. Foram 30 países que acompanharam o dia a dia de Sucupira.

Curiosidades:

  • Tecnologia nova para os técnicos da Globo, os profissionais enfrentaram diversos problemas com as câmeras em cores. Em certa cena, Ida Gomes teve que maquiar suas pernas muito brancas, para não "saturar" a imagem. Emiliano Queiroz não pode usar seus óculos, devido ao reflexo de suas lentes. Os cenários, figurinos e até mesmo cabelos de alguns atores, abusavam dos tons mais fortes, mas havia certo contraste com cores mais suaves;
  • As gravações externas eram realizadas em Sepetiba, zona oeste do Rio. Os atores eram levados de ônibus do Jardim Botânico, onde fica a sede da emissora, até a locação. Lá foi alugada uma casa que servia de camarim para o elenco;
  • A trilha sonora nacional da trama foi composta especialmente para a novela, por Toquinho e Vinicius de Moraes. O tema de abertura original era "Paiol de Pólvora", mas foi proibido pelos militares por causa do verso "Estamos sentados em um paiol de pólvora".
  • Comunista declarado, Dias Gomes era considerado subversivo pela ditadura da época, portanto uma "carta marcada" pela Censura Federal. A história de Odorico Paraguaçu teve 37 dos seus 178 capítulos proibidos de ir ao ar na íntegra. As palavras "coronel" e "capitão" foram cortadas. Em reportagem ao UOL, o doutor em teledramaturgia brasileira e latino-americana pela USP, Mauro Alencar, contou que o capítulo 115, por exemplo, teve 14 páginas inteiramente censuradas. Um capítulo de novela tem aproximadamente entre 22 e 32 páginas;
  • A emissora realizou um compacto da novela em 1977, para ganhar tempo, já que "Despedida de Casado", de Walter Jorge Durst, foi vetada pelos militares. Entre 1980 e 1984, "O Bem Amado" voltou à telinha da Globo como uma série. Para isso, foi necessário que Odorico ressuscitasse do descanso eterno;
  • Em 2010, Sucupira foi para a telona, com Marco Nanini na pele do inesquecível prefeito e José Wilker como o matador arrependido. No ano passado, a Globo Marcas lançou um box com 10 DVDs, contendo quase 36 horas remasterizadas da novela de 1973, além de extras com entrevistas exclusivas.
Vamos conferir uma cena de um dos famosos e inflamados discursos de Odorico, e a abertura da novela. Fontes: Memória Globo, Guia Ilustrado TV Globo e UOL. Agradecimentos: Emanunes, Lucio Enrique e TV Globo.



sábado, 19 de janeiro de 2013

O BEIJINHO BEIJINHO, TCHAU TCHAU DO XOU

Há 20 anos saía do ar o infantil "Xou da Xuxa"
Tudo tem um começo, meio e fim. Com "Xou da Xuxa", na TV Globo, não foi diferente. Em 31 de dezembro de 1992 a nave Xuxa fez sua última viagem nas manhãs globais. Vamos entender o que aconteceu.

A fórmula lançada em 1986 foi copiada em diversas emissoras do Brasil, e da América Latina. A apresentadora e sua empresária na época, Marlene Mattos, viram uma oportunidade de fazer uma carreira internacional. Após as apresentações na OTI (1989) em Miami, EUA, e no festival de Viña del Mar (1990) no Chile, Xuxa recebeu vários convites para levar o "Xou" para "los bajitos". A loira aceitou o convite da argentina Telefe. "El Show de Xuxa" estreou em 1991, e era retransmitido para 16 países da América Latina.

Em 1992, além do programa argentino, a apresentadora também conduzia o "Xuxa Park", na Espanha. O trabalho iria aumentar a partir do ano seguinte, pois a Rainha iria comandar o "Xuxa" nos Estados Unidos. O ritmo da carreira e o desgaste da fórmula, que se multiplicou pela concorrência, fizeram a apresentadora colocar um ponto final na trajetória do "Xou". A princípio o diretor geral da Globo na época, o Boni, não queria, mas aceitou o pedido. Xuxa passaria a comandar uma atração para toda a família, mas semanalmente.

Contudo o "Xou da Xuxa" não iria acabar sem um especial à altura. No último dia de exibição, Xuxa recebeu as primeiras Paquitas (Andreia Veiga, Andreia Faria, Letícia Spiller e Tatiana Maranhão), recordou os melhores momentos dos seis anos e meio do programa e se emocionou muito ao apresentar pela última vez um musical: Trem da Alegria, que foi a primeira atração na estreia em 1986. O grupo também encerrou a carreira em 1992, no palco do infantil.

Lágrimas rolaram no Fênix

Andreia Veiga, Patricia Marx, Angel e Simony prepararam uma surpresa e cantaram "Não diga adeus", já que diziam na época que a Rainha dos Baixinhos abandonaria seus súditos brasileirinhos. Mas as emoções não pararam por aí. A produção chamou o apresentador J. Silvestre para fazer com Xuxa o programa "Esta é a Sua Vida". Toda a família e amigos da artista compareceram, inclusive seu pai, com quem não falava há cinco anos.

A apresentadora encerrou o programa cantando "Sobreviveremos" e, pela última vez, subiu na nave que povoou o imaginário infantil. O chororô geral tomou conta do Teatro Fênix, e assim também foi na Argentina, em 1993. "Xou da Xuxa" marcou uma geração, que até hoje se lembra de diversos elementos que compunham a atração.

Curiosidades:

  • A música "Amiguinha Xuxa" foi a única executada durante toda existência do "Xou", pelo menos uma vez, além do tema de abertura; 
  • O programa teve exatamente 2000 apresentações. Xuxa cantou no programa nº 1000 que queria descer da nave mais mil vezes.


Te convido para rever a última descida da nave, a homenagem do quarteto de cantoras e a música "Sobreviveremos"

Agradecimentos: sthofen, TajoPezzini, siteworldx e Divulgação/TV Globo





domingo, 13 de janeiro de 2013

DUAS DÉCADAS DE DOMINGO LEGAL

Chegou a hora de fazer uma grande festa! O "Domingo Legal" completa 20 anos no ar, em 2013. Uma data histórica para o dominical e para o SBT. É um dos programas mais duradouros da emissora, ficando atrás apenas de "Hebe" (24 anos), "A Praça é Nossa" (25 anos) e do "Programa Silvio Santos" (32 anos).

O semanal estreou em 17 de janeiro de 1993, como um dos quadros do domingão do patrão. Era mais uma tentativa de Gugu Liberato de se firmar no dia mais importante da televisão brasileira. O loirinho já havia apresentado várias atrações como "Corrida Maluca", "Passa ou Repassa" e "TV Animal". O novo programa estreou em pleno verão, inspirado no modelo de sucesso do "Viva a Noite".

Seu começo foi muito parecido com seu irmão dos Sábados à noite. Vários concursos e atrações musicais recheavam o dominical. Pouco tempo depois, Gugu retomou a disputa entre artistas "Eles e Elas", com provas conhecidas como "prova do tato", "prova do desenho", "o que é, o que é", entre outras.

Gugu ao vivo

Antes de agosto de 94, Gugu também tinha o "Passa ou Repassa"
A grande virada aconteceu a partir de 1994. Em 1º de maio, o piloto Ayrton Senna morreu no autódromo de Ímola, na Itália. Enquanto a Globo tinha programas ao vivo para repercutir o assunto, o SBT estava com toda sua programação gravada. A direção da emissora decidiu que Gugu Liberato passaria a comandar o "Domingo Legal" ao vivo, ao meio-dia, em 21 de agosto daquele ano. A decisão deu certo, e aumentou a audiência.

A atração passou a produzir gincanas externas nas imediações do Teatro Silvio Santos, com a participação do público, e o "Helicóptero do Gugu", que começou distribuindo prêmios, em vários locais do Brasil. O helicóptero foi útil também para inserir o jornalismo no "Domingo Legal". Sua principal cobertura foi o acidente fatal do conjunto "Mamonas Assassinas", em 2 de março de 1996. O programa foi líder de audiência durante toda sua exibição.

A busca incansável e desmedida por audiência

Primeira visita da cantora mexicana ao programa dominical
Em 1997, a emissora de Silvio Santos muda o programa de horário. Exibido às 16h, Gugu passou a enfrentar diretamente o "Domingão do Faustão", o líder do horário na Rede Globo. Começou aí a guerra dos domingos entre Globo e SBT. "Domingo Legal" foi vitorioso em muitos dias, até 2002. Os concorrentes protagonizaram cenas lamentáveis na busca pelo IBOPE, como o sushi erótico de Faustão, e os "lobisomens" de Gugu.

Com esse pensamento, e investindo principalmente em jornalismo, o apresentador se envolveu numa falsa entrevista com supostos membros de uma facção criminosa de São Paulo. Os "bandidos" fizeram ameaças a algumas personalidades, como padre Marcelo Rossi, o então vice-prefeito da capital paulista Hélio Bicudo, e apresentadores como José Luiz Datena. O ministério público investigou a entrevista e julgou tratar-se de uma farsa. Gugu e a emissora foram processados e condenados. O programa deixou de ser exibido por um domingo.

A segunda virada

Até assumir o dominical, Celso estava disposto a deixar o SBT
Desde 2003, a atração voltou a apostar mais em entretenimento, com musicais e brincadeiras com o público. Muitos artistas nacionais e internacionais passaram pelo palco do programa nestes 20 anos. Destaque para Shakira, Ricky Martín e a chegada hollywoodiana de Thalía, com direito a limousine e tudo. Um dos grandes sucessos recentes do "Domingo Legal" é o quadro "Construindo um Sonho", que reforma a casa dos telespectadores sorteados.

Em 12 de março de 2009, o dominical passa por uma grande mudança. Gugu Liberato troca de emissora, após 28 anos de SBT e 35 anos de Grupo Silvio Santos. Celso Portiolli, com 16 anos no canal 4 paulistano, comandando a "Sessão Premiada", assume o programa e transforma o "Domingo Legal", voltando às suas origens, com brincadeiras, concursos e prêmios para os telespectadores. A "Piscina Maluca" e o game "Meu pai é melhor que o seu pai" são dois dos muitos sucessos desta nova fase. O programa voltou ao horário do almoço, e hoje é um dos maiores faturamentos da emissora.

Curiosidades:
  • Antes de entrar no ar, "Domingo Legal" foi totalmente planejado pela equipe de produtores e diretores da época, liderados por Homero Salles, atual diretor do Gugu na Record, e Roberto Manzoni, diretor do programa até hoje;
  • O "Magrão" Roberto Manzoni se afastou da atração por alguns meses, em 2002. Coincidentemente foi nesta época que aconteceu a "entrevista" polêmica com os "integrantes" do grupo que atua dentro e fora dos presídios paulistas;
  • O que hoje vemos nas telas de programas globais como "Vídeo Show" e recentemente o "The Voice Brasil" já existia no SBT. O "Domingo Legal" foi o primeiro programa de auditório a ter a participação do público pela internet, com as mensagens on-line exibidas no vídeo. O recurso começou a ser usado em 1996;
  • Os quadros mais conhecidos da atração são "Taxi do Gugu", "Banheira do Gugu", "De Volta para Minha Terra", "Telegrama Legal" e "Construindo um Sonho";
  • A primeira vítima do "Bom Dia Legal", quadro que acordava famosos, foi seu conhecido algoz: Otávio Mesquita foi acordado por Zezé di Camargo, na ocasião do seu aniversário. A brincadeira foi ao ar no programa "Perfil", e reapresentada pelo Gugu. O troco foi ao ar na semana seguinte e fez tanto sucesso, que pernaceu no ar por cinco anos. A brincadeira também foi comandada pela dupla Rodolfo e ET;
  • Homero Salles queria ter um vídeo wall no programa, um telão composto por várias telas de TV. Silvio Santos e Luciano Callegari, superintendente artístico e operacional da época,  sempre lhe negaram, por ser um equipamento muito caro. Certa vez, numa viagem ao Japão, ele e Gugu trouxeram um pequeno equipamento que poderia reproduzir em um Chroma key, uma grande tela de uma cor só, a simulação de um vídeo wall. Quando "inaugurou" o equipamento, com o telão montado no auditório, Silvio e Luciano realmente acreditaram que algum diretor havia aprovado a compra daquilo. Esse telão fez parte do auditório de 1996 a 1999, mas em 1998, no Complexo Anhanguera, o "Domingo Legal" já tinha um video wall de verdade. Confira esta e outras histórias do diretor no site Tudo Sobre TV clicando aqui.
  • Quando a saída de Gugu foi confirmada, iniciou-se uma campanha maciça no Twitter para que Celso Portiolli assumisse a atração. Às vésperas de renovar seu contrato, e longe dos auditórios há alguns anos, Celso estava decidido a sair do SBT, assim como não acreditava na partida do primeiro apresentador do "Domingo Legal". Ao se reunir com Silvio Santos, já com Gugu fora do elenco da emissora, Portiolli ouviu do patrão: "essa é a grande oportunidade de sua carreira". O programa possui uma das melhores equipes de produtores da casa.  
Vamos conferir as aberturas do programa, que mostram as mudanças no visual do "Domingo Legal" e de seus apresentadores. Dentre os vídeos você pode assistir um dos últimos programas comandados por Gugu, que na ocasião já estava contratado pela Record, e a estreia de Celso no dominical. Agradecimentos: Portal SBTista, Central de Notícias, Guilherme Guidorizzi, hkuniochi, costelinha12, tedcontatoss, Vitor Soares, rededetelevisão, kassiocdd, Elienlton Lopes, SBTonline, e SBT.



















sábado, 5 de janeiro de 2013

A TV DO APARTAMENTO AO LADO

Anúncio da nova emissora de 1952
Em 2012, o canal 5 de São Paulo completou 60 anos de atividade. É a sintonia a mais tempo no ar na capital paulista, uma das mais antigas do Brasil. Esta frequência abrigou duas emissoras: a TV Paulista e a TV Globo. Vamos saber um pouco mais sobre a primeira.

A segunda estação de televisão paulistana tinha sua sede no edifício Liége, na Rua da Consolação. Era a menor emissora do país, com seus estúdios montados na garagem daquele prédio. Os programas tinham que ser pensados sem grandes movimentos de câmera, por causa do espaço apertadinho. Grandes espetáculos? Nem pensar!!! Para se ter uma ideia de como eram poucos os recursos, o programa inaugural foi a telenovela "Helena", baseada na obra de Machado de Assis. No elenco, Paulo Goulart, Vera Nunes e Hélio Souto. Para economizar com o figurino de época, a trama de 1850 avançou cem anos, e foi ambientada nos anos 1950.

Os primeiros proprietários da TV Paulista eram empresários liderados por Luiz Fonseca de Souza Meirelles e Nestor Bressane Filho. Eles queriam inaugurar a TV antes da Tupi de Chateaubrind, mas problemas alfandegários no porto de Santos, e outros contratempos, atrasaram a estreia. Essas dificuldades acompanhariam o canal até 1954, quando Victor Costa assume a emissora.

O novo dono também era proprietário da Rádio Nacional de São Paulo, a maior força radiofônica da época. Montou um elenco estrelar, com Walter Forster, Álvaro Moya, Hebe Camargo, Manoel de Nóbrega, e muitos outros, além de transferir as instalações para a Rua das Palmeiras, onde a rádio já estava operando. No novo endereço, passou a contar com dois estúdios de verdade: um com palco giratório e piscina e outro com auditório.

A chegada de Roberto Marinho

Hebe em "Calouros Toddy", um de seus cinco programas no canal
Merecem destaque nesta época os programas "Hit Parade", com os maiores nomes da música brasileira, "O Mundo é das Mulheres", primeiro programa feminino da TV com a participação de Hebe Camargo,  "Praça da Alegria" criada por Manoel de Nóbrega, e "Bate Papo com Silveira Sampaio". O jornalismo estava representado com o "Mappin Movietone", com muitas notícias apenas lidas, sem imagens externas. Foi este telejornal inovou ao lançar três apresentadores para o seu noticiário. As novelas e as peças do "Teledrama" também fizeram parte da programação. Para as crianças, existia o "Circo do Arrelia" e a sessão "Zás Trás", um grande sucesso repleto de desenhos animados.

A nova década começa com as concorrentes crescendo e renovando seus equipamentos, e o falecimento de seu proprietário em 1960. A TV Paulista, ainda com dívidas, não consegue acompanhar a evolução tecnológica. Embora ainda invista em novas atrações, como "Vamos Brincar de Forca", atração na qual Silvio Santos se lançou como animador, os herdeiros de Victor Costa decidem vender a emissora para Roberto Marinho. Em 1966, o canal passou a produzir programas também para a recém inaugurada TV Globo, canal 4 do Rio de Janeiro.

Em 1968 um incêndio nos estúdios da Rua das Palmeiras destruiu a emissora, forçando a direção da Globo a buscar uma nova sede, na Praça Marechal Deodoro. Aliado a isso, o plano de montagem de uma rede de televisão sepultou a produção paulista, centralizando toda a programação no Rio. O canal 5 passou a se chamar TV Globo  - São Paulo, exibindo em rede os programas da matriz carioca e produzindo apenas telejornais locais. Isso mudou no final dos anos 1990, quando Serginho Groisman, Jô Soares e Ana Maria Braga passaram a conduzir seus programas direto dos modernos estúdios da Berrini. Os telejornais "Hoje" e "Jornal da Globo" também passaram a ser produzidos e apresentados direto da capital paulista.

Curiosidades:

  • O "Circo do Arrelia" foi o primeiro circo eletrônico da telinha;
  • Hebe comandou ao todo cinco programas semanais na TV Paulista;
  • A ideia do dominical "Programa Silvio Santos" foi de Victor Costa, que queria ocupar o horário vago com uma atrção com brincadeiras e prêmios;
  • A primeira novela da história da Globo era produzida pela TV Paulista: "Ilusões Perdidas";
  • Após 1968, o único programa produzido e transmitido pela Globo, direto da capital paulista, era o "Programa Silvio Santos". Nos anos 1980, os programas "TV Mulher" e "Balão Mágico" eram gravados nos estúdios da Marechal Deodoro;
  • Recentemente a TV Record tornou pública as investigações sobre a venda do canal 5 para Roberto Marinho. A família Ortiz Monteiro, herdeiros de um dos empresários que possuíam a TV antes de Victor Costa, queixava-se de irregularidades nos documentos de aquisição, e queriam assumir o controle da Globo-SP. Após julgamento, os Marinho foram julgados inocentes das acusações;
  • A única lembrança da TV Paulista presente na programação da Globo é a sessão de filmes "Corujão". A antiga sessão "Coruja" foi mantida na grade, e está no ar desde os anos 1960, portanto a mais antiga da TV brasileira.
  • Atualmente, o antigo prédio da TV, na Rua das Palmeiras, serve de estacionamento para os funcionários da Rádio Globo-SP, a antiga Nacional, também comprada por Marinho junto com a televisão.
Agradecimentos: horarionobre.tv.br, arquiamigos.org.br.